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6 de out. de 2011

Hypera Pharma (ex-Hypermarcas)

          A Hypermarcas, companhia brasileira de produtos e marcas de saúde e bem-estar foi fundada pelo empresário goiano João Alves de Queiroz Filho, em 2001. Júnior, como é chamado, havia vendido um ano antes a fabricante de alimentos Arisco, fundada por seu pai em 1969, para a americana Bestfoods, que hoje faz parte da Unilever. Mesmo com os quase 500 milhões de dólares recebidos na venda, na sua criação, a nova empresa tinha um único produto, a palha de aço Assolan, recomprada da Unilever e cresceu sem parar.
          O embrião da Hypermarcas se deu com a compra, no final de 2001, da Prátika Industrial, divisão da antiga Arisco e dona da marca Assolan, e a mineira Help Industrial, que além de contar com sua própria marca, produzia a Scoth-Brite para a 3M e as lãs de aço exclusivas das redes de supermercados Carrefour e Sonae. Em poucos anos, tinha mais de 200 marcas em seu portfólio, em diversos setores como o farmacêutico, cosméticos, fraldas, produtos de beleza e até comida processada, como molho de tomate. Não estaria errado se se chamasse "Multimarcas".
          A Hypermarcas compra a Neoquímica da família Gonçales, que passa a ter participação minoritária na empresa.
          Em 2007, já consolidada nos seus setores de atuação, a aquisição da DM Indústria Farmacêutica deu início a uma nova fase, que culmina no que a empresa é hoje.
          A empresa fez seu IPO em 2008 e, com a aquisição da Farmasa, chegou à liderança do segmento denominado Consumer Health, produtos de saúde adquiridos sem a necessidade de prescrição médica
          A marca brasileira de cosméticos masculinos Bozzano, foi adquirida em meados de 2008. No final daquele ano, a Hypermarcas tinha um portfólio de mais de 160 marcas e 1.500 produtos - de desodorante a molho de tomate. Dentre as marcas de alimentos estavam Etti, Zero Cal e Finn. A marca Assim despontava dentre os produtos de limpeza.
          Em setembro de 2008, a Hypermarcas anuncia a compra da fabricante de cosméticos Niasi, produtora da tinta para cabelo Biocolor e os esmaltes Risqué, aumentando consideravelmente a participação do setor de higiene e limpeza em seu portfólio.
          No ano seguinte, 2009, adquiriu a Neo Química e ingressou no mercado de medicamentos genéricos.
          A Hypermarcas fechou nove aquisições em 2010, investindo R$ 4 bilhões em compras. Uma das aquisições foi a Mantecorp, que disputou com a farmacêutica Ache.
          Em 2011, a companhia deu início a um processo de desinvestimentos, para focar nos segmentos que considerava mais lucrativos, vendeu seus negócios de alimentos (comida processada) e limpeza, e passou a adotar uma estratégia de crescimento orgânico.
          Em novembro de 2015 sai do setor de cuidados pessoais, vendendo, para a gigante americana Coty, a divisão de higiene, cosméticos e produtos de beleza, por pouco menos de US$ 1 bilhão. Com isso, desfaz-se de marcas como Risqué, Monange, Biocolor e Cenoura & Bronze. A fábrica em Senador Canedo (Goiás) faz parte do negócio e passa para a Coty. Com isso, a Hypermarcas pretendia sanar suas dívidas e dar mais ênfase para a área farmacêutica, que estava há algum tempo em seus planos.
          Com a venda dos negócios de higiene pessoal, em 2015, a companhia definiu seu enfoque em atuar exclusivamente no mercado farmacêutico. No ano seguinte, concluiu as rodadas de desinvestimentos com a venda do negócio de preservativos e de descartáveis.
          Atualmente a companhia está dividida de forma equilibrada entre suas unidades de negócio e está muito bem posicionada em seus respectivos mercados.
          Em janeiro de 2016, a Hypermarcas vende a divisão de preservativos, com as marcas Olla e Jontex, para a multinacional britânica Reckitt Benckiser (RB) (vide origem da marca Reckitt Benckiser - RB neste blog), por R$ 675 milhões. Com isso, deu mais uma passo para tornar a empresa 100% do ramo farmacêutico.
          Em março de 2016, a empresa tem um de seus diretores, o executivo Nelson José de Mello, citado no jornal O Estado de S.Paulo, como tendo confessado o pagamento a dois lobistas para repasse de propina ao PMDB, em depoimento à Procuradoria Geral da República - PGR. Para isso, o executivo teria autorizado, por iniciativa própria, despesas sem comprovação de serviços prestados. Na época da delação, a Hypermarcas contratou auditores para calcular quanto Mello havia tirado do caixa da empresa para subornar políticos e concluiu que o prejuízo somava 26,7 milhões de reais - o mesmo valor informado por Mello aos investigadores.
          E executivo, que trabalhava com Júnior desde 1980, era dono de 0,2% da capital da companhia. Vendeu suas ações, devolveu o dinheiro e deixou o cargo em março de 2016. Os acionistas minoritários da Hypermarcas só ficaram sabendo disso tudo em junho (2016), quando parte do conteúdo da delação vazou. A empresa, então, divulgou uma nota dizendo que Mello tinha agido "por conta própria" e que a companhia não havia sido beneficiada por sua atuação. E fica a pergunta: se ele não agiu para beneficiar a Hypermarcas, por que fez o que fez?
          A Hypermarcas concluiu no segundo trimestre de 2016 a reestruturação da área de medicamentos, que foi dividida em três unidades: uma de remédios com prescrição médica (Branded Prescription) , outra de remédios sem prescrição (Consumer Health) e uma terceira de genéricos.
          Nos últimos dias de 2016, a Hypermarcas anuncia a venda de seu negócio de fraldas, por 1 bilhão de reais,  para a belga Ontex.
          A Hypermarcas anunciou em dezembro de 2017 sua nova denominação: Hypera Pharma. A mudança ocorreu em fevereiro de 2018. A razão é basicamente porque a empresa deixou os segmentos beleza, alimentos e cuidados pessoais, e o foco passou a ser o setor de medicamentos.
          A decisão de focar no mercado farmacêutico se deu por conta de ser um segmento mais resiliente (menos correlacionado com a atividade econômica), promissor (envelhecimento da população) e rentável (maiores retornos sobre capital).
          A companhia conseguiu construir vantagens competitivas e tem atualmente os menores custos da indústria, alta produtividade e capacidade de produção, e canais de distribuição diversificados, que alcançam 100 por cento dos pontos de vendas no Brasil.
          Em 10 de abril de 2018, numa operação da Polícia Federal chamada Tira-Teima, de investigação de vantagens indevidas por parte de um grupo empresarial e políticos com base na delação premiada de Nelson José de Mello, ex-diretor de relações institucionais da Hypera, uma ação cautelar de busca e apreensão foi feita na residência do presidente Claudio Bergamo dos Santos e do maior acionista e fundador João Alves de Queiroz Filho, além de Carlos Scorsi, ex-diretor de operações, e Erisberto Valadão, gerente de controladoria. A Hypera negociou acordo de leniência que demanda multa de R$ 2 bilhões.
          Em meados de dezembro de 2019 a Hypera Pharma faz proposta de compra da família Buscopan por R$ 1,3 bilhão. A Boehringer Ingelheim colocou o Buscopan à venda em outubro. A compra ainda depende da posição da francesa Sanofi, que tem a preferência do negócio. Em 2017, a Sanofi fez uma troca de ativos veterinários pelos de OTC com a Boehringer. A Hypera tem dois medicamentos que concorrem diretamente com versões do Buscopan: o Alivium, um analgésico, e o Atroveran, indicado para dores menstruais.
          A Hypermarcas é líder em remédios encontrados nas prateleiras como Addera, Apracur, Benegrip, Coristina D, Rinosoro, Doril, Gelol, Estomazil, Biotônico Fontoura, Tamarine, Epocler e Engov, Finn, Zero-Call e várias outras marcas reconhecidas. Atua também em produtos de cuidados com a pele como Episol, Epidrat e Hydraporin. 
          No segmento de remédios estão Predsim, Alektos, Alivium, Celestamine, Maxsulid, Diprospan, Buscopan, os genéricos e similares como Torsilax, Neosoro, Doralgina, Flavonid, Histamin. Ocupa a terceira posição no ranking de remédios genéricos.
          Em 2 de março de 2020, a Hypera Pharma anunciou que chegou a um acordo com a Takeda Pharmaceuticals International para adquirir o portfólio da farmacêutica japonesa de medicamentos de prescrição e isentos de prescrição (OTC) na América Latina, por um total de US$ 825 milhões.
Segundo o comunicado, o portfólio a ser adquirido registrou receita líquida de cerca de R$ 900 milhões em 2019, sendo que o Brasil correspondeu a 83% desse valor e o México a 15%. O portfólio inclui produtos em áreas terapêuticas como cardiologia, diabetes, endocrinologia, gastrenterologia, sistema respiratório e clínica geral, além de marcas OTC como Neosaldina e Dramin. Com a conclusão da transação e recente aquisição da marca Buscopan, a Hypera Pharma passará a ser a maior empresa farmacêutica do Brasil e a líder absoluta em OTC, com participação de mercado de aproximadamente 20%.
          Em 7 de julho de 2020, a Hypera Pharma confirmou a negociação para a venda da marca Neocopan para a União Química. Em nota, a farmacêutica informou que apresentou ao Cade a proposta relativa à venda da marca, que finalizou a alienação do medicamento para a União Química e que a venda da Neocopan já obteve aprovação do órgão. Essas medidas fazem parte das iniciativas apresentadas ao Cade para a aprovação da aquisição da família de produtos Buscopan pela companhia, anunciada em dezembro de 2019.
