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5 de out. de 2011

Luna Mae




          Grandes letras douradas brilham em frente à loja de fachada preta da Luna Mae. Sua vitrine emoldurada por palmeiras exóticas é, certamente, chamativa o suficientemente para estar na tradicionalíssima rua Savile Row, em Londres, famosa por lojas de alfaiataria.
          No entanto, localizada no lado oposto do Parque St. James, onde fica a meca masculina de Londres, Luna Mae é uma loja de lingerie sob medida, fundada por Claudia Lambeth.
          Nascida em 1990, Claudia, então estudante, obcecada por lingeries, começou a luxuosa marca em 2012, movida pelo desconforto em comprar roupas íntimas. Ela explica que o método usual das marcas de pronta entrega, que usa uma medida para os seios e uma para o quadril, simplesmente não leva em consideração a pluralidade do corpo feminino.
          A marca tem uma clientela de alto nível que viaja pelo mundo para investir milhares de dólares em calcinhas e sutiãs que vestem como luvas. Muitos de seus clientes exigem, inclusive, confidencialidade quanto às suas identidades, diz Claudia à revista Forbes.
          Claudia diz ter observado muito a Savile Row, sobre sua inspiração para a Luna Mae. “Outras marcas podem incluir uma pulseira ou fazer algo em uma cor diferente, mas nós nos especializamos em fazer peças sob medida, um diferencial em relação às outras grifes locais.”
          Dentro da loja, roupas íntimas preenchem as paredes, um livro de padrões de bordado fica exposto diante de uma espreguiçadeira e cortinas felpudas completam o cenário, que cerca um grande espelho, para provar os acessórios da marca.
          Com o desejo de revolucionar o mercado de peças íntimas, a empresária lançou seu próprio serviço de lingerie, ao oferecer itens desenhados do zero, a partir de £ 1.200 (US$ 1.600), e pré-fabricados, com valor inicial em £ 680 (US$ 910), personalizados a partir de padrões já existentes.
          Claudia começou o negócio com aportes de capital modestos antes de iniciar as rodadas de investimento e chegar a quase US$ 1 milhão anos antes de 2017.
          Essas rodadas envolveram investidores como Will Hobhouse, que liderou marcas famosas como Whittard, Jack Wills e Heal’s, e outros 24 patrocinadores-anjos de Haymarket, como Hugh Lenon, presidente da Phoenix Equity Partners, que vendeu a Jimmy Choo por US$ 100 milhões, em 2004. “O modelo de negócios que criei não precisava de uma quantia enorme de dinheiro para começar”, explica Claudia sobre seu início enxuto. “Eu não tinha um grande carro-chefe. Visitava clientes em suas casas ou suítes de hotel em todo o mundo e recebia um depósito de 50% no momento da encomenda e 50% na entrega.”
          No entanto, Claudia admite que, para manter as aparências, muitas vezes, fazia o negócio parecer maior do que realmente era. “Usava três contas de e-mail diferentes, imprensa, vendas e compromissos, e todos os ‘departamentos’ eram atendidos por mim, com diferentes tons de voz, o que me permitia aumentar a marca antes de estarmos realmente prontos”, lembra.
          Claudia conta que essa experiência valeu a pena. Foi dessa forma que a fundadora criou um “black book” com centenas de clientes em cidades como Nova York, Londres e Paris, abriu seu primeiro showroom próximo à cidade de Claridges, em Mayfair, em 2016, e sua boutique, em 2017, na Elizabeth Street, onde todos os itens são costurados em um ateliê, no subsolo da loja.
          Claudia diz que, além de receber muitas reservas da América do Norte, da Rússia e do Oriente Médio, ninguém considera a distância da loja física um problema. A inacessibilidade da marca é quase parte de seu apelo. “Nossos clientes amam o fato de sermos britânicos, e todos vêm a Londres em algum momento do ano”, explica.
           No universo suntuoso do luxo, investir milhares de libras em peças íntimas não é apenas um esplendor exibicionista. Claudia diz, com firmeza: “As mulheres no provador me abraçam porque não sabiam que poderiam se sentir tão glamourosas ou elegantes e, no final do dia, é por experiências como esta que faço o meu trabalho”.
          Considerando dados de meados de 2018, o item mais extravagante da loja é um espartilho de cor creme no valor de 6.000 libras (US$ 8.000), enfeitado com flores de seda lilás e azul, exposto ao lado de sutiãs com barras de ouro maciço, calcinhas de aplicações entrelaçadas e camisolas de renda Chantily. A Luna Mae conta com oito funcionários e cerca de 500 clientes.
(Fonte: Forbes Brasil - 22.06.2018 - Kitty Knowles - parte)

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