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6 de out. de 2011

IBM

          Quando a companhia foi fundada, em 1911, era uma fabricante de bens para empresas, como cortadores de carne e queijo. Depois, passou para relógios, à tabulação, fabricando tabuladores de cartões perfurados, aos sistemas de transações, com as primeiras máquinas de processamento de dados comerciais. Em 1914, Thomas J. Watson Sr., aos 40 anos, associa-se à Computing-Tabulating-Recording Co., C-T-R, fabricante de relógios de ponto, balanças de carne, com sede em Endicott, estado de Nova York. Além de Watson, são também co-fundadores Charles Ranlet Flint. e Herman Hollerith (sim, ele que emprestou o sobrenome para os brasileiros que, há décadas, chamam o contracheque de "holerite").
          Em 1917, o Brasil é escolhido pela IBM para a abertura da primeira filial internacional. A empresa foi contratada para processar as informações do Censo de 1920. Acabou fincando raízes.
          Os anúncios publicados pela empresa, em 1920, já estampavam a diversificação de sua linha de produtos. Nesse ano, era lançada em Nova York a primeira impressora-calculadora, dando início ao moderno processamento de dados.
          Em 1924, Thomas Watson mudou o nome da empresa de Computing-Tabulating-Recording Company para International Business Machines (IBM). A empresa não tinha operações internacionais. Era uma declaração de intenções ambiciosa e ousada. As linhas no logo da IBM vão de maneira uniforme de cima abaixo, representando igualdade.
          A década de 1930, foi marcada pela difusão do slogan "Think", cunhado por Watson que se acabou formando o título da revista lançada pela IBM em 1935. Nos anos 1930, entraram em produção as máquinas de escrever elétricas.
          No Brasil, em 1939, a IBM inaugurava sua primeira fábrica, em Benfica, no Rio de Janeiro.
          Em 1953, chegam ao mercado os primeiros computadores para cálculos científicos, a linha IBM 701. Trata-se de uma evolução em relação ao Mark 1, o  calculador automático e digital para fins genéricos lançado nove anos antes.
          Thomas J. Watson Jr. ocupa o lugar do pai em 1956 e se torna o principal executivo da empresa. Um ano antes, ele fora capa da revista Time. A empresa vivia, então, dias turbulentos, acusada pelo governo americano de violar as leis antitruste.
          A decisão de Thomas Watson Jr, filho do fundador da IBM, em 1962, de desenvolver a família de computadores Sistema/360 custou à empresa US$ 5 bilhões. Embora a pesquisa de mercado sugerisse que apenas duas unidades seriam vendidas em todo o mundo, o resultado foi o primeiro computador do tipo mainframe (grande porte). A empresa passou por um período de grande sucesso e dominou a lista das empresas mais lucrativas do mundo.
          Nos anos 1980, contudo, entrou em declínio, depois que os computadores pessoais eclipsaram os de grande porte. Com a Microsoft, em 1981, a IBM fez um acordo que não lhe foi nada alentador. Ao conseguir que Bill Gates lhe licenciasse o sistema operacional MS-DOS, a empresa cedeu o controle da licença para todos os microcomputadores não-IBM. A decisão lançou as sementes do enorme sucesso da Microsoft e da queda da IBM.
          O primeiro prejuízo de sua história , de US$ 2,8 bilhões, ocorreu em 1991. A estrela se ofusca.
          Durante o ano de 1992, a anos anteriores, reaprender a competir - eis uma sentença que poderia servir como epígrafe à revolução que John Akers, presidente mundial da IBM desde 1986, vinha tentando imprimir à IBM, na luta para guiá-la de volta aos tempos de fausto e esplendor. Tratava-se de um reaprendizado penoso. Antes, os rivais contavam-se no dedos. Passaram a formar um regimento de 50.000 empresas de diferentes tamanhos e formatos - todas unidas no objetivo de tirar fatias da número 1. Para tentar fugir da decadência, a IBM fragmentava-se em unidades menores e despedaçava o o monolitismo - uma revolução que então chegava ao Brasil.
           Em 1993, o nova-iorquino Louis Gerstner assumiu o comando e deu início a uma das histórias de recuperação mais drásticas na história do mundo empresarial. Ele reorientou a empresa dos equipamentos para os softwares e a arrastou para a internet. Também acabou com os rígidos "silos" burocráticos da companhia, transformando a imagem sisuda da empresa, como ele explicou em seu livro Quem Disse que os Elefantes não Dançam?
