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2 de out. de 2011

Theranos

          A empresa de exames laboratoriais Theranos nasceu em 2003, pelas mãos da então estudante Elizabeth Holmes. Desde muito jovem, parece que ela já imaginava estar predestinada ao sucesso em algo inédito e útil na área de saúde. Aos nove anos de idade, a jovem Elizabeth Holmes escreveu uma carta ao seu pai. Nela, dizia: “O que eu realmente quero da vida é descobrir algo novo, algo que a humanidade não sabia ser possível fazer.”
          Segundo o Business Insider, a primeira inspiração para o negócio veio de um parente, que a incentivou a seguir a carreira de médica. Porém, logo Holmes descobriu que tinha medo de agulhas.
          A solução para esse problema veio enquanto estudava engenharia química na Universidade de Stanford: a partir de um projeto de pesquisa, Holmes criou uma empresa que faria testes clínicos de forma mais barata e rápida.
          Um teste de sangue seria feito não extraindo diversos tubos, mas com uma leve picada na ponta do dedo, por exemplo.
          Assim nasceu a Theranos, em 2003. Poucos meses depois da inauguração do empreendimento, Holmes largou a universidade, aos 19 anos de idade, para cuidar da empresa no porão de uma moradia estudantil. Sua sede foi estabelecida em Palo Alto, na Califórnia.
          A Theranos sempre manteve sua tecnologia em segredo, mesmo depois de apresentar problemas de confiabilidade tão sérios que levaram o Wallgreens e a Safeway a cancelarem as parcerias com a empresa.
          Em 2012, a companhia processou Richard Fuisz por revelar segredos da empresa, e por ter levantado suspeições de fraude, e em 2013 Ian Gibbons, um dos principais cientistas, acabou por se suicidar após sofrer pressões para não testemunhar a favor de Richard Fuisz, até que em 2014, Tyler Schultz, neto de um dos directores da empresa, colaborou com o jornalista John Carreyrou do Wall Street Journal, e denunciou toda a fraude. Mas a empresa continuou como se nada estivesse acontecendo.
          Em 2015, a Theranos chegou a ter mais de 800 funcionários. A dedicação de Holmes por mais de uma década rendeu frutos: a trajetória da startup era em direção ao sucesso. A companhia foi capaz de levantar mais de US$ 700 milhões em investimentos vindos de personalidades como o bilionário mexicano Carlos Slim, Larry Ellison, da Oracle, o magnata da mídia, Rupert Murdoch (US$121 milhões), a secretária de educação dos EUA, Betsy DeVos (US$100 milhões) e de herdeiros do fundador do Walmart Sam Walton (US 150 milhões).
          Entre os membros do conselho estavam figuras impressionantes como o ex-secretário de Estado dos EUA, George P. Shultz, que ajudou Holmes a compor um conselho all star incluindo William Perry (ex-secretário de Defesa dos EUA), Henry Kissinger (ex-secretário de Estado), Sam Nunn (senador dos EUA), James Mattis (general e posteriormente secretário de Defesa dos EUA), entre outros.
          A empreendedora, cofundadora e CEO da Theranos, Elizabeth Holmes tornou-se bilionária e estampou capas de diversas revistas no exterior. Em janeiro de 2017, a empreendedora era nada menos que a mais jovem bilionária por meio de seu próprio empreendimento: a startup de biotecnologia e saúde Theranos.
          Mesmo enfrentando problemas com parte da comunidade científica, a Theranos era avaliada em 9 bilhões de dólares, um belo unicórnio, enquanto Elizabeth Holmes possuía um patrimônio líquido de 4,5 bilhões de dólares (dados de janeiro de 2017). Holmes chegou a ser comparada com Steve Jobs, o lendário cofundador e ex-CEO da Apple.
          Após esse período inicial promissor, porém, a companhia passou a enfrentar problemas. O ápice foi a acusação de "fraude massiva" pela Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), equivalente à nossa Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
          Apesar de atrair investidores, a companhia não entregava o que prometia, uma máquina inovadora capaz de realizar testes médicos com uma quantidade muito pequena de sangue a baixos custos. A história passou a ser ventilada como um exemplo de como investidores, mídia e público se deixam seduzir por soluções vendidas como inovadoras antes mesmo de testar seu funcionamento no charmoso mundo do Vale do Silício.
          Em abril de 2018, a companhia contava com menos de 30 empregados e em 4 de setembro do mesmo ano ocorreu o encerramento da empresa.
          A acusação da Securities and Exchange Comission (SEC), o órgão regulador do mercado de capitais dos EUA, foi por crimes financeiros, alegando que a Theranos havia enganado investidores com falsas afirmações sobre seus produtos e ao exagerar dados de performance da tecnologia. Holmes e um ex-presidente da companhia, Ramesh “Sunny” Balwani, podem ser condenados a duas décadas de prisão. Os dois negam. A empresa também foi acusada de enganar pacientes e médicos.
          Antes promessa de revolução nos testes de sangue, a startup vai fechar após alegação de fraude. O episódio deve ser o derradeiro de uma história que teve altos e baixos com cifras bilionárias e acusações de fraude. A informação foi publicada pelo Wall Street Journal citando um e-mail enviado para acionistas da companhia pelo atual CEO, David Taylor.
          Muito mais do que a fraude, o mais impressionante na história da Theranos é a facilidade com a qual a Elizabeth e o seu COO e namorado Sunny Balwani conseguiram se cercar de figuras notórias e captar tanto dinheiro apenas com uma narrativa envolvente.
          A cofundadora Elizabeth Holmes passou de bilionária a falida —a Forbes estima que Holmes não tem mais fortuna pessoal.
          Holmes foi condenada por fraude pela SEC. Com a liquidação da companhia em 2018, os poderosos investidores perderam todo o capital aportado.
          Na primeira semana de 2022, portanto seis anos depois, a ex-queridinha do Vale do Silício foi condenada por quatro acusações de fraude e conspiração.
          Onze anos e três meses é o tempo que Elizabeth Holmes, fundadora Theranos, foi condenada à prisão após ser condenada por fraudar investidores. Ramesh Balwani, ex-COO da empresa, foi condenado a quase 13 anos.
(Fonte: msn - notícias - Exame.com - Mariana Fonseca - 24.01.2017 / 30.01.2018 / revista Época Negócios 05.09.2018 / ElevenFinancial - 01.03.2020 / NY Times - 28.12.2022 / Wikipédia - partes)

3 comentários:

Anônimo disse...

Foi um prazer conhecê-lo no evento da ITSA.

Vou publicar o link do seu blog em um grupo de investidores no Facebook.

Anônimo disse...

Foi um prazer conhecê-lo no evento da ITSA.

Vou publicar o link do seu blog em um grupo de investidores no Facebook.

Origem das Marcas disse...

Igualmente, obrigado.
Grato por prestigiar o blog.