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6 de out. de 2011

Klabin

          A história da Klabin está intimamente ligada à construção do capitalismo brasileiro. Em 1890, o imigrante lituano Maurício Freeman Klabin criou uma tipografia e uma importadora de material para escritório em São Paulo. Quase uma década depois, em 1899, Maurício, seus irmãos Salomão e Hessel Klabin e seu primo Miguel Lafer entraram no setor de papel ao arrendar uma fábrica no interior de São Paulo. Estava fundada a Klabin. Posteriormente, construíram uma unidade própria. Nos anos 1920, além de papelão e papel para escrever, começaram a fabricar baralhos e bilhetes de trem.
          Nos anos 1930, a Klabin adquiriu a Fazenda Monte Alegre, no Paraná, onde em 1946 foi inaugurada a primeira fábrica de papel imprensa do Brasil. Ao longo das décadas seguintes, a Klabin explorou vários segmentos do setor - da produção de papéis sanitários à fabricação de celulose solúvel.
          Em 1997, a Klabin e a americana Kimberly Clark criam a joint venture Klabin-Kimberly para a fabricação de papéis sanitários, cada uma com 50% do capital.
          Em setembro de 1999, a Klabin e seus sócios, os fundos de pensão Previ e Petros, contrataram o engenheiro mecânico paulista Geraldo Haenel, ex-executivo da Suzano, para comandar a tentativa de recuperação da Riocell. 
          No começo dos anos 2000, já com a terceira geração das famílias Klabin e Lafer no comando, a empresa passou a focar a produção de papéis para embalagens e deixou setores tradicionais, como o de imprensa. No próprio ano de 2000, compra a Igaras, fabricante de papéis e embalagens de papelão, com oito unidades espalhadas pelo país. A Klabin pagou 510 milhões de dólares pela empresa, numa época em que seu faturamento não ultrapassava os 800 milhões de dólares.
          O então presidente do grupo e líder do processo de mudança em andamento na época, Josmar Verillo, explicou que a compra se deu num momento de incerteza no mercado e, além disso, gerou um aumento da dívida da companhia no curto prazo, mas teria sido fundamental para marcar posição nesse mercado. A Klabin possuía 18% do mercado de caixas de papelão ondulado. Após a compra da Igaras, essa participação subiu para 30%, garantindo sua liderança.
          Se o momento era de incerteza no mercado, a Klabin, particularmente, ainda tinha que conviver com os problemas da Riocell. "Vamos buscar um sócio estratégico para a operação de celulose", disse Verillo. Ou mesmo um comprador. A questão era saber se existiam interessados  numa empresa pouco econômica e debilitada por dívidas que até dezembro de 1999 alcançavam 160 milhões de dólares. Não havendo interessados, restava aos sócios da Riocell tentar fortalecê-la. Depois de anos, o plano de modernização e aumento da capacidade de produção foi desengavetado. Cerca de 135 milhões de dólares seriam investidos nos meses seguintes.
          Em maio de 2003, a Klabin anunciou a venda de sua fábrica de celulose, a Riocell, situada em Guaíba (RS), por US$ 610,5 milhões, para a Aracruz. Foi, provavelmente, uma das maiores tomadas de fôlego que uma empresa pode ter. Nove meses antes, em agosto de 2002, com o Brasil em polvorosa pela ascensão de Lula como candidato à presidência do país, o dólar nas alturas, a revista Veja escreveu em um texto sobre economia: "a falida Klabin".
          Em 7 de agosto de 2003, a Klabin vende as ações que possuía na então sócia Kimberly Clark, dona de marcas famosas como Neve, Camélia e Nice (papel higiêncio), Chiffon e Gourmet (pape-toalha), Klin e Kleenex (lenços de papel). O valor do negócio foi de US$ 134,4 milhões, correspondentes a R$ 408,1 milhões no momento do fechamento do negócio. A Klabin-Kimberly (joint venture criada em 1997) possuía quatro unidades industriais no Brasil (Santa Catarina, Bahia e duas em São Paulo) e uma na Argentina.
          A venda marca a saída da Klabin do mercado de papeis sanitários e acontece pouco depois de uma mal sucedida tentativa de lançar um papel higiênico umedecido. Maior produtora de papel do país, a Klabin usou o dinheiro para acelerar o processo de redução de sua dívida.
          O negócio fez parte ainda do plano da Klabin de focar seus negócios em áreas da indústria de embalagem (madeira, papéis, cartões e produtos de embalagem de papel). Segundo o diretor geral da Klabin, Miguel Sampol, "o negócio contribui para o fortalecimento do balanço da empresa e prepara caminho para um novo plano de crescimento dos negócios".
          Após o bom trabalho que Geraldo Haenel fez na Riocell, a Klabin escalou-o para o comando de sua controlada Bacel, fabricante baiano de celulose, com a mesma missão de recuperação. Recuperada, a Bacel foi adquirida pelo grupo indonésio April.
          No período especialmente abrangido pelos anos 2015 e 2016, sob o comando do presidente Fabio Schvartsman, todos os investimentos florestais da Klabin ficam em linha com uma nova expansão da capacidade industrial da empresa. Batizado de Projeto Puma, em homenagem à onça-parda que vive na região, a fábrica da cidade de Ortigueira, no interior do Paraná, exigiu investimentos de 8,5 bilhões de reais ao longo de dois anos e começou a operar em 2016 (a fábrica foi oficialmente aberta em 28.06.2016). São 200 hectares de área total construída na unidade Puma. A dívida da empresa atinge 6,6 bilhões de reais, em meados de 2016. Sua capacidade instalada quase que dobrou.
          O equipamento de lavagem da fibra de celulose adquirido é mais eficiente que a média, e com isso usa menos água. Isso porque o circuito de abastecimento da unidade Puma é fechado e permite a reutilização da água de alguns processos em outros. E, importante: na unidade Puma, os gases à base de enxofre liberados no processo de produção da celulose, que geram um odor desagradável às fábricas do setor, não serão perceptíveis. Isso porque esses gases não são diretamente liberados na atmosfera, mas coletados para reaproveitamento na queima das caldeiras e dos fornos.
          Agora, somada à liderança na produção e exportação de papéis para embalagem e embalagens de papel no país, a Klabin se torna a única empresa brasileira a fornecer ao mercado, simultaneamente, celuloses branqueadas de fibra curta (eucalipto), de fibra longa (pínus) e celulose fluff produzidas em uma fábrica inteiramente projetada para essa finalidade. Produz também cartões para embalagens, embalagens de papelão ondulado e sacos industriais, além de comercializar madeira e toras.
          A empresa possui atualmente 18 unidades industriais – 17 no Brasil, localizadas em sete Estados, e uma na Argentina. Os produtos produzidos pela Klabin são exportados para mais de 60 países, sendo a única fornecedora de cartões para líquidos na América Latina. Cerca de 13.000 funcionários trabalham na empresa. A Klabin possui 450 mil hectares de florestas, sendo 239 mil hectares de florestas plantadas e 211 mil hectares de florestas nativas.
          A Klabin, sempre presente no centro da cidade de São Paulo com sua sede administrativa, instalou-se na Rua Formosa (Vale do Anhangabaú) em 1953. Em 2008, transferiu-se para a Avenida Faria Lima.
          No final de março de 2017, o mercado recebe com certa surpresa a notícia de que o CEO Fabio Schvartsman deixaria a empresa para assumir o comando da Vale. Para o seu lugar foi alçado o executivo Cristiano Teixeira.
          No início de fevereiro de 2019, após meses de negociação, a Klabin teria chegado a um entendimento com seus controladores para pôr fim ao pagamento de royalties pelo uso do nome de uma das famílias fundadoras. Para o acerto, o contrato de royalties deve ser avaliado entre R$ 350 milhões e R$ 450 milhões.
          Em 16 de abril de 2019, o conselho de administração aprova a execução do novo ciclo de crescimento da companhia, batizado Projeto Puma II, com investimentos de R$ 9,1 bilhões e desembolsos entre 2019 a 2013. As duas novas máquinas, que serão instaladas em Ortigueira (PR), terão capacidade total de 920 mil toneladas por ano de papéis kraftliner.
          A Klabin informou em 26 de julho de 2019, que firmou acordo de associação com um fundo de investimento florestal — Timber Investment Management Organization (Timo, na sigla em inglês) — em sua controlada Sapopema Reflorestadora.  A associação terá como objetivo principal a exploração da atividade florestal no Estado do Paraná. A contribuição da Klabin para formação do patrimônio da Sapopema se dará através do aporte de 8 mil hectares de florestas plantadas, equivalentes a R$ 114 milhões. O Timo contribuirá com o montante de até R$ 325 milhões em caixa. Os recursos aportados na Sapopema financiarão a aquisição de aproximadamente 15 mil hectares brutos de terra, que equivalem a cerca de 9 mil hectares de efetivo plantio, investimentos na formação de florestas e capital de giro.
          Em novembro de 2019, depois de tomar empréstimos de US$ 1,045 bilhão com um consórcio de bancos liderado pelo BID Invest e com a Finnvera, agência de crédito à exportação da Finlândia, a Klabin anunciou a contratação de uma linha de financiamento de até R$ 3 bilhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para executar o projeto de expansão Puma II.
          No final de março de 2020, a Klabin comprou o negócio de embalagens de papelão ondulado da International Paper (IP) Embalagens no Brasil, localizada em Nova Campina (SP) por R$ 330 milhões. Com a aquisição, a companhia, que detinha fatia de cerca de 17% nesse mercado, se consolida na liderança agregando os 6,6% detidos pela concorrente americana. O negócio foi concluído em 14 de outubro de 2020. Em 24 de junho de 2020, a Klabin informou que assinou um acordo para venda da fábrica de Nova Campina para o grupo alemão Klingele Paper & Packaging por 196 milhões de reais. A venda inclui somente a fábrica. Não abrange as florestas e a clientela.
          Em 21 de julho de 2020, o conselho de administração da Klabin, pela maioria dos seus membros independentes, aprovou a incorporação da Sogemar, sociedade detentora da marca Klabin e derivadas, por meio da emissão de 92.902.188 ações ordinárias da companhia em favor dos acionistas da Sogemar. A Sogemar pertence a membros da família Klabin. A quantidade de ações objeto da negociação corresponde ao valor de R$ 367 milhões. Caso a incorporação seja concluída, resultará na transferência da Sogemar para a Klabin do contrato de licença de uso da marca Klabin e suas derivadas, em produtos de papelão ondulado e cartões que em 2018 representaram 56% do faturamento.
          Na noite de 26 de novembro de 2020, a Klabin realizou uma assembleia geral extraordinária para que os acionistas votassem a proposta de incorporação da Sogemar, e conforme esperado, a maioria decidiu seguir adiante com a transação e, como resultado, a Klabin cessará o pagamento de royalties à Sogemar e passará a deter a marca “Klabin” e outras seis marcas anteriormente pertencentes à Sogemar. Os termos pactuados incluem a emissão de 69,4 milhões de novas ações ordinárias em favor dos acionistas da Sogemar, que agora correspondem a um valor de R$ 336 milhões a preços do dia da assembleia e a criação de comitês de assessoramento ao conselho da Klabin.
          No final de novembro de 2020, a Klabin convocou assembleia geral extraordinária para o dia 4 de janeiro de 2021 para deliberar sobre proposta de incorporação de sua subsidiária Riohold Papel e Celulose. A incorporação tem o objetivo de integrar as unidades de Paulínia, Suzano, Franco da Rocha, Rio Verde e Manaus, adquiridas da International Paper Brasil, aos sistemas de operação e gerenciamento da Klabin.
          No início de maio de 2021, a Klabin aprovou a atualização da segunda etapa do Projeto Puma II, para a instalação de uma máquina de papel-cartão. A alteração demandará um investimento bruto adicional de R$ 2,6 bilhões.
          A primeira máquina Puma II, MP 27, entrou em operação em agosto de 2021. Com capacidade de produção de 450 mil toneladas de papéis para embalagens por ano, possibilitou a produção do primeiro kraftliner 100% eucalipto do mundo, o Eukaliner. As vantagens desse papel inovador, utilizado em embalagens de papelão, incluem a necessidade de menos terreno para produção, alta resistência em baixa gramatura e alta qualidade de impressão.
          Em 6 de março de 2023, a Klabin divulgou que iniciou a operação da nova onduladeira na unidade de embalagens de papelão ondulado em Horizonte, no Ceará, com capacidade adicional de produção de 80 mil toneladas por ano. O texto destaca que, com a entrada em operação da nova onduladeira, “a empresa se consolida como a principal fornecedora de embalagens de papelão ondulado nas regiões Norte e Nordeste”.
          Em comunicado de 9 de junho de 2023, a Klabin informa o início das operações da segunda fase do Projeto Puma II com a partida da máquina de papel-cartão (“MP 28”). A segunda etapa do Projeto contemplou a construção de uma nova máquina de papel-cartão, integrada a linhas de fibras complementares, com capacidade de produção de 460 mil toneladas por ano e flexibilidade para produzir White Top Liner e Kraftliner.
          Em 21 de setembro de 2023, a Klabin inaugurou o projeto Puma II, o maior investimento em seus 124 anos de história. O projeto é o culminar de um ciclo de crescimento que incluiu investimentos de R$ 21,4 bilhões no estado do Paraná, abrindo novos mercados para a empresa, consolidando sua posição como um dos maiores fornecedores mundiais de papelcartão e aumentando sua exposição aos mercados premium .
          Originalmente, as duas máquinas Puma II seriam “gêmeas” dedicadas à produção de kraftliner, um mercado mais comoditizado do que o papelão. No entanto, uma mudança percebida no comportamento do consumidor em relação a alimentos e bebidas e a expansão da capacidade global de produção de kraftliner levaram a Klabin a revisar seus planos e converter a segunda máquina para papel cartão.
          Com a expansão, a unidade Puma atingirá uma produção anual de mais de 2,5 milhões de toneladas, sendo 1,6 milhão de toneladas de celulose por ano e 910 mil toneladas de papel (Eukaliner e papelão) por ano.
          Em 20 de dezembro de 2023, a Klabin informa que acertou a compra dos ativos florestais da Arauco, concentrados sobretudo no Paraná, por US$ 1,16 bilhão, equivalente a R$ 5,8 bilhões ao câmbio do dia, em operação que é estratégica para seus negócios no Estado. A aquisição engloba 150 mil hectares totais, dos quais 85 mil hectares de plantio de pinus e eucalipto, e 31,5 milhões de toneladas de madeira em pé, garantindo à companhia brasileira autossuficiência em matéria-prima na região.
          Em 22 de abril de 2024 a Klabin informa, em fato relevante, o início das operações da nova unidade de papelão ondulado (“Projeto Figueira”) localizada na cidade de Piracicaba, Estado de São Paulo.
          A Klabin é a maior produtora de papéis para embalagens e papelão ondulado do Brasil. A capacidade de produção da empresa é de 4,7 milhões de toneladas de celulose e papel por ano.
(Fonte: revista Exame - 04.10.2000 / jornal Folha de S.Paulo - 07.08.2003 / revista Exame - 04.08.2004 / Melhores&Maiores - 2015 / Linkedin / revista Exame - 23.11.2016 / jornal Valor International edition - 28.03.2017 / 01.02.2019 / 17.04.2019 / 26.07.2019 / 06.11.2019 / 30.03.2020 / EM EmbalagemMarca - 24.06.2020 / ValorInveste - 22.07.2020 / Comunicado Klabin - 14.10.2020 / ValorInveste - 27.11.2020 / 30.11.2020 /Abrasca - 13.03.2022 / Valor - 22.09.2023 / 21.12.2023 - partes)

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