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6 de out. de 2011

Dasa (Diagnósticos da América S.A.)

          A empresa de diagnósticos médicos Dasa (Diagnósticos da América S.A.) foi fundada pelo médico Caio Auriemo e anos mais tarde passou a ser controlada por Edson de Godoy Bueno, fundador da Amil.
          A Dasa ingressou no segmento de serviços para terceiros em 2005, com a compra do laboratório paranaense Álvaro, por 25 milhões de reais. Nos anos seguintes, essa área de negócios imprimiu forte ritmo de crescimento. Victor Pardini, do laboratório Hermes Pardini, afirma que em 2005, para reforçar sua área de serviços terceirizados, a Dasa contratou num só dia 20 profissionais da área comercial do Pardini.
          Na crise (do sub-prime) de 2008, a Dasa evitou um grande prejuízo. Em maio daquele ano seus executivos do departamento financeiro pediram a um banco de investimento estrangeiro uma alternativa financeira para proteger seus resultados de uma possível valorização do dólar no futuro. A companhia precisava disso porque tinha acabado de emitir um título de dívida no exterior, no valor d 250 milhões de dólares, sobre o qual teria de pagar juros, e não queria correr o risco de ver essa dívida aumentar caso o dólar se apreciasse. A alta da moeda americana era vista como pouquíssimo provável na época, mas a Dasa preferiu ser conservador. A proposta que recebeu do banco, porém, era tudo menos conservadora. Tratava-se de uma sofisticada transação envolvendo derivativos de câmbio que estabelecia que a empresa ganharia dinheiro se a cotação do dólar continuasse baixa, mas que perderia somas muito maiores caso a moeda americana ultrapassasse determinado patamar, próximo dos 2 reais. Convencido de que o dólar não subiria tanto - e que, portanto, poderia lucrar com essa operação -, o departamento financeiro da Dasa aceitou a proposta. Num lance inesperado, porém,  a operação foi barrada no conselho de administração. Um dos acionistas mostrou aos pares que os riscos eram grandes demais e o contrato com o banco foi cancelado dois dias depois da assinatura. Não fosse isso, estima-se que a empresa teria perdido cerca de 300 milhões de reais - um montante que representava cerca de cinco vezes o lucro de 2007 e um terço de seu faturamento anual.
          Em 2008, o Pátria deixou a sociedade. Auriemo saiu da gestão em 2009 após uma briga com acionistas minoritários. Os fundos das gestoras Skopos, CSHG e HSBC criticavam contratos da Dasa com empresas controladas pela família Auriemo.
          Edson Bueno entrou no capital da Dasa em 2010, quando a empresa comprou sua rede de laboratórios MD1. Para fazer fusão com a MD1, o Cade exigiu a venda da rede de diagnósticos ProEcho e Lafê. Embora só tenha conseguido comprar o controle da empresa em 2014, a influência de Edson Bueno na Dasa era sentida desde 2012. Foi quando o executivo Dickson Tangerino, que foi seu braço direito na Amil por quase 30 anos, assumiu a presidência da companhia.
          Tangerino saiu da Dasa para cuidar dos investimentos imobiliários de Bueno, o que abriu espaço para a entrada de Pedro, filho de Edson Bueno na companhia. Pedro pediu demissão do banco BTG Pactual, onde trabalhava há menos de dois anos e, aos 24 anos, em janeiro de 2015, assumiu um cargo com o qual gente de sua idade jamais poderia sonhar: virou presidente da maior rede de laboratórios do Brasil, a Dasa, então com 521 unidades de marcas como Delboni Auriemo e Lavoisier. Pedro era o executivo mais jovem a ocupar esse cargo numa empresa de capital aberto no país. A falta de experiência de Pedro Bueno provocou protestos no fundo de pensão Petros, sócio minoritário da Dasa. Mas seu nome foi aprovado com facilidade, porque Edson Bueno e a ex-mulher, Dulce Pugliese, tinham 72% do capital da Dasa. A Petros e o fundo americano Oppenheimer eram os outros acionistas, com mais de 10% de participação de cada um.
