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3 de out. de 2011

Snapchat

     No máximo, sequências de dez segundos, com rápidas pílulas de conteúdo, despretensiosas, as imagens são gravadas e, logo em seguida, compartilhadas na internet. O aplicativo Snapchat (algo como bate-papo num estalo, em inglês) já é usado por mais de 158 milhões de usuários ativos diariamente no mundo. A maioria deles, jovens, o público dos sonhos para marqueteiros em geral. Mais de 60% dos americanos entre 13 e 34 anos usam o aplicativo.
     Por trás do Snapchat - ou apenas Snap -, está um jovem rapaz (mais um) nascido em 1991. É Evan Spiegel, o bilionário mais jovem na lista de ricaços da Forbes. Graças ao app do fantasminha, sua fortuna é estimada em US$ 2,1 bilhões. E a modéstia do rapaz americano não ultrapassa o limite (em tamanho e espessura) de um fio de cabelo. Embora, nas raras entrevistas que concede, mencione o talento de sua equipe, não esconde que acredita ter revolucionado a forma como as pessoas trocam mensagens pelo celular. Em um vídeo que compartilhou no YouTube em 2015, ele sintetiza a transformação. "Meus amigos me disseram que veem os filhos deles tirando 1 zilhão de fotos por dia, fotos de coisas que meus amigos nunca tirariam, sem se importar muito de como as imagens ficam", diz, no filme. "É porque, agora, os jovens usam fotos para conversar". E o Snapchat é a plataforma para isto.
     Spiegel é conhecido como uma figura controversa. No trabalho e na vida pessoal. O dinheiro nunca foi um problema para ele. Festeiro e apaixonado por carros de luxo, cresceu em uma família abastada de Los Angeles. Namorado da supermodelo australiana Miranda Kerr (ex-mulher do ator Orlando Bloom), ele é filho de advogados renomados, com diplomas em Harvard e Yale. Escolheu cursar design de produto em Stanford, na Califórnia.
     A trajetória do fundador da rede social é semelhante à de outros empreendedores do Vale do Silício que se tornam bilionários da noite para o dia. Em 2011, quando tinha apenas 21 anos, Spiegel decidiu transformar um projeto de faculdade num aplicativo para smartphone. O programa é uma espécie de rede social para publicar vídeos e fotografias para os amigos. Criou o aplicativo junto com dois colegas de fraternidade. Um deles, Bobby Murphy, é diretor de tecnologia da empresa. O outro, Frank Reginald Brown, foi chutado de grupo. Mas não sem espernear na Justiça. Depois de uma batalha por 20% da companhia, firmou um acordo sigiloso, em setembro de 2014.
     Grandes empresas (o governo americano também usa), dos mais variados setores, querem se aproveitar da assiduidade com que o aplicativo é usado pela garotada. O aplicativo conquistou o público a partir de uma velha fórmula. Oferece algo simples, mas inédito. Sem precisar mudar o celular de posição, o usuário compartilha fotos e vídeos com um grupo de pessoas escolhidas por ele. Depois de 24 horas o conteúdo some para sempre. Nada de perder horas fazendo pose até conseguir a selfie perfeita. No Snapchat, a produção é descontraída e factual. Afinal, em breve desaparecerá. E se alguém captura a tela para guardar o que foi postado, é logo denunciado: o dono do conteúdo recebe uma notificação. Esse público "ama o Snapchat" em razão do imediatismo dos "snaps" (como são chamadas as postagens).
     A natureza do aplicativo fez com que ele fosse frequentemente usado para troca de imagens íntimas entre jovens, o que inclui até fotos de nus. Mas esse está longe de ser seu principal uso. Ele está mais para um diário aberto e em tempo real. Pode parecer brincadeira de adolescente, sobretudo porque foi fundado como um trabalho de faculdade. Mas é um negócio sério. A startup, que usa o ícone de um fantasminha, é hoje (junho 2016) avaliada em 20 bilhões de dólares, o que o torna uma das startups de tecnologia mais valiosas do mundo. Dinheiro de gente grande, convenhamos.
     A Snap Inc — dona do aplicativo de mensagens Snapchat — abre o capital na bolsa de Nova York (Nyse) em 2 de março de 2017. A estreia da Snap marcou a maior abertura de uma empresa de tecnologia nos Estados Unidos desde o grupo de comércio eletrônico, Alibaba, em 2014. Foi avaliada em US$ 34 bilhões.
(Fonte: revista Época Negócios - fevereiro 2016 / revista Exame 14.09.2016 / jornal Valor online - 03.03.2017 - partes)

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