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2 de out. de 2011

Telebras

          Por volta de setembro de 1994, enquanto milhares de pessoas se acotovelavam nas filas na disputa por um telefone, a Telebras - Telecomunicações Brasileiras S.A., que cantava aos quatro ventos sua pretensa eficiência, se deu ao luxo de comprar centrais de telefonia e deixá-las estocadas.  Foi o que aconteceu com cerca de metade das 720.000 linhas encomendadas pela estatal, em julho de 1993. O problema foi que, na hora de colocar as linhas em operação, ela não tinha providenciado a infra-estrutura necessária. Resultado: além de só ver os telefones de que precisava em comerciais no horário nobre, o contribuinte teve que arcar com um custo de estocagem que beira 1 milhão de dólares anuais.     
          A Telebras foi privatizada em 1998 e gerou 13 "filhotes", considerando as empresas de telefonia fixa e móvel.
          Antes da privatização do setor, os brasileiros interessados em ter um telefone em casa tinham de entrar numa fila de espera que demorava meses e até mesmo anos. Era um bem tão precioso, e caro, que os contribuintes eram obrigados a informar a posse da linha na declaração anual de imposto de renda.
          Hoje, instalar uma linha telefônica em casa demora poucos dias e sai praticamente de graça - basta pagar por seu uso. Antes da privatização, havia 800.000 linhas telefônicas no Brasil. Considerando números de meados de 2018, são mais de 40 milhões de telefones fixos e 240 milhões de telefones móveis em uso no país.
          Apesar do enorme sucesso da privatização da Telebras, o mais incrível é que essa é uma história inacabada. Em 2007, o governo Lula ressuscitou a Telebras, inicialmente para gerir os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações e, depois, em 2010, para cuidar do Plano Nacional de Banda Larga, cujo objetivo é universalizar o acesso à internet de alta velocidade até 2014.
A Telebras conduz programas que levam a internet a escolas e a áreas remotas do país. 
          Um estudo da Confederação Nacional da Indústria, coordenado pelo economista Claudio Frischtak, porém, mostra que não há, até o momento (meados de 2018), evidência de que a estatal tenha cumprido o propósito para o qual foi reativada. Além de depender de recursos do Tesouro tem de enfrentar velhos problemas de uso político - a empresa teve sete presidentes em oito anos. A saída recomendada: uma nova desestatização da Telebras.
          A Telebras é estatal federal responsável por fornecer o serviço de internet aos órgãos públicos.
          Com déficit de R$ 256 milhões em 2024 e dominada pelo Centrão, a Telebras planeja ampliar de 56 para 88 o número de cargos de indicação política. Os postos têm sido usados para empregar apadrinhados e parentes de lideranças ligadas ao União Brasil, partido da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A proposta contraria decisões judiciais que determinaram a redução do loteamento da estatal.
(Fonte: revista Exame - 28.09.1994 / 08.08.2018 / Estadão - 23.09.2024 / 01.06.2025 - partes)

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