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4 de out. de 2011

Provocateur

     A casa noturna Provocateur (desafiador, provocante em francês) foi criada em 2012, no Itaim, Zona Sul da capital paulista. Filial de uma balada novaiorquina, em seus dias de glória reunia a moçada mais bonita da cidade. Jovens modelos tinham passe livre, DJs renomados não deixavam ninguém ficar parado e frequentadores como o empresário Alexander de Almeida, o rei do camarote, curtiam a valer.
     Em casas noturnas desse calibre acontecem coisas bem peculiares. Como na última noite (vide penúltimo parágrafo), quando um Camaro cinza chega à porta da Provocateur. O motorista abaixa o vidro insulfilmado e acena com a cabeça para um sujeito na calçada. Como se fosse ensaiado, o rapaz entra num Voyage prata que estava guardando vaga na porta e o coloca a 100 metros de distância, perto de uma van que vende hot-dog. O esportivo importado ocupa o espaço. Seu proprietário desce e entrega uma nota de 100 reais a quem lhe facilitou a vida. Logo depois, troca de camiseta para entrar na boate. Certa vez, um cliente indiano comprou 150 garrafas de champanhe Dom Pérignon e Cristal - esse último custava 4.000 reais a unidade. Nos tempos áureos, a casa vendia em média 200 garrafas de Veuve Clicquot em um sábado. Alexander de Almeida, o rei do camarote, comprava a bebida francesa para todos de seu cercadinho vip.
     A madrugada do sábado, dia 6 de agosto de 2016 representou o crepúsculo da casa. Deveriam estar presentes cerca de 400 pessoas. A balada esquenta pouco antes do meio da madrugada, mas o clima era de despedida. Sem discursos nem algo especial no roteiro, o negócio encerrou as portas para sempre às 6 horas. Sabe-se que é apenas questão de deslocamento da moçada de um ponto para outro da cidade. A casa termina lotada, sem precisar tocar funk, conforme comemora Caio Jahara, um dos sócios da Provocateur. Ele próprio reconhece que as pessoas querem experiências diferentes e por isso evitam visitar sempre um mesmo endereço. O aluguel mensal do ponto era de 33.000 reais, e o empreendimento funcionava apenas às quintas e aos sábados. 
     Depois de quatro anos de existência, uma das casas noturnas mais luxuosas da cidade virou abóbora.
(Fonte: revista Veja São Paulo - 17.08.2016 - João Batista Jr. e Juliene Moretti - parte) 
     

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