          No início de setembro de 2020, a Hypera concluiu a aquisição dos ativos referentes à família de produtos Buscopan e Buscofem, após cumprimento dos termos do contrato firmado com a Boehringer Ingelheim.
          Em 26 de setembro de 2020 foi anunciado o acordo de venda da marca Xantion à União Química, por R$ 95 milhões. A Hypera comunicou ao mercado que havia contratado o BR Partners em julho para a avaliação da venda da marca. Para a venda à União Química ser concluída, é preciso, ainda, a conclusão da compra do portfólio de medicamentos da Takeda Pharmaceutical, que necessita de aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A União Química já tinha comprado a marca Neocopan da Hypera por uma recomendação do Cade. A venda da marca Xantion ocorre porque poderia haver concentração de mercado por conta de outras marcas que já detém no portfólio, como Epocler, Estomazil e o Gastrol.
          Em 4 de dezembro de 2020, a Hypera Pharma anunciou a aquisição da Simple Organic, marca de cosméticos naturais, orgânicos e veganos. A operação é o primeiro investimento do Hypera Ventures, programa corporativo de venture capital da companhia.
          Em 19 de abril de 2021, a Hypera anunciou a compra de 22,5% do capital da Consulta Remédios, com possível aumento dessa fatia posteriormente. A Consulta Remédios é a maior plataforma de acesso e consulta de informações de medicamentos do Brasil e o quinto maior portal farmacêutico do mundo em número de visitantes.
          Em 8 de julho de 2021, a Hypera Pharma anunciou que adquiriu a Bioage, empresa do setor de dermocosméticos de alta performance para uso profissional e pessoal. O valor da transação não foi divulgado. A Bioage teve faturamento bruto de aproximadamente R$ 80 milhões em 2020.
          Em 13 de julho de 2021, a Hypera Pharma comprou da Sanofi 12 marcas de medicamentos isentos de prescrição no Brasil, México e Colômbia, por US$ 190,3 milhões. No Brasil, os produtos incluem o analgésico AAS, o fitoterápico Naturetti e o antisséptico Cepacol, além dos medicamentos de prescrição Buclina, para estímulo do apetite, e Hidantal, indicado para tratamento de epilepsia, entre outros. Em 14 de março, a Superintendência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a transação entre a Hypera e a Sanofi.
          No balanço do terceiro trimestre de 2021, a Hypera teve que lançar o valor de R$ milhões como resultado da decisão de uma arbitragem que deu ganho de causa à empresa belga Ontex.
          Em 8 de maio de 2023, a Hypera Pharma anunciou que o Grupo Votorantim realizou a aquisição de 5,11% de participação de suas ações. O valor da aquisição não foi divulgado. Considerando a cotação da ação da Hypera na bolsa no pregão de 5 de maio de 2023, de R$ 37,45, a Votorantim pagou mais de R$ 1,2 bilhão.
          Júnior (João Alves de Queiroz Filho) tem 21,38% da companhia e, com a holding mexicana Maiorem, forma o grupo controlador da Hypera, com 36%. Eles têm acordo de acionistas, mas não há “poison pill” no estatuto da companhia.
          No Brasil, diversas marcas surgiram com o espírito da geração Z (nascidos entre 1997 a 2012), ou seja, são digitais e vendem a ideia da preocupação com a sustentabilidade e com a qualidade. Uma dessas marcas da nova geração é a Simple Organic, lançada em 2017 por Patrícia Lima. Ela se tornou um sucesso nas redes sociais e um case de como impulsionar negócios pelo TikTok. A vitrine chamou a atenção de grandes players, até que foi comprada em 2020 pela Hypera. A Simple Organic está presente em cada vez mais pontos de venda físicos, entrando em novas categorias, como vitaminas e produtos para crianças, além de mirar o exterior.
(Fonte: jornal Gazeta Mercantil - 16.09.2008 / jornal Valor International - 03.11.2015 / revista Exame - 17.02.2016 / jornal Valor online - 28.06.2016 / Exame 03.08.2016 / jornal Valor - 25.11.2016 / 20.04.2018 / 04.06.2018 /Nord Research - 18.08.2019 / Jornal Valor - 19.12.2019 / 02.03.2020 / 07.07.2020 / 08.07.2020 / / GuiaInvest - 28.07.2020 / Valor - 01.09.2020 / ElevenFinancial - 28.09.2020 / 04.12.2020 - ElevenFinancial - 19.04.2021 / Valor - 08.07.2021 / 13.07.2021 / 01.04.2022 /09.05.2023 / IstoÉDinheiro - 19.07.2023 - partes)

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