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6 de out. de 2011

Ceval

          O grupo Hering têxtil contrata, em 1972, o engenheiro químico Vilmar de Oliveira Schürmann para criar o projeto de uma nova empresa, a Ceval. Em maio de 1988 Ivo Hering assume a presidência da companhia que já era então a maior esmagadora de soja do país. Sob seu comando, o grupo compra uma bela briga com Sadia, Perdigão e até Gessy Lever, um de seus futuros concorrentes pesados na área de margarinas.
          Aproximadamente 20 anos depois da fundação, em 1992, a empresa ultrapassa a marca do bilhão de dólares em faturamento - um número que poucas corporações brasileiras atingiam na época. A própria Hering Têxtil, berço do grupo, tendo então já completados 100 anos, mantinha-se na casa dos 300 milhões de dólares.
          Durante os dezenove anos em que manteve célere o ritmo de crescimento, a Ceval não conseguiu imprimir em suas unidades uma personalidade única. O problema era mascarado pela agilidade com que ia ao mercado adquirir frigoríficos, abatedouros, armazéns e indústrias.
          Localizada no município de Gaspar, a poucos quilômetros da sede do grupo Hering, em Blumenau, Santa Catarina, a empresa viu nesse período, sua capacidade de produção multiplicar-se dezenas de vezes graças a uma série de aquisições, construções e ampliações.
          Seara é a marca de produtos industrializados de carne que, em apenas quatro anos, saiu do oitavo para o terceiro lugar do mercado, com 8% das vendas (dados do início de 1993), atrás apenas da Sadia e da Perdigão. Este salto foi dado no período 1989-1993. Segundo Schürmann, o crescimento ocorreu porque a empresa foi ao encontro do que o consumidor queria.
          Emplacar uma nova marca de alimentos não é fácil, mas a Ceval agiu rápido com a Seara. O primeiro frigorífico foi arrematado pelo grupo em 1980, e logo se tratou de encorpar a produção. Em apenas dois anos, de 1988 a 1989, a Ceval incorporou meia dúzia de frigoríficos, como o La Villette, de São Paulo, e a avicultura Contibrasil, do Paraná.
          As primeiras pitadas de pimenta na disputa pela venda de salsichas, linguiças, hambúrgueres e afins começaram a ser sentidas no mercado por volta de 1991. Foi quando a Ceval resolveu encaminhar a marca Seara dos açougues, onde seus produtos são vendidos a granel, para as gôndolas das mercadorias empacotadas, nos supermercados. É nelas que o consumidor costuma prestar bem atenção à marca e, de quebra, é onde os frigoríficos conseguem os lucros maiores.
          A voracidade compradora com que a Ceval se apresentou ao mercado, no entanto, arrefeceu. Em 1992, a empresa fez uma pausa para respirar e arrumar a casa. Suspendeu os investimentos e vulto. Internamente, uma reforma administrativa cortou dezessete cargos de direção e eliminou as diretorias adjuntas, deu mais poder aos gerentes e reduziu de 13.000 para 11.000 funcionários o quadro de pessoal. Promoveu também o Programa de Qualidade Total. As dezesseis filiais estaduais ganharam mais autonomia para conceder descontos e prazos de pagamento de entrega de produtos.
          No início de 1993, então como a terceira maior fabricante de margarina do país, lançou a Milleto, uma margarina light, destinada ao consumidor de 25 a 30 anos.
          A Divisão Soja, comandada pelo diretor Antonio Iafelice, com suas seis refinarias, produziam 30% do óleo comestível de soja no Brasil, com as marcas Soya e Ville.
          Após o Plano Real, implantado em 1º de julho de 1994, a Ceval, fabricante dos óleos comestíveis Soya e Milleto e das margarinas Bonna e All Day, entre outras, apostou no lançamento de artigos mais saudáveis (e mais caros), como o óleo de girassol ou de canola, com menor teor de gordura saturada.
          Houve declínio na produção de óleo e em 1996 o market share caiu para 24,2%. Mas, o processo de reestruturação da Ceval Alimentos, após os sucessivos prejuízos, naquele ano, já apresentava resultados significativos.
          Em 1997, o grupo Hering, que possuía 79,5% do capital votante da companhia e 39,2% do capital total, vende a Ceval, a maior esmagadora brasileira de soja, para o grupo Bunge. A Seara foi junto. O faturamento da Ceval em 1996 foi de 1,8 bilhão de dólares. O negócio da venda para o  Bunge girou entre 550 e 700 milhões de dólares.
(Fonte: revista Exame - 25.12.1989 / 22.07.1992 / 03.02.1993 / 29.09.1993 / 05.07.1995 / revista Investidor 02.12.1996 / Exame - 05.11.1997 - partes)

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