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6 de out. de 2011

Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo - IRFM

          O conde Francesco Matarazzo (1854-1937) é costumeiramente lembrado como um dos maiores empresários da história do Brasil, ao lado de outros empreendedores igualmente importantes no início do século XX.
          Em 1900, a esperança de vida ao nascer era de apenas 34 anos. Foi nesse Brasil socialmente adverso que o italiano Francesco Matarazzo desembarcou em 1881, aos 27 anos de idade, em companhia da mulher, Filomena, e de dois filhos pequenos. No bolso - há controvérsias - carregava 30.000 a 50.000 dólares, em valores de hoje. Um volume até expressivo quando se pensa na imagem clássica do imigrante chegando ao Brasil com uma mão na frente e outra atrás.
          Matarazzo foi empurrado pela crise econômica que em 1881 devastava o sul da Itália - o que aviltava o rendimento de suas terras e enfraquecia o comércio legado pelo pai, um médico de Castellabate, no sul da Itália, que morrera oito anos antes. Francesco, que sonhava com uma carreira militar, abandonara os estudos em Salermo para gerir os negócios da família. De certa forma, eis aí uma primeira explicação para o sucesso que fez no Brasil. Matarazzo já tocava negócios na Itália, tinha um pai com curso superior e havia estudado.
          O Brasil era um país a ser construído industrialmente. Importava-se de tudo: vidro, máquinas, ferro, cimento, batata, manteiga, toalha, cerveja, tinta, prego, papel. Até foice vinha do exterior. Aço e cimento só começariam a ser fabricados aqui na década de 1920. A grande preocupação do governo federal na virada do século era reforçar a exportação agrícola, principalmente de café, açúcar, borracha e cacau, o ganha-pão da elite. Quando estourou a Primeira Guerra, importação e exportação ficaram mais difíceis, bem como a entrada de capital estrangeiro. O país conheceu então uma virada. A pujante elite agrícola, dependente das vendas ao exterior, passou a viver dias mais difíceis. E a nascente indústria nacional deu um salto coletivo.
          Matarazzo começou a vida como mascate e dono de uma venda em Sorocaba, no interior de São Paulo, para onde se dirigiu por indicação de um amigo que ali residia. Passou a negociar farinha de trigo e banha de porco, usada na fritura de alimentos. Em seguida, montou um armazém e uma pequena fábrica na qual resolveu produzir latas para acondicionar a banha a ser comercializada. A embalagem prolongaria a validade de um produto altamente perecível. Foi seu primeiro grande salto. Deixava para trás a função de mero comerciante, transformando-se em industrial.
          Já em São Paulo, tomou um empréstimo para abrir um moinho. Seguiram-se uma fábrica de óleo de caroço de algodão, uma tecelagem, uma fiação, uma estamparia. Em pouco tempo Matarazzo já integrava o time dos 11 proprietários de fábricas paulistas que operavam com mais de 100 trabalhadores. Interessante é que cada novo centro de abastecimento de matéria-prima resultava em novos produtos comercializados - um movimento de integração vertical e diversificação.
          A Fabrica de Phosphoros Sol Levante foi inaugurada em 1906 no bairro da Mocca, em São Paulo, ainda com a razão social F.Matarazzo & Cia.
          No âmbito familiar, o Estadão de 22 de fevereiro de 1924 publicou o texto como segue: Esteve muito brilhante a recepção offerecida, hontem, no seu palacete da avenida Paulista, pelos srs. Conde Francisco Matarazzo e condessa d. Philomena Matarazzo, afim de festejar o noivado dos seus filhos senhorita Claudia e conde Francisco Matarazzo Filho, respectivamente com o sr. principe Francisco Ruspoli, filho do principe Alexandre Ruspoli, grão-mestre dos Palacios Apostolicos e a senhorita Mariangela Matarazzo, filha do sr. commendador André Matarazzo e de d. Virginia Matarazzo. Os grandes salões e toas as dependencias do palacete estavam profusamente illuminados e engalanados de flores... no Estadão de 29 de fevereiro de 1924 lia-se o texto: Foi um acontecimento social de grande relevo o casamento do sr. conde Francisco Matarazzo Junior com a senhorita Mariangela Matarazzo, filha do sr. commendador André Matarazzo, e da sra. d. Virginia Matarazzo e do principe Alexandre Ruspoli com a senhorita Claudia Matarazzo, filha dos condes Matarazzo, hontem realizado, às 10 horas, na egreja S. Bento, que para isso se achava profusamente ornamentada. (...) Bem antes das 10 horas, marcada para as cerimonias religiosas, no largo de S. Bento quasi que se não podia andar. Uma verdadeira multidão, que o enchia completamente, alli se comprimia, afim de vêr a entrada dos noivos...
