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2 de out. de 2011

Suzano

          A história da Companhia Suzano de Papel e Celulose remonta a 1924 quando o ucraniano Leon Feffer (1902-1999), que chegou ao Brasil em 1920, montou um distribuidor de papel no porão de sua casa no  bairro paulistano do Brás.
           Mais tarde, na unidade fabril, Feffer usava papel reciclado e celulose importada na fábrica que foi inaugurada em 1941, no bairro paulistano do Ipiranga. E procurava alternativas para reduzir sua dependência do mercado externo, onde era mais comum utilizar a celulose de pinheiro, de fibra longa. Já havia no Brasil vasta área plantada com eucalipto, utilizado para fazer dormentes de ferrovias e alimentar as caldeiras dos trens a vapor.
          Inicialmente eram misturadas as celuloses de eucalipto e pinheiro para fazer o papel. Foi só em 1950, incomodado com a dependência da celulose importada, que Leon Feffer resolveu estudar o uso do eucalipto australiano como insumo para produzir a fibra no Brasil. A aposta era que o Brasil, por suas características de solo e de clima, poderia ser um produtor de eucalipto de alta competitividade.
          O nome Suzano surgiu em 1955 quando a família comprou a indústria de papel Euclides Damiani em Suzano (SP).
          Na busca por uma alternativa local, o fundador da Suzano delegou ao filho Max (1926-2001) a missão de descobrir uma árvore que fornecesse as fibras necessárias para compor a matéria-prima da produção de papel. Durante três Max Feffer, comandou estudos para atingir escala industrial. Na época ninguém acreditava que se poderia fazer um papel de boa qualidade com o eucalipto, uma madeira dura e de fibra curta que não oferecia resistência para ser trabalhada em alta escala. Nos Estados Unidos, Max concluiu que o eucalipto, planta originária da Austrália, poderia cumprir a missão. O primeiro papel com celulose de eucalipto foi fabricado em 1957 e tinha apenas 30% da fibra na fórmula. Em 1961 (1965?), foi obtida a celulose 100% de eucalipto. Desde então, o aprimoramento não para. A Suzano praticamente mudou de rumo com a produção de celulose de eucalipto.
          Em 2000, a Suzano adquire a empresa de celulose Bahia Sul.
          Os filhos de Max Feffer, David e Daniel, se prepararam para assumir o comando da empresa e tinham isso como uma meta de vida. Mas, ao assumirem o dia a dia da companhia não se empolgaram tanto assim. Cerca de um ano depois resolveram passar para o conselho de administração. Na mesma quinta-feira, 8 de maio de 2003, em que a Suzano papel aderiu ao nível 1 de governança corporativa da Bovespa - que pressupõe mais transparência nas informações - David transferiu-se da presidência executiva para a do conselho de administração da Suzano Papel e Celulose. O comando da empresa foi entregue ao executivo Murilo Passos.
          Simultaneamente, o grupo criou uma holding, a Suzano, que controla todos os negócios da família. Na holding, presidida por David, estão instalados seus irmãos Daniel e Jorge, como vice-presidentes, e três executivos profissionais. Sua tarefa é conceber as estratégias do grupo, avaliar a compra de empresas, armar parcerias e zelar pela cooptação de talentos. Jorge começou a carreira como analista de sistemas no início da década de 1980, na sede da Avenida Paulista, cujo departamento passou depois para a Rua Luís Coelho a uma quadra da Avenida Paulista. Com o incêndio no Edifício Grande Avenida, onde ficava a sede da Suzano na Avenida Paulista, 1754, em 14 de fevereiro de 1981, a empresa se instalou em outro endereço nos Jardins. A tragédia só não atingiu números absurdos para a empresa porque era sábado. Mesmo assim, o incêndio matou 17 pessoas e destruiu completamente o edifício.
          A Suzano possuía, em março de 2016, 8.000 funcionários e era um dos grandes players brasileiros do setor de papel e celulose como Klabin, Fibria, e Eldorado. A Suzano é dona da marca Report (papel A4) e tem unidades fabris em Suzano e Limeira no Estado de São Paulo e Mucuri, na Bahia.
         Em dezembro de 2017, a Suzano comprou a Fábrica de Papel da Amazônia - Facepa, especializada em produzir papel higiênico e toalhas de papel. Com a Facepa, a Suzano passa a ser uma das líderes do mercado doméstico desse nicho. Dona das marcas Mimmo e Max Pure, já atingiu uma participação nacional de quase 10%. A empresa é líder nas regiões Norte e Nordeste, com participação mais relevante.
          Bem tarde da noite de 15 de março de 2018, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a consolidação entre a Suzano e a Fibria (o BNDES é sócio de ambas) e no dia seguinte as duas maiores produtoras mundiais de celulose de eucalipto confirmaram a combinação de seus negócios num montante de 35 bilhões de reais.
          A Suzano compra a totalidade das ações da concorrente com dinheiro e ações e a família Feffer, dona da Suzano, ficará com 45,5% da companhia resultante da operação. A união das duas companhias forma uma empresa com 49% do mercado mundial.
          Foi mirando um alvo a 17.000 quilômetros de distâncias que a Suzano deu o passo mais ambicioso de sua história ano anunciar a compra da Fibria. Para fazer frente à demanda monstruosa da insaciável China que Suzano e Fibria criaram uma empresa gigantesca de qualquer ângulo que se olhe. Suzano e Fibria produzem, juntas, mais de 9 milhões de toneladas de celulose por ano. Com 11 fábricas e 37.000 funcionários diretos e terceirizados, as empresas têm uma receita combinada de 22 bilhões de reais.
          Ao longo dos anos, em muitas ocasiões as famílias Feffer, dona da Suzano, e Ermírio de Moraes, controladora do grupo Votorantim, discutiram a possibilidade de fusão. Walter Schalka, presidente da Suzano, passou a ser presidente da nova companhia.
          Entre os maiores rivais internacionais da Fibria e da Suzano estão a americana International Paper, a Kimberly-Clark e a sueca Svenska Cellulosa. A Paper Excellence, do bilionário indonésio Jackson Wijaya, que em 2017 comprou a Eldorado Brasil Celulose da J&F Investimentos, tem investido para entrar nesse grupo de gigantes.
          A Suzano ingressou no mercado de tissue em 2018, inicialmente com foco nas regiões Norte e Nordeste. Mais tarde avançou para as regiões Centro-Oeste e Sudeste. A empresa possui fábricas de produção de tissue em Belém (Pará), Mucuri (Bahia) e Imperatriz (Maranhão), e unidades de conversão em Maracanaú (Ceará) e Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo).
          Em 20 de dezembro de 2019, a Suzano divulga sua intenção de investir pouco menos de R$ 1 bilhão, usando créditos de impostos, em novas linhas de maquinário de papel higiênico e papel toalha na unidade da Aracruz em Cachoeiro de Itapemirim (ES). Florestas também recebem investimentos na região.
          Em 28 de abril de 2022, a Suzano anunciou a aquisição da Vitex e da Parkia, operação avaliada em US$ 667 milhões. Em fins de junho (2022) a aquisição foi concluída.
          Em 30 de junho de 2022, a Suzano informa que pretende investir R$ 600 milhões em uma nova fábrica de papel tissue no Espírito Santo, aumentando em 35% a capacidade instalada desse tipo de papel, para 230 mil toneladas. Hoje, são 170 mil toneladas por ano, o que já coloca o dono das marcas Mimmo e Max Pure entre os grandes fabricantes locais. A futura fábrica, que também vai confeccionar papel higiênico e papel toalha, ficará localizada em Aracruz e terá capacidade de 60 mil toneladas por ano, com prazo de implantação de dois anos.
          Em 24 de outubro de 2022, a Suzano concordou em comprar a operação de papel tissue da Kimberly-Clark no Brasil. As duas empresas não revelaram o valor da transação, mas fontes estimam que os ativos da empresa norte-americana no país estejam avaliados em cerca de US$ 200 milhões. Com a aquisição, a Suzano terá 22% de participação de mercado e ganha força na região Sudeste, maior consumidora de papel higiênico do Brasil. Com a aquisição, a Suzano passa a ser dona de marcas tradicionais do varejo, como Neve, e de uma fábrica de tissue com capacidade anual de 130 mil toneladas em Mogi das Cruzes, São Paulo. A empresa já possuía fábricas de tissue em Mucuri (Bahia), Imperatriz (Maranhão) e Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo), além de unidades em Belém (Pará) e Maracanaú (Ceará). “A complementaridade de categorias de produtos e geografia nos permitirá aprimorar ainda mais o atendimento aos diferentes clientes e oferecer um portfólio mais completo aos consumidores de todo o Brasil”, disse Luís Bueno, diretor de bens de consumo e relações corporativas da Suzano, em nota. As demais marcas da Kimberly-Clark no país, como Kleenex e Scott, serão licenciadas para a Suzano por “prazo determinado”, conforme comunicado enviado pela Suzano à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
          A conclusão do negócio ocorreu em 1º de junho de 2023. A Suzano se tornou líder do mercado brasileiro de papéis tissue (segmento que inclui papel higiênico, lenços e papel toalha) ao assumir a operação do segmento no país da americana KimberlyClark. A aquisição de US$ 175 milhões (cerca de R$ 880 milhões) inclui uma fábrica em Mogi das Cruzes (SP), as marcas Neve e Grand Hotel e a licença para uso por tempo determinado das marcas Kleenex e Duramax. Com a compra, a Suzano, que entrou no segmento de papel tissue em 2017, passa a deter 24,3% do mercado brasileiro.
          Em maio de 2023, em parceria com startup finlandesa, a Suzano abre uma fábrica de tecido ecológico feito de eucalipto. A fábrica, localizada na Finlândia, é operada pela Woodspin – joint venture com participações iguais entre Spinnova e Suzano - e deve produzir mil toneladas por ano de fibra têxtil sustentável, reciclável e totalmente biodegradável, segundo a empresa. É a primeira operação industrial da Suzano fora do Brasil. A fibra Spinnova já foi utilizada por marcas de moda como Adidas, ARKET do Grupo H&M, Marimekko e Jack&Jones.
          Em 1º de julho de 2024, Schalka deixa a presidência da Suzano. Alberto Fernandez, ex-Rumo, assume. Segundo a empresa, de 2 de abril a 1º de julho os executivos vão trabalhar em conjunto na condução do processo de sucessão.
          A Suzano anunciou, em 21 de julho de 2024, o início das operações do Projeto Cerrado, com capacidade de produção anual de 2,55 milhões de toneladas de celulose branqueada de eucalipto. A nova fábrica fica em Ribas do Rio Pardo, estado do Mato Grosso do Sul. A nova fábrica de celulose da Suzano é a maior linha de produção de fibra curta de eucalipto do mundo. A unidade tem previsão de fabricar 900 mil toneladas em 2024. A partir de abril de 2025, ao fim da “curva de aprendizagem” (espécie de fase de testes operacionais), entrará no ritmo pleno da capacidade anual de 2,55 milhões de toneladas por ano. O investimento total no projeto foi de R$ 22,2 bilhões, o maior do país em um empreendimento industrial, ao longo de 2,5 anos.
(Fonte: jornal Gazeta Mercantil - 23.10.2002 - pág. 3 - Rita Karan / revista Exame - 11.06.2003 / 05.11.2008 / revista Época Negócios - março/2016 / jornal Valor - 16.03.2018 / revista Exame - 04.04.2018 / Valor - 20.12.2019 / 12.12.2021 / 23.06.2022 / 30.06.2022 / 24.10.2022 / Época Negócios 25.05.2023 / Estadão - 03.06.2023 / 29.02.2024 / Valor - 22.07.2024 / Estadão - 23.07.2024 - partes)

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