A revendedora e hoje também montadora de automóveis Caoa, foi fundada pelo empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade. Ele começou a carreira vendendo para a montadora americana Ford em 1979. Antes disso, porém, tentou ganhar dinheiro das mais diversas formas. Nasceu em João Pessoa, numa família de 17 irmãos. Na adolescência, vendia café aos clientes de um empório de secos e molhados do pai. Depois, comprou um Gordini Dolfini, carro de classe média da época, e virou sócio de uma frota de táxi.
Em meados dos anos 1960, vendeu o táxi, fez as malas, mudou-se para São Paulo e comprou um mercadinho no centro da cidade. Dois anos depois, voltou para a Paraíba, desta vez disposto a estudar medicina. Tornou-se um dos primeiros cirurgiões gástricos de Campina Grande e logo se manifestou o jeito de fazer negócios que o tornaria conhecido. Com a ajuda de um enfermeiro, Caoa (como é chamado o Carlos Alberto) monopolizou a realização de saturas no hospital - um serviço bem pago, mas desprezado pelos demais médicos. Começou a ganhar dinheiro a ponto de provocar uma revolta nos colegas, que se juntaram e desmontaram a parceria.
Em meados dos anos 1960, vendeu o táxi, fez as malas, mudou-se para São Paulo e comprou um mercadinho no centro da cidade. Dois anos depois, voltou para a Paraíba, desta vez disposto a estudar medicina. Tornou-se um dos primeiros cirurgiões gástricos de Campina Grande e logo se manifestou o jeito de fazer negócios que o tornaria conhecido. Com a ajuda de um enfermeiro, Caoa (como é chamado o Carlos Alberto) monopolizou a realização de saturas no hospital - um serviço bem pago, mas desprezado pelos demais médicos. Começou a ganhar dinheiro a ponto de provocar uma revolta nos colegas, que se juntaram e desmontaram a parceria.
Enquanto suturava clientes e irritava médicos, Caoa fazia negócios na cidade. Como não recebeu um veículo modelo Landau que comprara numa revenda falida, negociou com o dona para assumir a loja - que se tornaria a principal revenda da Ford no Nordeste com 90 carros vendidos por mês. Com dinheiro em caixa, Caoa comprava à vista com desconto e vendia do jeito que fosse para girar o estoque e começar de novo. Aceitava até pagamentos em cabeças de boi, sacos de cimento e lotes de tijolos. Abandonou a medicina e decidiu se mudar para Recife.
Em 1984 comprou duas concessionárias Ford em São Paulo e passou a incomodar a concorrência. Para ganhar mercado, abria aos domingos, algo então incomum. Dava descontos, fazia escambo, mas não perdia o cliente. No fim dos anos 1980, respondia, sozinho, por 30% das vendas da montadora no Brasil. Em meio à recessão de 1992, comprou de uma só vez 2000 carros Ford que estavam encalhados no pátio. Vendeu tudo. Até hoje, com 11 lojas, é o maior revendedor da empresa no país.
Em 1984 comprou duas concessionárias Ford em São Paulo e passou a incomodar a concorrência. Para ganhar mercado, abria aos domingos, algo então incomum. Dava descontos, fazia escambo, mas não perdia o cliente. No fim dos anos 1980, respondia, sozinho, por 30% das vendas da montadora no Brasil. Em meio à recessão de 1992, comprou de uma só vez 2000 carros Ford que estavam encalhados no pátio. Vendeu tudo. Até hoje, com 11 lojas, é o maior revendedor da empresa no país.
Foi uma série de infortúnios que o levaram a tirar a sorte grande - associar-se à montadora certa (Hyundai) no momento certo (ainda quando a marca era desconhecida). Em 1992, ele se tornou representante da francesa Renault no Brasil. Mas, três anos depois, a montadora começou a construir uma fábrica no Paraná e retomou os direitos de importação de seus modelos. Começou então a procurar outra marca para se associar. Em 1999, fechou com a nanica Hyundai, que tinha 0,27% de participação no mercado no Brasil e era igualmente irrelevante no resto do mundo.
Nos primeiros cinco anos, a parceria deu prejuízo. Mas logo em seguida tudo mudaria. Na última década, a Hyundai se estabeleceu como uma das principais montadoras do mundo. Em nenhum grande mercado fora da Coreia a Hyundai tem tanta força quanto no Brasil. É impossível atribuir com exatidão os méritos dessa transformação, mas é inegável que ela se deve a uma combinação de bons produtos e bons preços com uma avassaladora estratégia de marketing.
O empresário parece estar se preparando para uma nova fase - uma etapa em que o crescimento espetacular da última década dificilmente vai se repetir. E os desafios são muito diferentes daqueles que marcaram sua carreira de vendedor. Até 2007, Caoa e Hyundai tinham apenas um contrato de importação. Nos últimos anos, Caoa investiu 1,8 bilhão de reais em uma fábrica própria, na cidade goiana de Anápolis, inaugurada em 2007, para montar alguns modelos da marca.
A relação entre as duas empresas se tornou praticamente complexa em 2012, quando a Hyundai inaugurou uma fábrica própria em Piracicaba, no interior de São Paulo, para produzir o modelo compacto HB20, desenvolvido especialmente para o Brasil e que se tornou um fenômeno de vendas. Para comercializar o HB20, a Hyundai criou uma rede própria de 180 lojas, que vendem exclusivamente o modelo, das quais 39 pertencem a Caoa. É uma situação inusitada. Em nenhum outro país há um distribuidor local e uma subsidiária operada pela montadora atuando simultaneamente.
A relação entre as duas empresas se tornou praticamente complexa em 2012, quando a Hyundai inaugurou uma fábrica própria em Piracicaba, no interior de São Paulo, para produzir o modelo compacto HB20, desenvolvido especialmente para o Brasil e que se tornou um fenômeno de vendas. Para comercializar o HB20, a Hyundai criou uma rede própria de 180 lojas, que vendem exclusivamente o modelo, das quais 39 pertencem a Caoa. É uma situação inusitada. Em nenhum outro país há um distribuidor local e uma subsidiária operada pela montadora atuando simultaneamente.
A Caoa e a Hyundai anunciaram, em 29 de fevereiro de 2024, mudanças na estratégia de parceria dos grupos
no Brasil, iniciada em 1999. A
partir de agora, a fabricante
sul-coreana fica responsável
pela importação e distribuição
de seus veículos no país, que
eram feitas pela Caoa. O grupo
brasileiro produzirá novos modelos de maior valor agregado
da Hyundai. Além disso, a
Caoa receberá parte do valor
dos modelos importados.
O novo acordo põe fim a
uma queda de braço entre as
empresas. De acordo com o
presidente da Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, embora um recente litígio
tenha sido decidido a favor da
Caoa na Justiça, na prática nenhuma das partes saiu ganhando. Ele se refere à ação que o
grupo moveu contra a empresa sul-coreana alegando quebra de contrato.
(Fonte: revista Exame - 17.09.2014 / Estadão - 01.03.2024)
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