          Matarazzo não ergueu dez, 20 ou 50 fábricas. Foram 200. Isso mesmo: 200 fábricas. Ao lado delas, Matarazzo deixou também hidrelétricas e ferrovias, assim mesmo, no plural, empresa de navegação, banco, fazendas, milhares de terrenos urbanos e prédios, além de filiais na Argentina, Estados Unidos e na Europa. No auge, chegou a empregar 30.000 pessoas.
          O império industrial Matarazzo tinha em seu brasão estampadas as palavras Honor, Fides, Labor - Honra, Confiança e Trabalho.
          As Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM) marcaram época nos locais em que operaram. Em São Paulo, uma parte de um parque industrial foi instalado no bairro da Água Branca, zona oeste da cidade, no começo dos anos 1920. Matarazzo concretiza em 1920 o plano de reunir a maioria de suas fábricas em um só núcleo, num terreno de 100.000 metros quadrados. Caldeiras vindas da Europa serviram para produzir energia para todo o complexo de 1923 a 1985.
          Um capítulo amargo da vida de Matarazzo foi a perda do filho Ermelino, em 1920, num acidente automobilístico em Turim. Era seu braço direito, escolhido como o sucessor. Mandara estudar na Suíça, dos 7 aos 18 anos. Em seguida, foi encaminhado para fazer estágio na França, na Alemanha e na Inglaterra. O primeiro filho brasileiro, significava a certeza de uma sucessão natural, tranquila, sem questionamentos familiares.
          Há na biografia de Matarazzo um único fracasso, registrado em 1924. Tratava-se de um projeto de industrialização de pele e gordura de jacaré e capivara. A ideia era tão ruim que Matarazzo a descartou antes que provocasse maiores prejuízos.
          Como gestor, embora os resultados financeiros do grupo sejam impressionantes, não se pode dizer que Matarazzo tenha sido inovador. Atuava como os demais empresários do seu tempo. Empregava parentes e "protegidos", com preferência à contratação de italianos do sul, com quem a família mantinha laços e que cultivavam a gratidão. Mais da metade dos funcionários da organização provinha da região. No dia-a-dia, cumpria um ritual próprio de quem mantinha na cabeça a mesma cultura dos tempos da venda no interior, segundo a qual nada avança longe das vistas do dono.
          Jamais abandonou o hábito de visitar fábricas. Certa vez, numa das incertas na linha de produção, observou um funcionário reclamar da falta de uma peça de reposição. Apontou para um armário. Lá estava ela. Em meados de 1934, vai à Tecelagem Sant'Anna, em São Paulo. Às 6 e meia da manhã, o fiel motorista Ferruccio para a limusine em frente à entrada principal e abre a porta traseira. O velho desce sorridente. Tinha acordado por volta das 4. Bem barbeado, terno escuro impecável, sapatos pretos e polaina, gravata sóbria e chapéu, bengala na mão, charuto toscano enfiado no bolsinho superior do paletó. Cumprimenta o pessoal que o esperava, todos amigos de muito tempo, conterrâneos velhos de guerra. Entra, aponta a bengala para a estreita, comprida e empinada escada em caracol e segue em frente, animadíssimo. Haviam avisado que o elevador estava com defeito. Sorridente, o gerente informa que tinham conseguido consertá-lo durante a noite, para alívio de um amigo, um pouco mais idoso que estava no grupo.
          No escritório, era o tipo que colhia opiniões dos subordinados, mas no final decidia tudo sozinho, de forma centralizadora. As compras de matéria-prima de cada fábrica eram feitas pessoalmente por Matarazzo ou com seu conhecimento de preços e quantidades. O estilo personalista e simples de conduzir os negócios era uma marca comum do emergente capitalismo industrial da virada do século passado. Atualmente parece incrível, mas essas habilidades naturais e até intuitivas dos grandes pioneiros são estudadas como descobertas de guru. Os desbravadores do capitalismo não tinham modelo algum para seguir, nem consultores. Tocavam o negócio de ouvido. Como qualquer de seus pares, Matarazzo tinha de contar com a própria intuição e se virar para se manter atualizado. Seu posto de escuta predileto era uma confeitaria no centro de São Paulo, onde se reuniam empresários, advogados, funcionários públicos e fazendeiros. Ali ficava a par dos últimos mexericos da política e obtinha informações a respeito de oscilações de moedas.
