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1 de out. de 2011

Vale (ex-Cia. Vale do Rio Doce/CVRD)

          Num caso notório, o norte-americano Percival Farquhar, lutou durante mais de 2 décadas para levantar uma mineração em Minas Gerais. Sua ideia era simples: produzir e exportar minério de ferro. Para o então governador de Minas e futuro presidente Arthur Bernardes, a lógica era absurda, e Farquhar deveria, como compensação, construir uma siderúrgica no estado.
          Dito e feito, Percival se propôs a construir uma siderúrgica não apenas para o minério de ferro, como também uma siderúrgica para produzir coque de cobre, ferrovias e um porto no Espírito Santo. Tudo isso quase duas décadas antes de barganharmos com americanos uma siderúrgica nacional em Volta Redonda. Nada disso porém foi pra frente. O Tribunal de Contas da União barrou a decisão, e mandou o congresso avaliá-la. Por oito anos, a decisão ficou parada no congresso, só sendo definida em 1928.
          Com a crise do ano seguinte, e vendo que sua concessão acabaria oficialmente em 1931, o projeto naufragou. E só seria reativado quase 15 anos mais tarde, dando origem à Vale do Rio Doce, estatal que deveria executar exatamente o mesmo projeto feito pela iniciativa privada 32 anos antes.
          A Companhia Vale do Rio Doce - CVRD foi fundada em 1 de junho de 1942, pelo presidente Getúlio Vargas em Itabira, Minas Gerais, em pleno andamento da Segunda Guerra Mundial. O motivo pelo qual aquele local foi escolhido é óbvio: ali se localizavam as maiores reservas de minério de ferro do Brasil.
          Em 1961, o jovem engenheiro formado pela universidade do Paraná, Eliezer Batista, assumiu a presidência da Companhia Vale do Rio Doce a convite do presidente Jânio Quadros. Começava ali a administração daquele que é considerado o grande responsável por transformar a mineradora em uma das maiores empresas do mundo no setor. Nascido na cidade mineira de Nova Era, em 1924, apostou na demanda das siderúrgicas japonesas pelo minério de ferro brasileiro na década de 1960.
          Com sua visão empresarial, uniu o útil ao agradável ao criar uma forma de exportar o minério produzido pela empresa brasileira ao Japão a preços competitivos como as mineradoras australianas, utilizando exportações a partir do porto de Tubarão no Espírito Santo. Para tanto, realizou mais de 170 visitas ao país asiático para fechar os acordos necessários. O sucesso na Vale levou Eliezer Batista ao Ministério de Minas e Energia, já no governo João Goulart, que governava sob o parlamentarismo adotado depois da renúncia de Jânio. Em 1963, com o presidencialismo retomado, Jango o manteve à frente do ministério e do comando da Vale, onde permaneceria até 1964, quando foi afastado pelo governo militar.
          Em março de 1979, no governo do presidente João Figueiredo, Eliezer Batista voltou à presidência da Vale do Rio Doce, afastando-se da Rio Doce Internacional. A meta do último governo militar era que a empresa tivesse foco no minério de ferro e em Carajás, jazida descoberta alguns anos antes no Pará, a maior do planeta a céu aberto. O Projeto Ferro Carajás representou a primeira iniciativa de exploração das riquezas da província mineral do local, com as exportações começando em 1985, com a inauguração da Estrada de Ferro Carajás, com 892 quilômetros de extensão e com a utilização de um porto de águas profundas, o porto de Itaqui, em São Luís do Maranhão. Estrada de bitola larga, as composições de mais de 300 vagões e três locomotivas levam o minério da mina até o porto, de onde é exportado para os países consumidores, com destaque para a China.
          De Itabira até o porto de Vitória, de onde era exportada a maior parte da produção para o exterior, a Cia. Vale do Rio Doce construiu a Estrada de Ferro Vitória a Minas, então a melhor do Brasil.
          Em 1986, Eliezer deixou a presidência da Vale. (Vinte anos depois, em 2016, ele emprestaria o seu nome para batizar o maior projeto da história da mineração mundial: o Complexo S11D Eliezer Batista, primeira mina de ferro construída para operar sem caminhões fora de estrada, que permite reduzir em cerca de 70% o consumo de diesel. Eliezer Batista morreu na noite de 18 de junho de 2018 no Rio de Janeiro, aos 94 anos, vítima de insuficiência respiratória aguda.
          A companhia foi privatizada em maio de 1997. A CSN levou o negócio, financiada parcialmente pelo banco americano NationsBank, mais capital do próprio Nations em um fundo formado com recursos de investidores internacionais, entre eles o megainvestidor George Soros. Por ocasião da privatização, a Vale apresentava bons números mas, pegando-se por exemplo, a primeira década longe das amarras do estado, os números tiveram crescimento significativo: o faturamento cresceu mais de 800%, o lucro subiu expressivos 1700%, o número de empregados quase quintuplicou e, para os que achavam que o governo estava vendendo a galinha dos ovos de ouro, os impostos recolhidos tiveram um incremento de 700% comparados ao ano da privatização.
          No início de 2001, depois de concluído o descruzamento das participações da Companhia Siderúrgica Nacional, CSN, na Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, um paulista então com 41 anos, economista, com forte experiência no mercado de capitais, assume o leme da empresa no lugar de Jorio Dauster, que havia dirigido a empresa desde 1999 (Agnelli viria a falecer em desastre de avião no aeroporto Campo de Marte em São Paulo em 19 de março de 2016). Benjamin Steinbruch (da CSN), deixa definitivamente a companhia. Formado pela escola clássica do Bradesco, Agnelli, da Bradespar, tem carta branca do Bradesco e, graças a um acordo costurado com paciência de artesão, a anuência da Previ, fundação com a qual mantém o controle da empresa.
          Em 2000, com Agnelli então no conselho de administração, a Vale, em ação defensiva no mercado de minério, já havia adquirido a Arbed, gigante da siderurgia mundial, o controle da Samitre e da Samarco. Nos anos 2000, a Vale adquire a Caemi Mineração, do empresário Augusto Trajano de Azevedo, morto em 1996, e com isso se estabelece no Edifício Barão de Mauá (projetado por Oscar Niemeyer), hoje pertencente à Valia, o fundo de pensão dos trabalhadores da mineradora, no centro do Rio de Janeiro. Em fevereiro de 2016, precisando o edifício passar por reforma, a empresa transfere a maior parte dos funcionários para a Barra da Tijuca.
          Com forte estratégia de se expandir no exterior, certa ou errada, a Vale seria cada vez mais internacional e, nesse sentido, poderia tentar reproduzir com Agnelli (que comandou a empresa de julho de 2001 a maio de 2011) a tradição do presidente carismático, que tanto encantou no passado os sócios japoneses. O melhor expoente desse estilo foi Eliezer Batista, uma espécie de emblema da Vale do Rio Doce no exterior. Pouco depois, a figura forte de Wilson Brummer e o diplomata Jório Dauster também passaram pela cúpula da empresa. A Vale começou a competir com pesos pesados globais como a BHP Billiton, Rio Tinto e Anglo American.
          Em outubro de 2006, num movimento ousado, a companhia desembolsou 17 bilhões de dólares pela produtora canadense de níquel Inco. O acordo deu à Vale a posição global de vice-liderança no metal, atrás da russa Norilsk.
          Em 2007, a Companhia Vale do Rio Doce, que usava a sigla CVRD, já ciente de que muitos - empregados, stakeholders, e os brasileiros de uma maneira geral - a chamavam simplesmente de Vale, resolveu fazer uma enquete, e o resultado catapultou a palavra Vale como sua marca. A ideia de facilitar a compreensão do nome da marca fora do país também foi de grande relevância.
          No fim de 2007, a Vale tentou comprar a mineradora anglo-suíça Xstrata, quina maior mineradora do mundo, sem sucesso. De início, o malogro das negociações deixou uma sensação amarga entre os executivos brasileiros, que sonhavam em transformar a Vale na maior mineradora do planeta. Menos de um ano depois, com a crise de crédito mundial, o insucesso provou-se uma dádiva. A Vale teria uma dívida de de dezenas de bilhões de dólares para pagar e, pior, assistiria à redução drástica do valor de mercado da companhia comprada.
          Em fins de 2008 e início de 2009, durante o mandato de Roger Agnelli na Vale, a pressão do presidente Lula, em seu segundo governo, foi capaz de fazer a mineradora investir bilhões de reais no setor siderúrgico, segmento do qual a empresa havia se afastado. Agnelli, executivo concentrado no lucro, que havia contrariado Lula na crise econômica mundial de 2008 ao demitir 1.300 funcionários, teve de engolir a ideia de construir indústrias para a fabricação de aço. Lula defendia que a Vale exportasse produto acabado e não minério de ferro. As duas usinas construídas foram vendidas após as gestões petistas. Agnelli foi novamente pressionado a encomendar, em estaleiros ainda em construção no Brasil, os graneleiros que renovariam a frota da Vale. A indústria naval nacional nem detinha tecnologia suficiente para obras dessa magnitude. Mas, obcecado pela reativação dos estaleiros, Lula queria a Vale como cliente dos armadores nacionais. Exatamente como fez com a Petrobras, quando decidiu construir localmente petroleiros e 26 sondas para o pré-sal, tendo a recém-criada Sete Brasil como intermediária. O presidente da Vale encomendou seus navios no exterior. Caiu em desgraça e foi afastado do cargo algum tempo depois. Para a Petrobras, o resultado, como se sabe, foi desastroso: navios com sérios erros de projeto, apenas quatro sondas entregues, a Sete Brasil e bancos arrastados para um endividamento bilionário. Como cereja do bolo, operações eivadas de corrupção. A Petrobras administra o estrago até hoje. É a prova gritante de que a produção dirigida por projetos políticos jamais dá certo. Mantega, já no governo Dilma, assumiu pessoalmente o papel de “interventor informal” na Vale, que culminou com a saída de Agnelli.
          No início de 2011, a Vale vendeu sua participação de 51% na Albrás, o controle acionário da Alunorte (alumina) e da Mineração Paragominas (bauxita), todas no Pará, para a Hydro. A participação de 40% na MRN permanece.
          Em maio de 2011, o executivo mineiro Murilo Ferreira assumiu a presidência da Vale. O minério estava cotado a 177 dólares a tonelada. Quando assinou o balanço mais bonito da Vale até então, em 2011, Ferreira sabia que o momento não duraria para sempre. No fim de 2014, valia 69 dólares.        
          Em 2011, a Vale adquire a Fosfértil e, pouco tempo depois, fecha seu capital.
          Em fevereiro de 2016, a Vale divulga um prejuízo histórico de R$ 44 bilhões no balanço de 2015, resultante de um conjunto de fatores concomitantes: redução do preço dos minérios e desvalorização do real frente ao dólar. Com preços das commodities piores do que projetou, a empresa teve que reavaliar o valor de seus ativos o que levou a uma baixa contábil de R$ 36,2 bilhões, uma das maiores já feitas por empresas no Brasil. Isso tudo num período em que estava se deparando com o problema de sua controlada, a Samarco, responsável por um dos maiores desastres ambientais que se tem notícia, ocorrido em Minas Gerais e Espírito Santo em novembro de 2015.
          No final do ano de 2016, a Vale finaliza a mina S11D, sinalizando o início de uma fase com custos menores. Dentro do orçamento e no prazo, a mina no Pará ajudará a empresa a assegurar o mais baixo custo de produção de ferro de alta qualidade.
          Em dezembro de 2016, a Vale anuncia a venda dos seus ativos de fertilizantes para a multinacional americana Mosaic, além de uma aquisição de uma participação minoritária na companhia, por um valor total de aproximadamente US$ 2,5 bilhões. A expectativa é que a operação seja concluída no fim de 2017. A Vale usará os recursos da venda para reduzir sua dívida, ao mesmo tempo em que continua exposta ao negócio de fertilizantes por meio de uma participação na Mosaic. A transação não inclui ativos de nitrogenados e fosfatados de Cubatão (SP).
          Na manhã de 24 de fevereiro de 2017 a Vale comunicou ao mercado a saída de Murilo Ferreira, presidente da companhia desde maio de 2011, permanecendo no cargo até 26 de maio, quando expira seu contrato com a empresa. Faltando três meses para completar duas décadas de privatização, a empresa ainda sofre ingerência política. Segundo Murilo Ferreira costuma dizer a amigos, ele perdeu a presidência da empresa por pressão sistemática de Aécio Neves (Coincidência ou não, a Vale comprou, em dezembro de 2018, por US$ 500 milhões, uma empresa não-operacional para reprocessar rejeitos minerários a seco. Em seu último balanço patrimonial disponível, obtido por O Antagonista, a New Steel indica entre seus principais sócios a empresa GN da Barra Empreendimentos, com pouco mais de 20% das ações. A GN pertence à Cemar Consultoria Ltda, de Marcelo Soares Pereira, mais conhecido no ‘jet set’ carioca como Tuca Maia. Citado na Lava Jato, mas nunca investigado, Tuca Maia é figura corrente nas colunas sociais, marcando presença em festas e viagens ao lado de Aécio Neves – que teria sido responsável pela indicação do atual presidente da Vale, Fabio Schvartsman – e de outros empresários amigos enrolados na Justiça). No final de março de 2017, a Vale consegue arrancar o executivo Fabio Schvartsman, da Klabin, para assumir o comando da empresa.