          Gerstner comandou a construção do modelo de negócios que tirou a IBM do caminho da insolvência e a transformou na corporação ágil que obteve 81 bilhões de dólares de faturamento e lucro de 3,6 bilhões em 2002. Boa parte desse sucesso veio da sua iniciativa de diversificar os negócios, transformando a IBM de uma fabricante de máquinas numa vendedora de serviços. Sob o comando de Gerstner, a IBM passou a oferecer consultoria de tecnologia da informação (TI), suporte de sistemas e de processos, construção de portais e integração de redes, entre muitos outros serviços derivados da tecnologia.
          O sucessor de Gerstner em março de 2002, Sam Palmisano, que participara de toda a metamorfose empreendida por Gerstner no papel de diretor executivo, empreendeu outro tipo de virada. No período aproximado compreendido entre 2002 e 2010, a IBM se transformou de gigante da computação em gigante da consultoria - como se diz no jargão tão caro aos consultores, especialista em vender "soluções" tecnológicas, e não tecnologia, para as empresas.
          O primeiro passo concreto nesse sentido foi a aquisição, em outubro de 2002, da PwC Consulting, desmembrada da PricewaterhouseCoopers. O negócio envolveu 3,5 bilhões de dólares. De uma taca só, a IBM ganhou 30.000 consultores, que se uniram a outros 30.000 funcionários que já trabalhavam na área de consultoria de TI. Foi formada uma nova divisão, a Business Consulting Services (BCS), com 60.000 cérebros de um total de 300.000 empregados que a IBM mantinha em 160 países.
          Em 2005, a empresa vendeu sua divisão de PCs à chinesa Lenovo. De 2005 a 2010, o crescimento foi de 87%, feito que atraiu o investidor Warren Buffett. Vencendo sua notória alergia ao setor de tecnologia, Buffett comprou 5,4% da empresa em 2011. Ao anunciar o investimento, disse: "o que importa é o que a companhia faz no futuro".
          Em 2012, a executiva Virginia Rometty, ou simplesmente "Ginni", como é conhecida, assume o leme. Egressa na empresa em 1981, como engenheira de sistemas, passou os 30 anos seguintes escalando diligentemente os degraus empresariais, tendo se ocupado de uma série de diferentes tarefas financeiras, computacionais, gerenciais e analíticas. Ginni esteve por trás de um dos grandes sucessos na gestão Palmisano, a compra da divisão de consultoria da PwC, em 2002, por 3,5 bilhões de dólares.
          Em 2017, a IBM passa por momento delicado, com queda do faturamento e o salário da principal executiva aumentado para 33 milhões de dólares anuais. Ginni dá ênfase para as duas principais característica da IBM: uma empresa de inovação e que aplica novas tecnologias para transformar o modo como a sociedade realiza negócios. Ela garante que as tecnologias de inteligência artificial desenvolvidas pela IBM não estão pavimentando um futuro perigoso. Ela prefere usar o termo inteligência cognitiva. Defende que a ideia de um apocalipse protagonizado pelas máquinas, representa um desserviço à civilização. Cita a área de oncologia, dentro da medicina, como exemplo. Existe um déficit gigantesco de médicos nesse setor inclusive em países desenvolvidos. Com tecnologias como o Watson, da IBM, teríamos, segundo ela, a oportunidade inédita de levar um suporte de altíssimo nível a todos os seres humanos que precisam disso.
          Em 29 de outubro de 2018, a IBM coloca mais fichas no mercado de nuvem com a aquisição da empresa de nuvem e software livre Red Hat por valor aproximado de US$ 34 bilhões. O acordo, o maior na história da IBM, ajuda a companhia a se colocar como um player relevante nesse mercado. A IBM não foi ágil no desenvolvimento e oferta de tecnologia de nuvem, mercado dominado por companhias como Microsoft e Amazon, com a AWS (Amazon Web Services).
          A IBM é uma empresa com quase meio milhão de funcionários, mais que a população de uma cidade como Cleveland. A tecnologia da companhia é encontrada em 90% dos bancos no mundo, 80% das empresas aéreas e 70% de todos os negócios de capital aberto.
          Com sede em Armonk - Nova York, a empresa opera em mais de 170 países. Em 2033, obteve receita de US$ 60,5 bilhões. Em dezembro de 2021 tinha 282.100 funcionários.
(Fonte: livro Coletânea HSM Management - PubliFolha / revista Exame 22.07.1992 / 15.12.1999 / 26.11.2003 / 28.12.2011 / msn dinheiro / jornal Valor 11.02.2015 / revista Veja - 22.11.2017 / ÉpocaNegócios - 29.10.2018 - partes)

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