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6 de out. de 2011

Cecrisa

          A Cecrisa foi constituída em 1966, mas os primeiros azulejos só saíram da linha de produção em 11 de abril de 1971. Localizada em Criciúma, no sul de Santa Catarina, a empresa recebeu a denominação de Cerâmica Criciúma S.A. - Cecrisa. Muitos anos depois, a empresa passou a denominar-se Cecrisa Revestimentos Cerâmicos S.A.
          Foi fundada por Diomício de Freitas e seu filho Manoel Dilor de Freitas, cuja família controlava 50% da empresa e a família de Adolfo e Maria Dilza Arns controlava os outros 50%.
          Diomício Freitas ergueu um dos maiores grupos empresariais de Santa Catarina, a partir da mineração de carvão. Seu filho Manoel Dilor de Freitas deu a sua marca ao negócio ao assumir, em 1979, o comando de duas cerâmicas - A Cecrisa, em Criciúma, e a Cemina, em Goiás.
          A Cecrisa cresceu vertiginosamente durante a década de 1980. Cresceu à custa de dívidas. Quando pediu concordada, em 1991, a empresa tinha nove fábricas de pisos e azulejos. Juntas, as empresa faturavam quase 300 milhões de dólares em 1990, e seus fornos produziam 63.300 toneladas de cerâmica por ano. Somada, a produção do grupo era a maior do ramo em todo o mundo. A envergadura da Cecrisa valeu a Freitas a alcunha de Imperador da Cerâmica.
          Expandir era o lema de Freitas. "Não se pode deixar passar um cavalo encilhado", costumava dizer. Em 1987, Freitas dera o passo que mais iria pesar na formação de sua dívida: investiu cerca de 50 milhões de dólares na construção da Cerâmica Portinari, uma fábrica ultramoderna, aparelhada com equipamentos de última geração e destinada à produção de azulejos de alto luxo. Menina dos olhos de Freitas, a Portinari começou a funcionar em 1988. Já no ano seguinte, a Cecrisa começou a endividar-se para sustentar a estrutura de custos que insistia em desafiar as receitas. O tiro de misericórdia veio logo em 1990, com a recessão provocada pelo Plano Collor, que levou ao colapso a construção civil.
          O consultor Cláudio Galeazzi e o executivo Antônio Maciel Neto ajudaram a Cecrisa a superar a pior fase de suas até então três décadas de existência. "Com a recessão, a capacidade instalada ficou acima do mercado", disse Galeazzi. Ao chegar, em abril de 1991, dois meses após a concordata, Galeazzi teve de enfrentar a animosidade dos fornecedores. Inicialmente eles interromperam o fornecimento de matérias primas. Depois passaram a aceitar encomendas condicionadas ao pagamento à vista. Ele deixou o posto de presidente em maio de 1993. Em agosto, Maciel Neto assumiu o comando. A concordata se prolongou de 1991 a 1996.
          Superada a moratória, coube ao discreto executivo catarinense Cesario Rogério, então com 24 anos de empresa e pouco mais de 3 na presidência, reconduzi-la à liderança do mercado, perdida para sua maior concorrente, a também catarinense Eliane.
          Com a empresa já ajustada, em 2001 tinha três fábricas em Santa Catarina, uma em Goiás e uma em Minas Gerais.
          Depois de um ano procurando oportunidade no setor, em 28 de maio de 2012, a gestora de recursos Vinci Partners comprou 70% da Cecrisa. O valor do negócio foi de R$ 250 milhões. Do dinheiro, R$ 200 milhões foram direto para o caixa da empresa. A maior parte dos recursos deveria ser usada para o pagamento de dívidas. Os outros R$ 50 milhões foram para a família Freitas, fundadora da companhia e que continuaram com assentos no conselho da empresa. A Cecrisa registrou em 2011 um faturamento bruto de R$ 750 milhões. A empresa tinha cinco unidades industriais, exportava para 50 países e contava com 2,5 mil funcionários.
          Na noite do dia 22 de maio de 2019, é anunciada a compra da Cecrisa pela Duratex (hoje, Dexco), empresa controlada pela Itaúsa, por até R$ 539 milhões. A Duratex pagaria R$ 264 milhões em dinheiro pela aquisição e os até R$ 275 milhões restantes do valor do acordo seriam pagos "na hipótese de verificação futura de determinadas condições suspensivas", informou a Duratex em comunicado à imprensa. O valor da dívida líquida da Cecrisa era R$ 442 milhões. A Vinci Partners era detentora de 77% das ações e 23% pertenciam à família Borges de Freitas.
          No momento do negócio, a Cecrisa, detentora da marca Portinari, tinha 2 fábricas Criciúma,  Santa Catarina e uma em Santa Luzia, Minas Gerais. Tinha capacidade de produção de 20 milhões de metros quadrados por mês nas três unidades fabris no Brasil. A companhia emprega cerca de 1.700 funcionários e teve receita líquida de 652 milhões de reais e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 112 milhões em 2018.
(Fonte: revista Exame - 03.03.1993 / 25.07.2001 / O Estado de S.Paulo - 04.06.2012 / G1/Reuters - 23.05.2019 - partes)

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