          Em 2013, depois de vender a Amil, Bueno faz oferta para comprar 100% da Dasa e, no ano seguinte, compra 62% do capital da empresa na bolsa. Se a Dasa, que abriu o capital em 2005, já foi listada no Novo Mercado da BM&FBovespa, que exige 25% do capital em free float, hoje opera com somente cerca de 11% na mão de acionistas que a B3 chama de "outros".
          Em junho de 2016 a Dasa adquire o Laboratório Gaspar por R$ 59,4 milhões. Edson Bueno e seu filho controlam 97,5% do capital da Dasa (a família Bueno é dona também da Ímpar, que tem nove hospitais).
          Em 26 de outubro de 2016, a Diagnósticos da América S.A. (Dasa) informa que aprovou a aquisição da totalidade do capital da Laboratório de Análises Clínicas Gilson Cidrim Ltda (vide origem da marca Gilson Cidrim neste blog), do Recife, em Pernambuco.
           Em janeiro de 2017, a Dasa confirma ter assinado um contrato para comprar o SalomãoZoppi, rede de laboratórios referência em São Paulo, fundada pelos médicos Paulo Zoppi e Luís Salomão (vide origem da marca SalomãoZoppi neste blog). A rede de laboratórios, avaliada em R$ 600 milhões, passa a ser uma subsidiária integral da Dasa.
          O empresário Edson Bueno morreu em Búzios no Rio de Janeiro, aos 73 anos, em 14 de fevereiro de 2017, devido a um infarto fulminante. Dulce Pugliese, ex-mulher de Edson Bueno, está participando ativamente da gestão de todas as empresas do grupo Amil. Dona de um patrimônio de 2,6 bilhões de reais, Dulce era sua sócia e conselheira.
          Em 29 de maio de 2017, a Diagnósticos da América informou ter adquirido a totalidade de capital do Laboratório Médico Vital Brasil, empresa de análises clínicas, que tem sede em Guaratinguetá (SP).
          Em 20 de dezembro de 2018, a Dasa anuncia a compra de 100% do capital social de empresas de medicina diagnóstica do grupo São Camilo, localizados na cidade de Maringá (PR). Foram comprados o laboratório de anatomia patológica e citopatologia São Camilo, Ruggeri & Piva, Maringá Medicina Nuclear e a Aliança Biotecnologia.
          Em 11 de julho de 2019, a Dasa anuncia a aquisição de 100% do laboratório argentino Diagnóstico Maipú, o maior do país vizinho. A transação marca o início da internacionalização da Dasa e do próprio setor de medicina diagnóstica. Até então, nenhum laboratório brasileiro havia adquirido uma operação no exterior.
          Na noite de 15 de outubro de 2020, a Dasa informa que seu conselho de administração aprovou a compra de 49,94% de participação societária no Laboratório Santa Luzia, que tem sede em Florianópolis (SC), passando a deter a integralidade (100%) das ações do laboratório catarinense.
Parte do pagamento será mediante entrega de 17.534 ações ordinárias da Dasa aos controladores do Santa Luzia.
          Em 11 de novembro de 2020, a Dasa firmou um acordo para a compra da empresa Gesto Saúde. A Gesto é uma companhia paulista que atua no desenvolvimento de sistemas de gestão de planos de saúde para empresas e de análise de dados e como corretora de seguros. Foi fundada em 2003 e tem como investidores os fundos DGF e Redpoint eventures.
          Em 4 de dezembro do 2020, o Grupo Dasa compra um hospital da rede Leforte, por R$ 1,7 bilhão, tornando-se a maior transação já feita pelo grupo. Com a aquisição, o Dasa passa a ter 12 hospitais.
