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6 de out. de 2011

Hermes Pardini

          O laboratório de diagnóstico Hermes Pardini foi fundado em 1959 em Belo Horizonte por Hermes e Carmen Pardini. A primeira unidade própria foi montada numa sala de 40 metros quadrados no centro de Belo Horizonte.
          Décadas depois a empresa passou a ser dirigida pela segunda geração, pelos irmãos e herdeiros Áurea, Regina e Victor Pardini.
          Em 1997, segundo Victor Pardini, a prestação de serviços surgiu com a demanda crescente de laboratórios menores. As primeiras amostras de laboratórios da região de Belo Horizonte começaram a ser processadas no estacionamento de uma de suas bases. O Hermes Pardini se apoiou num modelo em que é pioneiro no país - a prestação de serviços de análise para terceiros.
          Nunca tendo feito aquisições ao longo de seus primeiros 51 anos de existência, para continuar a crescer sob o peso de concorrentes cada vez maiores, o serviço para terceiros se encaixou muito bem. Olhando um panorama no final de 2010, havia aproximadamente 5.200 laboratórios espalhados pelo Brasil. Em vez de investir seu caixa comprando alguns dos pequenos concorrentes o Pardini optou por ganhar escala ao atendê-los. Então com 5.000 clientes em todos os estados, o Pardini se tornou líder no segmento de diagnóstico terceirizado.
          Em novembro de 2010, o laboratório deu um novo salto ao inaugurar um centro com 21.000 metros quadrados na região metropolitana de Belo Horizonte, com capacidade para processar anualmente 36 milhões de amostras - até então, as análises eram distribuídas em dez prédios diferentes, que foram desativados. 
          Mas a vida não esteve nada fácil, fazendo um raio x da situação da empresa em meados de 2016, principalmente por desavenças entre os irmãos. Victor e Regina, ambos médicos formados pela Universidade Federal de Minas Gerais, trabalharam por mais de uma década na empresa do pai. Áurea teve uma passagem breve pelo laboratório. Dentista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Áurea especializou-se em radiologia e foi responsável por dar início ao setor de exames ortodônticos no Hermes Pardini no início dos anos 2000. Mas deixou o posto pouco tempo depois. A primogênita só voltou a ganhar espaço equivalente ao dos irmãos na empresa ao assumir uma cadeira no conselho de administração, criado em 2008 com a ajuda de especialistas da Fundação Dom Cabral. A formação de um conselho coincidiu com a saída do fundador Hermes Pardini da presidência por problemas de saúde.
           Uma parte da briga refere-se a acontecimentos em outras empresas do grupo. Áurea estaria sendo alvo de um processo em que os próprios fundadores da companhia, Hermes e Carmen, são os autores. Eles exigem a devolução de 15 milhões de reais referentes aos dividendos recebidos por ela de três empresas da família.
           Mais que uma disputa entre irmãos, a desavença tornou-se hoje uma das maiores ameaças ao crescimento da companhia. Boa parte do problema reside numa cláusula do acordo de acionistas segundo a qual qualquer aquisição acima de 200 milhões de reais precisa de aprovação unânime dos sócios. Em 2014, a harmonia familiar foi posta à prova pela primeira vez. Após meses de negociação para se unir ao Fleury, segundo maior laboratório do país, Áurea vetou a proposta. A partir daí, a relação entre a primogênita e os irmãos, que  nunca tinha sido boa, piorou de vez.
           Não por acaso, o episódio também marcou uma ruptura na trajetória de aquisições do laboratório. De 2012 a 2013, o Hermes Pardini adquiriu três concorrentes paulistas, dois mineiros e a maior rival goiana - todos eles negócios abaixo de 200 milhões de reais. Os efeitos da letargia são perceptíveis. Em 2015, o grupo mineiro perdeu a terceira posição no setor para o Alliar. Capitaneado pela gestora de recursos Pátria, o laboratório Alliar surgiu da fusão de 23 empresas.
           O fundo Gávea, que em 2011 pagou quase 300 milhões de reais por 30% das ações, tentou vender sua fatia no Hermes Pardini. Vários fundos pretendentes teriam avaliado a oportunidade, mas nenhum quis levar um quinhão minoritário diante do impasse entre os sócios. O Fleury acabou vendendo 13% de seu capital ao fundo Advent.
          Em junho de 2021, o Hermes Pardini, que desde 2019 não realizava movimentos de consolidação, retomou o seu crescimento inorgânico. O laboratório anunciou a aquisição do laboratório Paulo C. Azevedo. O movimento vai além da expansão das unidades de atendimento, pois amplia a operação em hospitais e fortalece o processamento de exames na região Norte.
          No início de agosto de 2021, o Grupo Hermes Pardini adquiriu o laboratório de anatomia patológica APC, com sede em São Paulo, por R$ 19,5 milhões. A companhia afirma que a compra reforça a estratégia em oferecer exames oncológicos de alta complexidade médica.
          Em meados de novembro de 2021, com divulgação no dia 16, o Instituto Hermes Pardini fechou a compra de 60% do capital social do Instituto de Análises Clínicas de Santos (IACS) pelo valor de R$ 100,98 milhões. Os instrumentos contratuais celebrados pelas partes permitem que a companhia adquira a totalidade do capital social do IACS no quinto ano da conclusão da aquisição. Maior e mais tradicional laboratório da Baixada Santista, com sede em Santos, o IACS foi fundado em 1929 e conta com 13 unidades de atendimento em Santos, Cubatão, São Vicente, Praia Grande, Guarujá e Itanhaém. O IACS realiza em torno de 4,5 milhões de testes por ano.
          Em 20 de dezembro de 2021, o Instituto Hermes Pardini assinou contrato de aquisição da Clínica Dra. Odivânia Moscogliato, de São José dos Campos (SP), por R$ 12,5 milhões.
          Com 63 anos de história, a carreira solo do Pardini chegou ao fim. Em 30 de junho de 2022, a Hermes Pardini e a Fleury firmaram acordo para criar uma das maiores empresas de saúde do Brasil, com 87 unidades de atendimento em 13 dos principais polos econômicos do país e 6,6 mil clientes lab-to-lab distribuídos pelo território nacional. A receita bruta combinada das duas companhias, considerando o exercício de 2021, atingirá R$ 6,4 bilhões. A transação prevê para cada ação do Pardini o recebimento de 1,2135 ação ordinária de emissão de Fleury e de uma parcela de R$ 2,15 em dinheiro, totalizando o valor do negócio em R$ 2,5 bilhões. Além da exposição geográfica complementar (a Fleury tem operações consideráveis em São Paulo e Rio, enquanto o Hermes Pardini está focado nos estados de Minas Gerais e Goiás) o negócio melhora o posicionamento para negociar as condições comerciais com os operadores nacionais de hospital. Existem três pilares principais por trás das sinergias esperadas: consolidação do mercado; operacional, logística, produção e custo eficiência (incorporando as melhores práticas de cada empresa); alavancar seu portfólio por meio da unificação de produtos e equipes médicas.
          Em fins de março de 2023, o Instituto Hermes Pardini aprovou a incorporação da controlada APC Laboratório de anatomia patológica e citologia. A fusão ainda deve ser submetida à assembleia geral da companhia e à aprovação da Junta Comercial dos estados de minas Gerais e São Paulo.
          Conforme informado no aviso aos acionistas conjunto divulgado em 13 de abril de 2023 pelas Companhias, encerrou-se em 28 de abril de 2023, a negociação das ações de emissão do Hermes Pardini na B3 sob o código PARD3, sendo considerados como acionistas Hermes Pardini, para os fins da Operação, os titulares de ações do Hermes Pardini no fechamento dessa data.
(Fonte: revista Exame: 09.02.2011 / 20.07.2016 / Eleven Financial - 26.06.2021 / Valor - 03.08.2021 /ElvenFinancial - 17.11.2021 / Dica de Hoje Research 17.11.2021 / Valor - 21.12.2021 / Money Times - 30.06.2022 / Valor - 29.03.2023 - partes)

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