          Em 1950, a Avenida Água Branca na Barra Funda muda de nome. Passa a denominar-se Avenida Francisco Matarazzo.
          O grupo fabricava uma miríade de produtos: açúcar, álcool destilado, amido de milho, aparelhos de louça, arroz, azeite, azulejos, banha, bebidas, biscoitos, esmaltes, farinha de trigo, formicida, fósforo, inseticida, mandioca, margarina, marmelada, massas, milho, mortadela, óleo, papel e papelão, perfumes, pregos, presunto, sabão, sabonete, sal, sanitários, saponáceo, seda artificial, soda cáustica, tecidos, tintas, velas, vernizes.
          O leque de marcas impressionava. Farinha de trigo: Claudia, Maria e Lili; presunto cozido: New Jersey; polvilho: Cerealina; óleo de rícino: São Jorge; azeite, óleo, fósforo e vela: Sol Levante; colchas: Princeza; sabonete: São Marcos, Rex, Sedução, Ancoli, Frances; Saponáceo: Sanipol; inseticida: Kid; vela: Bahia Matarazzo; bitter: Patrício; licor: Brasil e Punch; vinho: Esplendor; mortadela: Bologna; biscoitos: Petybon.
          A forma como o império se desfez é estarrecedor. Após a morte de Francesco Matarazzo, feito conde por ordem do rei da Itália, seu filho Francisco Matarazzo Júnior, também conde, assumiu o comando dos negócios. Por influência paterna, o conde Chiquinho, como era conhecido, manteve o processo de diversificação dos negócios. Trabalhava segundo a mesma lógica expansionista que tanto sucesso havia feito na gestão de seu pai. Montou uma fábrica de celofane, uma salina, comprou o controle de uma empresa de cimento, abriu uma fábrica de conservas e um banco. O grupo chegou a ter shopping center, supermercado e frigorífico.
          Acontece que o modelo já não se adequava mais aos novos tempos. No início do século (XX), a expansão fazia todo o sentido, pois Matarazzo era um pioneiro. Mas o cenário mudou. Surgiram grupos empresariais fortes, nacionais e estrangeiros. E as Indústrias Reunidas Francesco Matarazzo (IRFM) passaram a brigar por espaço. Para complicar, a história registra diversos equívocos que conduziram o grupo ao balanço no vermelho já no final da década de 1960.
          Em 1977, com a morte de Chiquinho, o comando do império, já altamente endividado, passou às mãos de sua filha (neta de Francesco), Maria Pia, nascida em 1942, que pouco pôde fazer e comandou o grupo até meados dos anos 1980. Os debates sobre crescimento precisavam dar lugar a discussões sobre saneamento e reestruturação financeira. Em 1983, uma dezena de companhias do grupo entrou em concordata. Algumas das empresas ainda existem, mas nenhuma delas tem peso relevante na economia nacional.
          Maria Pia, provavelmente, ainda tinha alguma chance de sanear o grupo. Mas, uma coisa estava muito clara. Tinha que vender joias da coroa. Não adiantaria colocar empresas já com muitos problemas à venda. Tinha que se desfazer de ativos que pudessem atrair interessados e de porte suficiente para dar fôlego para quem estava com água no pescoço. Por certo, o grupo ficaria bem menor mas, quem sabe ainda estaria entre nós.
          Depois que o parque industrial Matarazzo foi desativado, o espaço ficou abandonado por vários anos. As caldeiras foram tombadas em 1986 pelo conselho estadual de patrimônio (Condephaat) e restauradas em 1998 e, hoje, mantendo o nome, o espaço virou uma casa de eventos.
