Total de visualizações de página

30 de out. de 2011

Banco Itaú BBA (ex-BBA)

          O banco BBA é resultado da associação entre Fernão Bracher e Antônio Beltran Martinez, ambos ex-vice-presidente do Bradesco e o Creditanstalt, um dos maiores bancos austríacos, em 1984. Certamente, o currículo de ambos foi fundamental para que os austríacos investissem nessa iniciativa em que os brasileiros entraram com recursos emprestados pelos futuros sócios.
          As primeiras operações do novo banco foram realizadas na acanhada sede da rua Líbero Badaró, no centro velho de São Paulo, em agosto de 1988. 
          Passados 14 anos (início de 2003), o BBA, já então o maior banco de investimentos do país, foi absorvido pelo Itaú, que pagou declarados R$ 3,3 bilhões por 95,75% do capital total.
          Ao anunciar a compra, Setubal surpreendeu o mercado ao confirmar no comando do novo banco, que ficaria com todas as operações com grandes empresas do Itaú, Bracher e Beltran Martinez, os fundadores. Até então a praxe era que os bancos adquiridos fossem comandados por veteranos do Itaú.
          "Muitas pessoas não se conformaram", disse Setubal. "Foi preciso um esforço para convencê-las de que isso seria melhor para o acionista." Nem todos se convenceram ou aceitaram essa argumentação. "Nós fomos os compradores do BBA", disse um executivo com muitos anos de carreira no Itaú. "Mas, na hora de escolher as pessoas que ficariam e as que sairiam, parecia que éramos os comprados, pois quem vinha do BBA tinha prioridade."
          O BBA é um banco de atacado clássico. Realiza negócios sofisticados, trabalha com poucas pessoas, seus funcionários têm muita autonomia e recebem generosos bônus em caso de sucesso. Radicalmente diferente do Itaú, que tem os vícios e as virtudes da visão industrial de seu criador, o engenheiro Olavo Setubal, pai de Roberto: milhões de operações padronizadas, controles rígidos e decisões centralizadas. Unir duas organizações tão díspares sem descaracterizar o BBA implicou discutir assuntos sensíveis, como remuneração e poder de decisão. A negociação demorou um ano e meio.  
          O Itaú BBA, hoje parte do grupo Itaú Unibanco, tornou-se o maior banco de investimentos e atacado da América Latina.
          Candido Botelho Bracher, um dos filhos de Fernão, seguiu os passos do pai. Foi vice-presidente superintendente e assumiu o comando do Itaú BBA em 2005, quando o pai foi para o conselho de administração e passou a se dedicar a investimentos concentrados, em boa parte, na área educacional. Desde 2017, Candido é o presidente do Itaú Unibanco.
          Em 2018, o Itaú BBA obteve US$ 84 milhões em comissões na área de banco de investimentos, ficando atrás apenas do Goldman Sachs, de acordo com levantamento da empresa de pesquisas Dealogic. "O banco do Bracher", como muitas vezes ainda era chamado, foi líder em fusões e aquisições em 2018, atuando em negócios que movimentaram US$ 23,4 bilhões. Em mercado de capitais, foi o terceiro colocado no ranking de renda variável e o segundo em distribuição de títulos de renda fixa.
          Fernão Bracher faleceu em 11 de fevereiro de 2019 aos 83 anos.

(Fonte: revista Exame - 15.10.2003 / jornal Valor - 11.02.2019 - partes)

Nenhum comentário: