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5 de out. de 2011

Minerva Foods

          O frigorífico Minerva (BEEF3) foi fundado em 1992 pela família Vilela de Queiroz, em Barretos, interior de São Paulo. A empresa é controlada pela holding VDQ da família Vilela de Queiroz (28,2%), e pelo fundo Salic (21,4%), da Arábia Saudita.
          Em junho de 2017, numa vultosa transação do setor de frigoríficos, a Minerva adquiriu nove processadoras de carne do grupo JBS, numa só vez, pagando o montante de 300 milhões de dólares.
          Sob o ponto de vista estratégico, a Minerva alcançou uma relevante participação de mercado na América do Sul, tomando definitivamente a liderança no Paraguai, onde brigava com a JBS, e fazendo sua estreia na Argentina já como líder.
          Conforme enfatiza o CEO Fernando Galletti de Queiroz, a Minerva só conseguiu isso porque aproveitou um momento especial e raro. Para resolver seus problemas, a JBS precisava vender os preciosos ativos e com urgência.
          Na última semana de agosto de 2021, a Minerva celebrou as duas primeiras iniciativas de investimento no mercado da Austrália destinadas à aquisição das unidades frigoríficas especializadas em ovinos: Sharke Lake e Great Eastern Abattoir, localizadas na costa oeste da Austrália.
          Em 2 de dezembro de 2021 Minerva Foods concluiu a aquisição dos frigoríficos de cordeiro Sharke Lake e Great Eastern Abattoir. O inícia das operações de abates ocorreria em dezembro de 2021. A aquisição é resultado de uma joint venture com a Salic, gestora ligada ao reino da Arábia Saudita e maior acionista da Minerva.
          Em 21 de outubro de 2022, o frigorífico Minerva a compra da empresa Australian Lamb Company Pty Ltd, especializada em carne de ovelha. O negócio será fechado por meio da joint venture Australia, constituída entre a Minerva Foods Australia (65%) e o Salic, fundo soberano da Arábia Saudita (35%). O aporte total será de US$ 260 milhões, sendo US$ 169 milhões pela Minerva e US$ 91 milhões pela Salic. A Australian Lamb possui 30 anos de experiência e atende os principais clientes do setor na Austrália e os principais mercados premium do mundo, segundo a Minerva. A empresa possui uma capacidade de abate de ovinos de 3,78 milhões de cabeças/ano, que, somadas às unidades frigoríficas da Minerva, Shark Lake e Great Eastern Abattoir, totalizam uma capacidade nominal de 4,78 milhões de cabeças/ano, ou 15% do abate total de ovinos do mercado australiano. A Australian Lamb conta com duas unidades frigoríficas no estado de Victoria e está entre os principais operadores de ovinos do país, com cerca de 93% das vendas dedicadas a exportação e acessando mais de 70 destinos internacionais, como Estados Unidos (40% das exportações), Japão, Coreia do Sul e países da Europa e Oriente Médio.
          Em informação divulgada em 31 de janeiro de 2023, a Minerva assinou contrato vinculante referente à aquisição da Breeders and Packers Uruguay (BPU Meat), uma subsidiária da NH Foods Group (NH Foods). O investimento total é de aproximadamente US$ 40 milhões. Segundo a Minerva, a BPU Meat, localizada próxima a cidade de Durazno no Uruguai, é um dos mais modernos frigoríficos de carne bovina da América do Sul, com capacidade de abate de 1.200 cabeças/dia e utilizando da mais alta tecnologia no processo industrial, produz e exporta carne bovina do Uruguai com os mais elevados índices de qualidade e segurança sanitária. Atualmente, a unidade frigorífica destina cerca de 85% de suas vendas para o mercado internacional, em especial para destinos com alta capacidade de renda e demanda por produtos premium, como Europa, Estados Unidos, Japão, Coréia do Sul e China. “Com a referida aquisição a Minerva Foods passa a ser líder na produção de carne bovina no Uruguai, com uma capacidade total de abate de 3.700 cabeças/dia, distribuídas por 4 unidades frigoríficas: Pul, Carrasco, Canelones e, agora, BPU”, explicou a companhia.
          Em 22 de junho de 2023, a Minerva assinou um acordo de parceria com a National Agriculture Development Company (NADEC), uma das maiores empresas agrícolas de processamento de alimentos do Oriente Médio e Norte da África. A expectativa é de que o acordo maximize oportunidades de vendas na região, tanto para produtos bovinos quanto ovinos, possibilitando à Minerva se consolidar ainda mais como uma grande exportadora de carne in natura, com presença em todos os continentes. A
Nadec foi fundada em 1981 e é uma das primeiras empresas industriais de alimentos e agricultura do Reino, além de ser uma das maiores empresas do setor no Oriente Médio e Norte da África, com atividades que vão desde produtos lácteos, sucos, vegetais e vários alimentos até mais de 200 produtos com alto valor nutricional para melhorar o estilo de vida.
          Em 28 de agosto de 2023, na maior transação de sua história, a Minerva concordou em comprar 16 plantas de abate e desossa na América do Sul e um centro de distribuição da Marfrig por R$ 7,5 bilhões. Onze fábricas estão no Brasil, três no Uruguai, uma na Argentina e uma no Chile – este último é um mercado novo para a Minerva.
          Os ativos objetos da transação são os seguintes:
               - no Brasil as seguintes unidades de abate de bovinos: Alegrete, no Rio Grande do Sul; Bagé, no Rio Grande do Sul; Bataguassu, no Mato Grosso do Sul; Chupinguaia, em Rondônia; Mineiros, em Goiás, Pontes e Lacerda, no Mato Grosso, São Gabriel, no Rio Grande do Sul, Tangará da Serra, no Mato Grosso e três unidades inativas;
               - na Argentina a unidade de abate de bovinos de Villa Mercedes;
               - no Chile a unidade de abate de ovinos Patagonia;
               - e no Uruguai: as seguintes unidades de abate de bovinos Colônia, Salto e San José.
          O acordo é estratégico para ambas as partes. Por um lado, a Marfrig consolida sua posição como empresa multimarcas e com produto final de maior valor agregado (reduzindo, assim, sua alavancagem), enquanto a Minerva segue sua vocação de empresa de commodities. Anteriormente fornecedora da BRF, a Minerva formalizou contratos com a Marfrig para fornecimento de matéria-prima para processamento em alguns desses mercados.
          “As empresas estão aprimorando seu foco. Estamos aplicando nossa diversificação geográfica, de países e também de estados, passando de 47% para 52% do Brasil em carne bovina. Na carne de cordeiro, que antes estava concentrada na Austrália, agora 25% está no Chile”, disse Fernando Queiroz, CEO da Minerva, ao Valor.
          Segundo Queiroz, essa conversa provavelmente tem cerca de 15 anos. “Sempre achamos que fazia sentido e as empresas amadureceram ao longo dos anos, nas suas estratégias e nas suas conversas. Não temos nenhuma sobreposição agora, é uma situação em que todos ganham”, disse ele.
          Com 16 plantas, a Minerva tem aumento de 44% na capacidade de abate com a aquisição, sendo o maior pure player da região e com maior número de plantas certificadas para exportação para a China. A capacidade adicional de abate é de quase 13.000 cabeças por dia para bovinos e 6.500 cabeças por dia para ovinos.
          A Minerva pagou no ato à Marfrig R$ 1,5 bilhão, e os R$ 6 bilhões serão desembolsados após aprovações regulatórias. A Minerva possui uma linha de crédito garantida pelo J.P. Morgan por 18 meses, podendo depois substituí-la por dívida do mercado de capitais, como bond, debênture ou certificado de recebíveis do agronegócio (CRA). Mas Edison Ticle, diretor financeiro da empresa, explica que o impacto na dívida, que inicialmente aumenta a alavancagem para 3,2 vezes, é menor do que o número sugere.
          “Esta é a 20ª aquisição que Fernando e eu (Edison Ticle) fizemos juntos aqui na Minerva. “Estamos mantendo as fábricas e as pessoas, sem os trabalhadores administrativos. É plug and play”, disse ele.
(Fonte: Dicas de Hoje - 27.11.2021 / Valor - 03.12.2021 / Estadão - 21.10.2022 / Dica de Hoje Research - 31.01.2023 / 23.06.2023 / Nord Research - 23.06.2023 / Valor - 28.08.2023 / Dica de Hoje Research - 29.08.2023 - partes)


English version:
          Minerva, which does not reject the epithet of "tediously predictable", in June 2017 agreed to acquire nine meatpackers from JBS at one time, paying about $300 million to its competitor in the largest transaction of the beef industry since 2009.
          If the market was especially surprised by the negotiations’ speed, the purchase of JBS beef operations in Argentina, Paraguay and Uruguay also pleased. "It was good for both parties," a senior industry executive said.
          From a strategic point of view, Minerva captured a relevant share in South America, definitively taking the lead in Paraguay — where it was fighting for it with JBS — and making its debut in Argentina as the country's leader. With the deal, Minerva's annual net revenue is expected to jump to R$13.7 billion from R$10.5 billion. The company's slaughtering capacity, in turn, increases by more than 50%.
          Minerva CEO Fernando Galletti de Queiroz emphasized a particular aspect of the deal. Under standard temperature and pressure, the company founded in 1992 in Barretos, São Paulo, could hardly achieve a leading position in Mercosur, even if only because JBS would not give up its operations in the region in a moment of a lull.
          "Instead of having small and timely acquisitions, we have closed a package according to our business plan," Mr. Galletti said. With this package, the company controlled by the Vilela de Queiroz family and the Saudi Arabia’s Salic fund "practically completed its business expansion cycle."
          The lack of a prior due diligence caught the attention of analysts, who questioned Minerva executives. In early 2016, one analyst recalled, Minerva canceled the acquisition of Frisa precisely due to non-compliance with due diligence. Still on the issue, Mr. Galletti recalled that JBS operations in Uruguay, Paraguay and Argentina are audited by KPMG, which makes the process "much simpler," he said. In the case of Frisa, the situation was more complex because the company was not audited by one of the big four — KPMG, Deloitte, EY and PwC.
(Fonte: jornal Valor - 07.06.2017)


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