          Em 6 de dezembro de 2018 a Vale chegou a um acordo definitivo para adquirir a Ferrous Resources Limited por US$ 550 milhões. A Ferrous possui e opera minas de minério de ferro localizadas em proximidade às operações da Vale na região do Quadrilátero. A Ferrous adicionará quatro milhões de toneladas anuais de "pellet feed" de alta qualidade à produção da Vale. O "pellet feed" é matéria-prima para a produção de pelotas, mas que também é vendido separadamente no mercado como um produto de qualidade. Atualmente, a Ferrous já vende quase toda a sua produção para a Vale, que a comercializa.
          Na hora do almoço do dia 25 de janeiro de 2019, acontece uma tragédia de proporções gigantescas, que fatalmente é a maior do Brasil e provavelmente uma das maiores do mundo em todos os tempos. O rompimento de uma barragem de contenção de rejeitos de minério de ferro da Vale no Córrego do Feijão, município de Brumadinho, a 50 quilômetros de Belo Horizonte, fez um mar de lama varrer do mapa não só o refeitório da Vale, onde dezenas de pessoas almoçavam, como foi quebrando e levando tudo o que encontrava pela frente, com uma força destruidora descomunal. Além do refeitório, um prédio administrativo, ônibus, mais de 100 metros de uma estrada de ferro construída sobre pilastras, pousadas, povoados, casas isoladas e plantações foram dizimados. Se a catástrofe foi menor que a de Mariana em 2015 no tocante aos danos causados à natureza, infelizmente o mesmo não se pode dizer do número de vítimas fatais. Em Mariana foram 19 mortos. Em Brumadinho, há 262 mortes confirmadas e outras 8 pessoas estão desaparecidas.
          Se o Brasil e o mundo enxergaram o tamanho do desastre humano e ambiental, o mercado também sentiu o peso da catástrofe. Na segunda feira, dia 28 de janeiro, primeiro dia útil após o horrendo episódio, a Vale perde R$ 71 bilhões em valor de mercado, maior queda de uma empresa brasileira em um dia, em toda a história da bolsa brasileira.
          Em 2 de março de 2019 a companhia troca de comando. Eduardo Bartolomeo, de 54 anos, foi anunciado diretor-presidente interino em substituição a Fabio Schvartsman, que pediu ao conselho afastamento temporário após uma recomendação da força-tarefa que investiga a tragédia de Brumadinho. Pesa a favor de Bartolomeo, seu lado operacional. Em 29 de abril, Bartolomeo foi confirmado no cargo.
          A Vale fez (e continua fazendo) várias mudanças ao longo dos anos como parte de sua estratégia para reduzir seu portfólio de ativos e focar em seus principais negócios - minério de ferro, cobre e níquel. A lógica da empresa é que a estratégia está alinhada com uma disciplina de alocação de capital.
          A empresa anunciou em 28 de julho de 2022 que ela e suas sócias, Posco e Dongkuk, chegaram a um acordo com a ArcelorMittal para vender a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) por aproximadamente US$ 2,2 bilhões. O montante será utilizado para o pagamento antecipado do saldo da dívida líquida de aproximadamente US$ 2,3 bilhões. A transação ainda depende de aprovação dos órgãos reguladores. A venda da Siderúrgica do Pecém à ArcelorMittal é concluída em março de 2023.
          Em fevereiro de 2023, a empresa concluiu a venda de uma participação de 50% na usina de laminação da California Steel Industries, nos Estados Unidos, para a Nucor Corp. por US$ 437 milhões.
          Em 26 de abril de 2023, a Vale assinou um acordo vinculante com a Ananke Alumina, uma empresa afiliada da Norsk Hydro, para vender 40% de sua participação na Mineração Rio do Norte (MRN), incluindo todas as obrigações e direitos associados. A MRN é a maior produtora e exportadora de bauxita do Brasil, fundada em 1979, localizada no distrito do Porto de Trombetas no oeste do estado do Pará. A empresa é uma joint venture entre a Vale (40%), South32 (33%), Rio Tinto (12%), CBA (10%), e Hydro (5%). “Essa transação marca a conclusão do principal programa de desinvestimento da Vale (que inclui o alumínio), que envolveu a venda de mais de 10 ativos non-core em vários continentes desde 2019”, destacou a mineradora em um comunicado.
          No alumínio, a Vale também criou a Valesul no Brasil, no estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Billiton. Considerada uma fundição de pequena escala - cerca de 100.000 toneladas - tornou-se pouco competitiva devido aos baixos preços do metal em comparação com os custos de energia no Brasil, por isso foi vendida. Segundo a empresa, a venda faz parte do corte acelerado desde 2019. Porém, segundo a própria mineradora, desde 2010, quando decidiu deixar a indústria do alumínio, a empresa realizou mais de 40 desinvestimentos.
          Os mais importantes foram o desmantelamento de investimentos malsucedidos em carvão (metalúrgico e energético) e fertilizantes.
          No caso do carvão, o mais importante foi a construção de uma mina em Moçambique, iniciada em 2010 e na qual a Vale investiu muito dinheiro. O projeto também incluiu a construção de uma ferrovia e um terminal portuário no Oceano Índico. A última venda de ativos ocorreu em abril de 2022.
          Em fertilizantes, várias operações no Brasil foram vendidas ao longo dos anos — até 2018. Antes disso, vendeu sua participação no projeto Bayovar, no Peru. Na Argentina, a empresa deixou um projeto de potássio que estava bem avançado depois que surgiram problemas.
          A entrada em fertilizantes e siderurgia veio sob forte pressão do segundo governo Lula (2007-2010) e da ambição do então CEO Roger Agnelli (falecido em 2016) de diversificar a Vale.
          Na década 2011/2020, a empresa deixou vários outros negócios: ferroligas, manganês (Europa e Brasil), caulim, petróleo e gás e concessões de energia, navegação e logística, entre outros.
          Mesmo no minério de ferro, a empresa se livrou do chamado Sistema Centro-Oeste em julho de 2022. Por R$ 815 milhões, vendeu suas operações de minério de ferro e logística para a J&F Investimentos. O pacote também incluía uma mina de manganês. Todas estão localizadas próximas a Corumbá, no Mato Grosso do Sul.
          Em 21 de fevereiro de 2024, a mineradora Anglo American fez um movimento estratégico, com visão de longo prazo, ao fechar um acordo com a Vale envolvendo seu negócio de minério de ferro no país. Segundo o acordo anunciado pelas duas companhias, a Vale aporta suas reservas de minério que ficam na Serra da Serpentina, em Conceição do Mato Dentro (MG), mais US$ 157,5 milhões e passa a deter 15% de participação no capital da Anglo American Minério de Ferro Brasil, que opera o sistema de produção chamado Minas-Rio. Os recursos minerais da Vale na Serpentina, com alto teor de ferro, somam 4,3 bilhões de toneladas. O Minas-Rio é um sistema de produção que envolve operações de mina e beneficiamento em Conceição do Mato Dentro, um município na região central de Minas com 23 mil habitantes, a 167 km de Belo Horizonte. Elas estão conectadas a um mineroduto de 529 km que vai até o Porto do Açú, no litoral do Estado do Rio. Lá, a polpa de minério que chaga pelo duto é filtrada e secada no site do terminal próprio. A capacidade existente hoje é 26,5 milhões de toneladas por ano ano.
          Em 12 de março de 2024, José Luciano Duarte Penido, membro independente do Conselho de Administração da Vale, renunciou ao cargo denunciando que há “evidente e nefasta influência política” na empresa. “Minha atuação como conselheiro independente se torna totalmente ineficaz, desagradável e frustrante”, afirmou Penido em carta.
          Em fins de março de 2024 a Vale comprou a participação de 45% da Cemig GT na Aliança Energia por R$ 2,7 bilhões e passou a ter 100% da Aliança Energia.
          No início de maio de 2024, a Vale informa que concluiu a venda de 10% da Vale Base Metals Limited (VBM) para a Manara Minerals, uma joint venture entre a Ma’aden e o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, por US$ 2,5 bilhões.
          Em 26 de agosto de 2024, a Vale anunciou a escolha de Gustavo Pimenta como próximo presidente da companhia. O executivo foi eleito pelo conselho de administração de forma unânime. A companhia discutia desde 2023 o sucessor de Eduardo Bartolomeo. Pimenta assumiu o cargo em 1º de outubro de 2024. Pimenta tem experiência nos setores financeiro, de energia e mineração, com carreira desenvolvida em mais de 20 anos no Brasil, Estados Unidos e Europa. Em 2021, assumiu a posição de vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores da Vale.
(Fonte: revista Exame - 10.09.2007 / 05.11.2008 / jornal Valor - international edition - 26.02.2016 / 21.03.2016 / 19.12.2016 / 28.03.2017 / revista Veja - 24.05.2017 / Comunicado Vale - 18.06.2018 / jornal Valor - 18.06.2018 / 06.12.2018 / O Antagonista - 04.02.2019 / Valor - 07.03.2019 / 28.07.2022 / 10.03.2023 / 27.04.2023 / Dica de Hoje - 27.04.2023 / Estadão  - 03.08.2023 / InfoMoney - 23.02.2024 / Estadão - 13.03.2024 / Valor - 28.03.2024 / 02.05.2024 / 27.08.2024 - partes)

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