          Um dos membros da família, que não participou da administração do grupo, foi Ciccilo Matarazzo (1898-1977), cujo nome completo era Francisco Antônio Paulo Matarazzo Sobrinho, filho de Andrea Matarazzo e sobrinho do patriarca, conde Francesco. Tinha sua própria empresa, era dono da Metalúrgica Matarazzo (Metalma), foi um dos homens mais ricos do Brasil e transformou seu patrimônio em arte. Foi fundador de museus paulistas como o MAC e o MAM, aos quais doou um acervo de mais de 400 peças, inclusive obras de Picasso e de Modigliani. Ciccilo foi também cofundador da Companhia Cinematográfica Vera Cruz (1949), e o fundador da Bienal de São Paulo. Foi personagem na minissérie Um só Coração, da Rede Globo. Eternizado por sua faceta de mecenas, poucos se deram conta do talento empresarial de Ciccilo. À frente do conselho de administração da Metalma, foi um dos primeiros empresários a trazer gerentes americanos para trabalhar em fábricas nacionais. Manter-se afastado do dia-a-dia da empresa lhe possibilitava avaliar o trabalho dos executivos. Andrea (Angelo) Matarazzo (1956), sobrinho-bisneto e empresário e Cláudia Matarazzo (1958), consultora, da quarta geração do clã, que conta com 300 membros (em 2004) no Brasil e Itália, também não participaram da administração do conglomerado.
          Em Ribeirão Preto (SP), no interior paulista, nos Campos Elísios, as indústrias Matarazzo instalaram uma tecelagem em 1945. Depois da falência da empresa (funcionou até 1981), o prédio chegou a ser ocupado pela Companhia Nacional de Estamparia (Ciane), que adquiriu o espólio, operou até 1994, quando também faliu. A área onde funcionaram a Matarazzo e a Ciane acabou nas mãos de bancos e foi doada à Prefeitura de Ribeirão Preto no fim da década de 1990. Houve estudos para a implantação de uma faculdade e de unidades da administração municipal no local, mas um incêndio em 2011 dificultou os planos. Hoje o prédio está abandonado e serve de abrigo para viciados em crack.
          Com início das obras em 1954, sob a direção do engenheiro Francisco da Nova Monteiro, o clã Matarazzo começou a construir um edifício que possuía um estilo italiano com influência neoclássica no bairro Morumbi em São Paulo. O principal objetivo era abrigar a Universidade Conde Francisco Matarazzo, que jamais foi inaugurada. Devido a problemas financeiros, teve suas obras paralisadas e foi cedido ao governo em troca do perdão de dívidas do grupo industrial do clã. Em 1965, foi inaugurado naquele edifício o Palácio dos Bandeirantes, sede da administração estadual, que substituiu o Palácio dos Campos Elísios.
          O jornal O Estado de S.Paulo, em sua edição de 8 de fevereiro de 2024 que cita a matéria "Bandeirantes seguirá como sede do governo, mas administração voltará para o centro da cidade", não fala em dívida: Em 1964, a gestão Adhemar de Barros firmou acordo com as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM) para que o edifício em construção fosse cedido ao governo do Estado. Em contrapartida, as indústrias Matarazzo obtiveram crédito fiscal referente aos impostos estaduais que deveriam ser destinados aos cofres públicos. No ano seguinte, a nova sede da administração paulista foi “inaugurada”. Apesar da mudança da sede do governo em 22 de abril de 1965, o Palácio dos Bandeirantes ainda não estava finalizado. O prédio como um todo estava passando por obras – apenas os aposentos designados aos despachos do governador haviam recebido o acabamento final. 
          Outras propriedades do grupo Matarazzo vão tomando seu destino. O terreno onde ficava o casarão do conde Francisco Matarazzo, na Avenida Paulista, que funcionou até 1966, quase teve seu destino definido em meados da década de 2000. Em dezembro de 2003, a família Matarazzo encaminhou à prefeitura um projeto para transformar a área num complexo arquitetônico para uso residencial, comercial, cultural e de lazer mas a ideia foi abortada. Anos mais tarde, o terreno foi comprado pela Cyrela Commercial Properties (CCP), que ergueu ali o Shopping Cidade São Paulo, com um investimento de 500 milhões de reais, inaugurado em abril de 2015, contendo uma torre comercial que levaria o nome da família Matarazzo, conforme consta em documentação. Mas, o lugar que é alugado pelo Banco do Brasil, ficaria com a marca BB até 2036 segundo a empresa. Patrícia Matarazzo, bisneta do conde, que também é acionista do complexo, levou a questão a uma assembleia no início de abril de 2018.
          No antigo hospital próximo da Avenida Paulista, deve ser inaugurado em 2019 um hotel com 150 quartos pela Rosewood Hotels. O local é chamado de Cidade Matarazzo. O projeto de requalificação é de 1,5 bilhão de reais. A arquitetura será do vencedor do prêmio Pritzker Jean Nouvel e decoração do badalado designer Philippe Starck.
          O Conde Francisco Matarazzo era recém-chegado ao Brasil quando, entre os inúmeros projetos que desenvolveu, pelos quais ele é reconhecido até hoje, ele concebeu, em um gesto visionário, uma instituição que atendesse às necessidades da sua comunidade da época — a Società Italiana di Beneficenza, criada logo após a chegada dos primeiros imigrantes italianos à São Paulo.
          Em 14 de agosto de 1904, o Hospital Umberto I (leia-se Primo) foi inaugurado em homenagem ao Rei Umberto I da Itália. Boa parte dos projetos são de autoria de Giovanni Batista Bianchi (1885-1942), maior arquiteto da colônia italiana. O edifício desempenhou um papel muito relevante para a vida da cidade de São Paulo: o hospital se tornou referência em saúde — em sua maternidade (inaugurada em 1943) nasceram cerca de 500 mil paulistanos.
          Em 1986, o complexo foi reconhecido como um local histórico com o tombamento de alguns prédios. Desde o encerramento das suas atividades hospitalares em 1993, o complexo Matarazzo permaneceu escondido e suas qualidades preservadas. No coração de São Paulo, a metrópole que reflete a economia e o dinamismo do Brasil, encontram-se 30.000 metros quadrados que abrigam os prédios do antigo Hospital Matarazzo, um símbolo adormecido das influências estrangeiras contidas na cultura brasileira moderna.
          Com o objetivo de revitalizar seu legado arquitetônico e patrimônio cultural, o Groupe Allard adquire o complexo Matarazzo em 2008 e começa a planejar sua renovação, o projeto de retrofit mais extenso no Brasil. A fim de realizar essa tarefa, o grupo Allard selecionou os maiores talentos em arquitetura, design de interiores, paisagem e arte do mundo. Juntos, eles trabalham incansavelmente para revelar a poesia contida dentro dos edifícios históricos do local, transformando-os em um autêntico símbolo cultural de São Paulo: a Cidade Matarazzo.
          Alexandre Allard cofundou a Consodata em 1995, uma empresa francesa de marketing direto que foi vendida em 2002 para o conglomerado Seat Pagine Gialle, com sede em Turim, editora da versão italiana das Páginas Amarelas. Por mais de uma década, ele está construindo a Cidade Matarazzo a partir das ruínas do hospital que leva o nome do imigrante italiano que foi considerado o homem mais rico do Brasil quando morreu em 1937.
          Com inauguração prevista para 2019 mas que deverá sofrer atraso, a Cidade Matarazzo refletirá as qualidades oníricas essenciais do Brasil através do elogio à sua cultura e às suas raízes. A Cidade Matarazzo terá seus edifícios históricos restaurados e preservados, incluindo a sua capela, que será consagrada novamente.
          Dentro do edifício que abrigava antigamente a maternidade Condessa Filomena Matarazzo, testemunha-se o encontro entre o histórico e o contemporâneo: um hotel palácio, administrado pelo renomado Rosewood Hotels & Resorts. O edifício histórico será entrelaçado com uma torre moderna projetada por Jean Nouvel – evidência concreta do futuro que ganha vida dentro do coração de São Paulo.
          O complexo de luxo conta com 30.000 metros quadrados e inclui 25.000 metros quadrados de espaço comercial, rodeado por 15.000 metros quadrados de vegetação – um exuberante jardim composto por uma variedade de árvores comuns à Mata Atlântica ameaçada, como Jatobás, Sibipirunas, Pitangueiras, Canelinhas, Jacarandás e Goiabeiras.
(Fonte: revista Exame - 07.07.2004 / 18.08.2004 / 27.10.2004 / livro Matarazzo: A Travessia e Colosso Brasileiro (Ronaldo Costa Couto) / revista Época - 17.09.2007 / UOL - 01.11.2015 / Exame.com - 17.03.2017 / revista Veja São Paulo 17.03.2017 / 05.04.2017 / 25.04.2018 / Wikipédia / cidadematarazzo.com / Estadão - 08.02.2024 / 22.02.2024 / 29.02.2024 - partes)

2 comentários:

marco machado disse...

Excelente trabalho...mas pago uma garrafa de vinho italiano para quem souber onde o Matarazzo fabricava tijolos, dos vários lugares que me indicaram fui pesquisar e a conclusão é que ele nunca teve uma olaria, porém...

Alfredo Motta disse...

O nome correto das IRFM é Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo.