Total de visualizações de página

30 de out. de 2011

Banco Mercantil de São Paulo (Mercantil-Finasa)

           Na madrugada de uma segunda-feita, 14 de janeiro de 2002, uma reunião na Avenida Paulista, quarteirão financeiro de São Paulo, encerrava uma negociação rápida, que durou pouco mais de um mês. A aquisição de Banco Mercantil de São Paulo, por 1,3 bilhão de reais, pelo Bradesco. A transação, além de rápida, mereceu poucas formalidades. O envio dos comunicados de praxe ao mercado e uma entrevista por teleconferência. O Bradesco não precisou de mais nada para anunciar a aquisição do venerando banco. Poucos meses antes, em julho de 2001, as negociações teriam estado avançadas com o Citibank, que teria até pedido proposta à consultoria Accenture, ex-Arthur Andersen, para avaliar a integração bancária entre as duas instituições. Bem antes, em novembro de 1999, quem estaria com negociações adiantadas foi o Santander, que já tinha abocanhado o Noroeste e o Geral do Comércio.
           Mais do que uma marca, a venda assinala o fim de uma era. Gastão Vidigal, o fundador, morto seis meses antes (agosto de 2001, com 83 anos), presidente do Conselho de Administração do Mercantil, foi o último dos banqueiros da velha-guarda. Em março de 1999, aos 80 anos de idade, Vidigal já não despachava mais de sua vetusta sala na sede do Mercantil de São Paulo, localizada na Avenida Paulista. Com dificuldades de locomoção, ele passara a dar expediente em casa. Para sentir-se como nos velhos tempos, Vidigal procurou reproduzir o ambiente do antigo escritório. Decorou o seu home office dispondo os móveis de forma idêntica à que ocupava no Mercantil.
           Apesar de experiente, Vidigal não conseguiu sobreviver aos tempos da inflação baixa. Sua estratégia excessivamente conservadora, com prática de emprestar pouco e investir pesadamente em imóveis para se defender do aumento de preços, afetou dramaticamente a rentabilidade do Mercantil.
           A venda do Mercantil marcou o encerramento de um dos mais acelerados ciclos de consolidação dos bancos brasileiros até então registrados. De 1995 a 2001, cinco das 30 maiores instituições financeiras nacionais fecharam, fundiram-se ou trocaram de dono, vergadas pela própria ineficiência após o fim da inflação. Quem sobreviveu ficou mais forte, mais sólido e muito mais competitivo.
(Fonte: revista Exame - 24.03.1999 / revista Forbes Brasil - 18.07.2001 / revista Exame - 23.01.2002)

Nenhum comentário: