Total de visualizações de página

1 de out. de 2011

Vasp

          A companhia aérea brasileira Vasp - Viação Aérea São Paulo, foi fundada em novembro de 1933. Sua frota correspondia a dois bimotores ingleses Monospar. Inicialmente uma empresa privada, já em 1935 pediu ajuda do governo do estado de São Paulo e foi estatizada.
          A Vasp foi a primeira companhia a usar o aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Aberto em abril de 1936, logo após a inauguração, a área ficou conhecida como "campo da Vasp", principal companhia a usá-la.
          Foi privatizada novamente no início da década de 1990, quando deixou de ser apenas uma companhia regional para começar expansão internacional.
          Em agosto de 1998, falava-se no mercado sobre uma fusão das empresas aéreas, como forma de diminuir custos e aumentar a competitividade no setor. O assunto ganhou as manchetes dos jornais no dia 26 de outubro (1998) quando Canhedo apresentou a ideia da Air Latina para a imprensa, depois de uma reunião dos quatro presidentes em Brasília. Mas Canhedo não combinou com os russos. Era um encontro com os deputados da Comissão de Turismo da Câmara. "Em duas horas e meia de discussão, o Canhedo não falou nada sobre holding ou fusão", afirmou Paulo Enrique Coco, da Transbrasil. Rolim Amaro, da TAM, também presente no dia , foi mais longe: "Ele nunca discutiu esse assunto conosco", disse. "A Varig não quer fazer fusão com ninguém", disse o presidente Fernando Pinto.
          A decisão (da expansão internacional) foi atabalhoada e foi o início do fim da empresa. Entre 1999 e 2000, e empresa esteve próxima de ir à lona. A companhia aérea, que em meados dos anos 1990 chegou a ter 13.000 funcionários e uma frota de 60 aeronaves que voavam em quatro continentes, iniciava sua agonia.
          Nos anos 1990, a Vasp Air Systems, do empresário Wagner Canhedo, incorporou a Lloyd Aéreo Boliviano - LAB, cuja gestão deteriorou bastante a sua situação econômico-financeira. A LAB operou seus voos até o ano de 2007, quando detinha o monopólio estatal aéreo para as grandes rotas internacionais e regionais da Bolívia. Devido a problemas financeiros e ao crescimento de sua concorrente, a AeroSur, foi obrigada a encerrar suas atividades.
          Em meados de 2001, capitaneada por Canhedo, a Vasp apresentava sérios problemas financeiros. A dívida alcançava os 3 bilhões de reais e os ativos não chegavam nem a 10% disso. E os problemas se agravavam. Os barulhentos 737-200 já atingiam 30 anos de uso.
          Nos primeiros anos do novo século, a Vasp não fez outra coisa senão encolher e afundar-se em dívidas. Seu quadro de funcionários foi quase reduzido à metade. Em outubro de 2004, da frota de 31 aeronaves, apenas 22 estavam em operação. No início daquele mês, a GE Celma e GE Varig (controladas pela americana GE) pediram a falência da empresa, por falta de pagamento da manutenção de turbinas. Primeiro, os executivos saíram de circulação para que não pudessem receber a notificação fiscal. Depois, com artimanhas para pagar a dívida em juízo, a Vasp afastou o risco de falência e não quitou a dívida.
          Toda essa história deixava no ar uma pergunta - como uma companhia aérea nessa situação continuava a transportar centenas de passageiros diariamente pelos ares? Em qualquer companhia aérea, segurança é pré-requisito para a própria sobrevivência dos negócios.
          E, afora os problemas da notória falta de segurança, o consumidor levou a pior "junto ao balcão". Com menos aviões e uma greve de funcionários, a Vasp atrasou e suspendeu voos. As concorrentes Varig e Gol não endossavam suas passagens e a Tam só as aceitava quando tinha poltronas sobrando. "Ninguém endossa porque sabe que a Vasp não vai pagar", disse um executivo do setor.
          Pela cartilha de Canhedo, era possível tocar uma empresa em dificuldades desde que o maior credor fosse o governo e que pudesse contar com advogados hábeis. Isso garantiu que, com uma medida cautelar, a Vasp fosse incluída no Refis, o programa de refinanciamento de dívidas com a Receita e a Previdência. Em Brasília, o principal interlocutor de Canhedo era o senador Edson Lobão.   
          Em 2005, a empresa paralisou as atividades depois de sofrer intervenção federal por causa de dívidas trabalhistas e fiscais. Acabou oficialmente em janeiro de 2005 após operar apenas 18% de seus voos programados para 2004.
          No início de dezembro de 2011, a Justiça de São Paulo determinou que a massa falida da companhia pagasse 27 milhões de reais em dívidas trabalhistas a 700 ex-funcionários. O valor equivalia a 60% dos débitos que a empresa tinha com esses trabalhadores - considerados felizardos, já que outros 10.000 ex-funcionários da Vasp continuavam na fila para receber suas indenizações. A dívida da empresa girava em torno de 5 bilhões de reais.
          Durante muitos anos, ao andar ao redor do aeroporto de Congonhas em São Paulo, era possível ver alguns aviões com a pintura branca e azul bebê caindo aos pedações, e na lateral ler o nome VASP - Viação Aérea São Paulo.
(Fonte: revista Exame - 17.11.1999 / 27.10.2004 / 28.12.2011 / / Wikipédia / UOL - 01.11.2015 / msn - 30.01.2019 - partes)

Nenhum comentário: