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6 de out. de 2011

Instituto de Resseguros do Brasil - IRB

          O nacionalismo – que voltou à moda em muitos países – é o responsável pela criação de uma das atuais campeãs de rentabilidade da Bolsa. Em 1939, na ditadura do Estado Novo, nasceu o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Na época, o seguro de grandes riscos, que envolve valores muito elevados para que uma seguradora o assuma sozinha, era feito por empresas estrangeiras. O presidente Getúlio Vargas determinou então a criação do IRB, para que recursos não fossem mais enviados ao estrangeiro.
          De 1939 até 2007, o IRB deteve o monopólio do mercado de resseguros no País. Por volta de 2009, outros players entraram no segmento, mas o longo período em que reinou sozinha ainda rende frutos à companhia. O Instituto de Resseguros conta com uma base de dados que o ajuda bastante na hora de precificar os riscos das operações.
          A privatização do instituto em 2013 contribuiu para que a companhia se tornasse uma das queridinhas dos investidores. Nas mãos dos bancos Itaú e Bradesco, que detêm o controle junto com BB Seguridade, fundos de pensão e União, o risco de ingerência política é bastante minimizado
          O governo federal tem 11,7% das ações do IRB e uma "golden share", ação sem valor nominal mas com poder de veto em questões como transferência de controle, fusão ou mudança de nome da empresa, e que garante a indicação do presidente do conselho de administração.
          A BB Seguros e Participações detém 15,2%, mesma fatia do Bradesco Seguros. O Itaú Seguros, por sua vez, detém 11,1%. O Fundo de Investimentos em Participações Barcelona, da Caixa Econômica Federal, possui 3%.
          Nos primeiros meses de 2019, a resseguradora fez parceria com o C6 Bank, onde ajudou a estruturar o processo de oferta de seguros, criando uma parceria vantajosa para o futuro segmento do banco e angariando os resseguros das operações.
         Em fevereiro de 2020, em carta a seus clientes, a gestora carioca Squadra disse que havia “uma grande disparidade entre o preço e o valor nas ações da IRB Brasil e que encontrou indícios que apontam lucros normalizados (recorrentes) significativamente inferiores aos lucros contábeis reportados nas demonstrações financeiras da companhia.” Na segunda carta, a gestora voltou a ressaltar a existência de “ganhos ‘extraordinários’” classificados como recorrentes.
          Em 27 de fevereiro (2020), chegou a sair no jornal O Estado de S.Paulo que a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, tinha aumentado o investimento no IRB, o que dava a entender que estava reforçando posições. Em meados de março, a leitura das demonstrações financeiras do IRB do quarto trimestre de 2019 mostra que o ressegurador alterou alguns números que foram relevantes na análise da gestora Squadra sobre o tratamento dado pela empresa a provisões.
          Em 2 de março de 2020, o IRB Brasil RE comunicou a renúncia de Ivan de Souza Monteiro da presidência do conselho de administração, cargo que seria ocupado interinamente por Pedro Duarte Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal e membro do conselho da resseguradora.
          Em 4 de março de 2020 a Berkshire informa em comunicado que não é acionista da resseguradora brasileira, negando informações que circularam na mídia nos últimos dias. As ações do IRB despencam na bolsa de valores.
          No mesmo dia ocorrem as saídas de José Carlos Cardoso, presidente, e Fernando Passos, até então vice-presidente Executivo, Financeiro e de Relações com Investidores. Ambos apresentaram suas cartas-renúncia, que foram aceitas pelo conselho de administração da companhia.
          Na noite do mesmo dia 4 de março o IRB Brasil Resseguros anunciou que Werner Süffert foi eleito pelo conselho de administração para assumir a presidência da companhia interinamente, após renúncia de José Carlos Cardoso, na esteira de uma série de eventos que afetaram a confiança de investidores na resseguradora, resultando em uma queda de mais de 50% das ações da empresa desde o começo do ano. Süffert, que ocupava o cargo de diretor de finanças, relações com investidores e gestão de participação na BB Seguridade, assume ainda o cargo de vice-presidente-executivo, financeiro e de relações com investidores do IRB, uma vez que Fernando Passos também renunciou.
          No final de junho de 2020, o IRB conclui investigação independente, conduzida pela consultoria KPMG e pelo escritório Felsberg Advogados, a respeito da divulgação de informações sobre a base acionária da companhia. A apuração identificou os responsáveis por afirmar que a Berkshire Hathaway teria participação no IRB — o que logo foi desmentido pela companhia de Warren Buffett. A investigação também detectou a existência de irregularidades no pagamento de supostos bônus a um ex-diretor e a outros colaboradores do IRB e suas controladas, em montante de aproximadamente 60 milhões de reais. Foram verificadas, ainda, operações de recompra de ações da empresa, em fevereiro e março de 2020, que ultrapassaram em 2.850.000 ações a quantidade autorizada pelo conselho de administração. Segundo o IRB, “os responsáveis identificados por todas essas irregularidades não integram mais os quadros da companhia”.
          No início de maio de 2023, o IRB acerta pagamento de 5 milhões de dólares à SEC sobre notícia falsa do investimento da Berkshire Hathaway de Warren Buffett na empresa em fevereiro de 2020.
(Fonte: IstoÉDinheiro - 05.04.2019 / jornal Valor - 18.06.2019 / Apres. Apimec - novembro 2019 / Bol-Uol - 04.03.2020 / InfoMoney - 05.03.2020 / Valor - 16.03.2020 /Capitalaberto - 27.06.2020 - partes)

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