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6 de out. de 2011

Hopi Hari

          Fundado em 1999, em Vinhedo, interior de São Paulo, o parque temático Hopi Hari tinha como controlador o fundo GP Investments, além dos fundos de pensão Previ (do Banco do Brasil), Funcef (da Caixa Econômica Federal), Petros (da Petrobras) e Sistel como acionistas. O investimento, na época estimado em US$ 200 milhões, apenas na sua construção, foi idealizado para ser um complexo de diversão à altura dos parques temáticos americanos.
          Mais especificamente, o objetivo era reproduzir a fórmula de sucesso do Magic Kingdom, a unidade mais famosa do complexo de Walt Disney Company, em Orlando, na Flórida. O projeto foi fundamentado em um cenário econômico de mundo da fantasia: inflação controlada, real valendo mais que o dólar, aumento de renda da população e economia em expansão. A expectativa era de que pelo menos parte dos 300.000 brasileiros que viajavam todos os anos para os parques da Disney em Orlando passasse a frequentar também o complexo de entretenimento.
          A inauguração do parque se deu com grande pompa e reuniu Xuxa, Angélica e Eliana, as então "rainhas dos baixinhos".
          Uma onda de fundos começou a investir em parques temáticos no início dos anos 2000, mercado que era considerado resiliente, mas os retornos não foram como o esperado.
          Parte dos pilares que sustentavam o plano de negócios do Hopi Hari, no entanto, desmoronou antes mesmo de o parque abrir as portas. No início de 1999, o real sofreu uma brutal desvalorização. Logo depois, a economia brasileira iniciou um período de quase estagnação. Mesmo com a volta do crescimento, as projeções de atrair 3 milhões de visitantes e alcançar um faturamento de 200 milhões de reais por ano jamais se concretizaram.
          Construído à beira da rodovia dos Bandeirantes, a 70 quilômetros de São Paulo, o Hopi Hari fica no meio do nada. Longe da capital, seu principal polo gerador de visitantes, o empreendimento registra uma lotação desmedida nos fins de semana (o que, às vezes, torna o passeio um martírio), enquanto passa os outros dias da semana com público abaixo da média. A localização nos arredores do Aeroporto de Viracopos, o que seria uma vantagem, é hoje uma mera curiosidade, uma vez que apenas 19% dos visitantes vêm de outros estados - um número ínfimo para um parque de sua dimensão.
          Concorrentes nacionais menores, como o Beto Carrero World, em Santa Catarina, recebem cerca de 50% dos visitantes de outros estados e de países como Argentina, Chile e Uruguai. "Para ter um fluxo contínuo de visitantes, os grandes parques precisam estar dentro do mapa turístico. Sem essa condição, tornam-se inviáveis", diz Luiz Mauro, vice-presidente da US Travel Association, que representa no Brasil as operadoras de turismo americanas. Para se ter uma ideia, o Magic Kingdom, o parque que inspirou o Hopi Hari, tem 35.000 quartos de hotéis nos arredores. O Hopi Hari tem apenas 7.000.
          Os executivos do Hopi Hari dependem de uma linha de frente com 900 funcionários (considerando dados de abril de 2001) encarregados de vender ao público o sonho de um país imaginário. Os funcionários são chamados de cidadãos. Ou, em hopês, uma língua criada para o parque, habi taris. Ser fluente nessa língua - uma mistura de português, italiano, inglês e dialetos do Caribe - é considerado uma das regras mais importantes do jogo, segundo Marcelo Cardoso, então superintendente do Hopi Hari. Em dezembro de 2000, o Hopi Hari criou um concurso semestral para estimular o uso do hopês. Quem criava mais palavras aceitas pela direção do parque ganhava produtos temáticos de próprio Hopi Hari.
          Em 2008, o melhor ano de toda a história do parque, o Hopi Hari recebeu 1,8 milhão de turistas e faturou 70 milhões de reais.
          Cansados de prejuízos e acuados por uma dívida estimada em 500 milhões de reais, os controladores do negócio venderam em junho de 2009, por um preço simbólico, o parque aos sócios da consultoria Íntegra Associados, especializada em reestruturação de empresas, reunidos na HH II Participações. A empreitada foi considerada como um dos investimentos mais malsucedidos feito por esses fundos.