          Em 17 de dezembro de 2020, a Dasa informou ao mercado a compra de 90% do Grupo Exame, no Rio Grande do Sul. Em 18 de dezembro de 2020, a Dasa adquiriu o controle do laboratório Instituto de Hematologia (Hemat), de São José dos Campos, no interior de São Paulo. Nessas duas transações, a Dasa entra em novas praças.
          Considerando dados de dezembro de 2020, a rede de medicina diagnóstica se aproxima de 1 mil unidades no país.
          Em 7 de abril de 2021, a DASA faz nova oferta pública de ações, operação conhecida como “re-IPO”, por se tratar de uma empresa já listada, mas sem liquidez. Após levantar R$ 3,3 bilhões em sua oferta pública de ações (“re-IPO”), o Grupo Dasa dá mais um passo em sua estratégia de atuar nos vários elos da cadeia de saúde. Desde 2017, a dona da maior rede de medicina diagnóstica do país já investiu cerca de R$ 7 bilhões em aquisições de hospitais, clínicas de genômica, empresas de gestão de saúde, corretora, além de forte investimentos em tecnologia (R$ 1,56 bilhões entre 2018 e 2020).
          Agora, todos esses negócios estão integrados numa nova plataforma, batizada de Nav, e passam a operar sob uma única marca — Dasa. Além de ter cerca de 1 mil laboratórios de medicina diagnóstica, a companhia também tem o segundo maior grupo de hospitais (Ímpar) com 3 mil leitos, uma empresa de gestão de saúde (GSG) com 150 mil usuários e uma corretora com 500 mil vidas. O anúncio foi feito na manhã de 27 de abril de 2021 pelo presidente do Grupo Dasa, Pedro Bueno.
          Em 25 de maio de 2021, a Dasa comunicou ao mercado que sua controlada Allbrokers Brasil Corretora de Seguros realizou a aquisição das corretoras do Grupo Case e Itech Care. Os valores das operações não foram informados. A Dasa destaca que o Grupo Case trabalha em segmentos como vida, capitalização e planos beneficiários, enquanto a Itech desenvolve e licencia programas de saúde sob encomenda, além de teleatendimento e atividades de apoio à gestão de saúde.
          Em 8 de julho de 2021, a Dasa adquiriu o Centro de Tomografia por Computador (Clínica CT), companhia de exames de imagem localizada em São Paulo. O valor da operação não foi revelado.
          Em 19 de novembro de 2021, a Dasa comunicou ao mercado que adquiriu a Mantris, rede especializada em saúde ocupacional, formada por 210 ambulatórios, 930 clínicas credenciadas e 510 mil clientes. Segundo a empresa, esse negócio irá contribuir para fortalecer a sua estratégia de construir um ecossistema em saúde.
          No início de junho de 2022, a Dasa assinou contrato de aquisição da rede de patologia clínica Lustosa, com atuação em Minas Gerais. O valor da operação, que não foi revelado, será parcelado ao longo de três anos.
          Para criar uma rede integrada e preventiva de saúde, Bueno precisou ir às compras, adquirindo hospitais e laboratórios. Hoje, a Dasa é dona de 59 marcas entre medicina diagnóstica e hospitais, de laboratórios como o Delboni Auriemo e o Salomão Zoppi, e de 15 hospitais referência, como o 9 de Julho, em São Paulo. Bueno lidera 50 mil funcionários e 250 mil médicos que atendem 23 milhões de pacientes por ano.
(Fonte: revista Exame - 05.11.2008 / 09.02.2011 / 01.04.2015 / 02.03.2016 / jornal Valor online 27.10.2016 / 19.01.2017 / 14.02.2017 / 30.05.2017 / 20.12.2018 / 11.07.2019 / 16.10.2020 / 18.10.2016 / 09.04.2021 / 25.05.2021 / 08.07.2021 / Eleven Financial - 19.11.2021 / Valor - 02.06.2022 / 22.08.2022 - partes)

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