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1 de out. de 2011

Vulcabras - Azaléia

          A fabricante de calçados Vulcabras foi comprada pela família Bartelle na década de 1980.         
          Quem não se lembra daqueles comerciais da Vulcabras que tinham garotos-propaganda como os ex-governadores Paulo Maluf e Leonel Brizola e ainda o ex-presidente do Corinthians Vicente Matheus? Pois bem, guarde-os na memória. Aquela Vulcabras deixou de existir. Os famosos sapatos masculinos 752 (levam esse nome porque a empresa foi fundada em julho (mês 07) de 1952), continuam sendo vendidos. Mas, esses modelos deixaram de ser o carro chefe depois que a mudança no mercado de calçados masculinos ficou clara para a empresa da família Grendene, proprietária da Vulcabras. Em 2002 as vendas representavam pouco mais da metade do milhão de pares que a companhia chegou a vender no auge, no final dos anos 1980.
          No início da década de 1990 a Vulcabras já tinha se mexido: trouxe para o Brasil a marca Keds, então uma das oito do catálogo da americana Stride Rite. E partiu para o licenciamento e distribuição de tênis. Começou pela Adidas e passou pela Puma. Em 1999, passou a exportar o tênis Reebok, de quem era associada desde 1992 numa operação de importação dos tênis da marca americana. Só nos primeiros três anos exportou 600.000 pares. Em dezembro de 2001, a fábrica de Horizonte, no Ceará, inaugurada em 1996, que já produzia o Reebok, começou a exportar tênis da marca Keds para Israel, Argentina, Uruguai, México, Grécia e Portugal.
          Em 12 de julho de 2007 a Vulcabras anunciou a compra da Calçados Azaléia, por meio de sua subsidiária Vulcabras do Nordeste. A Vulcabras passa a deter 51,28% do capital total da Azaléia. A empresa triplicou de tamanho ao fazer a maior aquisição da sua história. A Vulcabras obteve receita líquida de R$ 444,64 milhões em 2006; a da Azaléia foi de R$ 791,58 milhões. A Azaléia, fabricante dos produtos AZ, Dijean, Funny, Opanka e Olympikus, produzia então 45 milhões de pares de sapatos por ano e empregava 14 mil funcionários. De toda a produção, 18% eram exportados para mais de 80 países.
          Os anos se passaram e a Vulcabras, não obtendo os resultados esperados com a aquisição (da Azaléia),  teve que mais que cortar na carne para melhorar os resultados. Pouquíssimas empresas brasileiras enfrentaram angústia existencial de forma tão intensa. É para entrar para a história do capitalismo brasileiro. Em 2011, a empresa inicia uma das reestruturações mais drásticas que o país já viu. Num período de três anos foram demitidos 22.000 funcionários, quase metade do total. Era uma questão de vida ou morte. Prejuízos vultosos e dívida assustadora. No processo, 25 das 29 fábricas da Vulcabras foram fechadas. Para o trabalho, Pedro Grendene, dono da Vulcabras, contratou o consultor Claudio Galeazzi, especialista em corte de custo, conhecido no mercado como "mãos de tesoura", que, na prática, assumiu o dia a dia da empresa.
          A empresa perdeu o passo com a Azaleia - que foi a principal marca e foi referência em sapatos femininos do país nas décadas de 1980 e 1990. Acabou ficando perdida dentro da companhia, que havia decidido investir em sua linha de calçados esportivos. Sem lojas em shopping ou investimentos na modernização de coleções, a Azaleia perdeu marcado para concorrente como a Arezzo. A Vulcabras agora aposta no retorno da Azaleia. A Olympikus não tenta mais brigar de igual para igual com Nike e Adidas - agora a maioria de seus tênis custa valor inferior ao tíquete médio das rivais estrangeiras.
          A Olympikus e a Azaleia não se completavam, se atrapalhavam. Por isso, desde o fim de 2014, as estruturas ganharam administrações distintas: a marca esportiva é desenvolvida em Jundiaí (SP), enquanto os sapatos femininos são criados em Parobé (RS). Pedro Grendene Bartekke Filho, é o diretor presidente da Vulcabras/Azaleia.
          A empresa, além de dona das marcas Olympikus, Azaleia, Opanka, Dijean é também proprietária da marca OLKl. A Olympikus tem participação de aproximadamente 80% nos resultados da empresa.
          A partir de 2018, a Vulcabras Azaleia comprou os direitos de ser a distribuidora oficial da marca Under Armour no país. A consolidação dos dados da Under Armour fez parte do balanço do último trimestre de 2018 da Vulcabras.
          Em 21 de setembro de 2020, a Alpargatas, dona das marcas Havaianas e Osklen, divulga a venda da operação da Mizuno no Brasil à Vulcabras Azaleia por R$ 200 milhões. A Mizuno está presente no Brasil há mais de 20 anos e faturou aproximadamente R$ 444 milhões em 2019.
          Com esse negócio, a Vulcabras dá um passo definitivo para se tornar uma empresa apenas de calçados esportivos - a companhia também é responsável pela produção das marcas Olympikus e Under Armour.
          Para se concentrar nesse setor, a Vulcabras vai terceirizar a marca de calçados femininos Azaleia, que pertence à companhia e existe desde 1956. O nome será repassado à concorrente Grendene, conhecida por fabricar as sandálias Melissa e Ipanema, entre outras. Nesse processo de concentrar o portfólio, a Vulcabras também vai descontinuar a Dijean, enquanto tenta encontrar um interessado na marca.
          O licenciamento da marca Azaleia para a Grendene, permitiu um foco maior no segmento esportivo. Com os negócios de Olympikus, Mizuno e Under Armour, a Vulcabras se vê hoje como uma sportech, uma casa de marcas do esporte que quer explorar a disposição do brasileiro em praticar mais atividades físicas.
          No comando da Vulcabras, o executivo Pedro Bartelle vende a rapidez no desenvolvimento de produtos e na reação ao mercado como um diferencial da companhia, sobretudo à frente de negócios com marcas estrangeiras como a Mizuno, do Japão.
 (Fonte: jornal Folha de S.Paulo - 13.07.2017 / revista Exame - 10.07.2014 / jornal O Estado de S.Paulo - 17.08.2015 / Valor - 21.09.2020 / ElevenFinancial - 25.09.2020 / Estadão - 15.03.2024 - partes)

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