          A situação financeira da empresa foi agravada após o acidente, em 2012, no qual uma adolescente faleceu ao cair de um brinquedo no parque.
          Novos acionistas teriam ingressado no início de 2016. Se tudo já estava mal, em julho de 2016, a empresa passou por um revés, aprofundando sua crise. A Justiça de São Paulo autorizou o empresário Cesar Augusto Federmann, um dos credores da companhia, a fazer a retirada de uma montanha russa do parque. Essa montanha-russa era uma das grandes atrações e promessa de receita para a companhia.
          No início de agosto (2016), visitantes que tentaram entrar no Hopi Hari encontraram as portas fechadas. Segundo os funcionários da companhia, eles estavam em greve por conta de salários atrasados.
          Na quarta-feira, 24 de agosto de 2016, o parque de diversões Hopi Hari entrou com pedido de recuperação judicial. O pedido foi ajuizado, em conjunto com as controladoras HH Parques Temáticos e HH Participações, na 2ª Vara Cível da Justiça de Vinhedo (SP). Uma recuperação judicial foi assinada no mesmo mês pelo juiz Evaristo Souza da Silva, da 1ª Vara de Vinhedo. O processo foi movido para garantir o pagamento aos 1.700 credores, que incluem o BNDES e aproximadamente 1.000 funcionários. Outras 700 empresas e prestadores de serviço dividem o restante do "bolo", entre eles, a Warner Bros., parceira de licenciamento, dona dos personagens Superman e Pernalonga, que circulam por lá.
          O empreendimento trocou de dono em dezembro de 2016. O acionista controlador da companhia, Luciano Correa, da consultoria Íntegra, repassou suas ações pelo valor simbólico de 1 centavo a um amigo de infância, José Luiz Abdalla, dono da BR Realty, empresa de empreendimentos imobiliários. Pelo acordo, Abdalla assumiu o passivo do negócio. 
          Com apenas 20% das atrações em funcionamento, uma dívida de quase 600 milhões de reais e público que, muitas vezes não chegava a 100 pessoas por dia, o parque fechou suas portas em maio de 2017. Parecia estar enterrado para sempre.
          No sábado, 5 de agosto de 2017, porém, após três meses de reforma, o Hopi Hari é reaberto. Fachadas pintadas, sistemas de iluminação ajustados e brinquedos testados, como o pêndulo Vulaviking e a montanha-russa Vurang. Uma placa do Superman com 12 metros de altura e mais de 2 toneladas foi instalada no meio do looping da Katapul, a atração mais procurada. Trata-se de uma montanha-russa que nos tempos áureos, atraía 900 pessoas por hora. O parque vai operar inicialmente com 85% das atrações, o equivalente a 35 brinquedos.
          Na noite do domingo, 31 de outubro de 2021, o grupo Hopi Hari anunciou o fechamento de um acordo de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,8 bilhões) para a reestruturação, expansão e desenvolvimento do parque de diversões de mesmo nome com a Whitehall & Company LLC. Segundo nota, o acordo vai trazer maior tranquilidade financeira e ajudará o grupo a cumprir o plano de recuperação judicial que o parque enfrenta desde 2016.
Na noite do domingo, 31 de outubro de 2021, o grupo Hopi Hari anunciou o fechamento de um acordo de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,8 bilhões) para a reestruturação, expansão e desenvolvimento do parque de diversões de mesmo nome com a Whitehall & Company LLC. Segundo nota, o acordo vai trazer maior tranquilidade financeira e ajudará o grupo a cumprir o plano de recuperação judicial que o parque enfrenta desde 2016.
        O parque é dividido em áreas temáticas, com brinquedos como o elevador, barco viking, montanhas-russas, atrações voltadas para esportes radicais, espaço infantil e uma área inspirada no velho oeste.
Na noite do domingo, 31 de outubro de 2021, o grupo Hopi Hari anunciou o fechamento de um acordo de US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,8 bilhões) para a reestruturação, expansão e desenvolvimento do parque de diversões de mesmo nome com a Whitehall & Company LLC. Segundo nota, o acordo vai trazer maior tranquilidade financeira e ajudará o grupo a cumprir o plano de recuperação judicial que o parque enfrenta desde 2016.
(Fonte: jornal O Estado de S.Paulo / revista Exame - 18.04.2001 / 15.07.2009 / jornal Valor - 25.08.2016 / revista Veja São Paulo - 09.08.2017 / Fotos-msn - 26.02.2018 / Valor 01.11.2021 - partes)

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