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2 de out. de 2011

Tencent

          A gigante chinesa de games e tecnologia Tencent pode ser uma ilustre desconhecida fora de seu país de origem, a China, mas lá, foi uma mania entre os jovens chineses. Sua história de sucesso é exemplar sobre o jeito chinês de fazer negócios. A Tencent nasceu como um serviço para facilitar o envio de mensagens de texto (o nome é uma referência ao preço de um SMS na China - 10 centavos, ten cents em inglês), mas logo revelou um talento inato para copiar modelos de sucesso no exterior - mas sempre com adaptações para agradar à população local.
          Ma Huateng, um cientista da computação nascido em 1971, fundou a Tencent em 1998 com um grupo de amigos. Ele era funcionário de uma empresa de telecomunicações nacional e decidiu largar o emprego depois de assistir a uma apresentação dos criadores do ICQ. Na época, o ICQ e as mensagens instantâneas eram uma novidade e uma das febres da internet. Não havia nada parecido na China. Ma decidiu "inspirar-se" na ideia e lançou o OICQ (de Open ICQ). Em apenas nove meses, seu serviço alcançou 1 milhão de usuários. Além de tantos consumidores, a ajuda do governo também facilita o crescimento rápido.
          Depois de uma disputa legal com a AOL, que comprou o ICQ, Ma mudou o nome de seu comunicador para QQ. No fim de 2010, o serviço tinha 600 milhões de chineses cadastrados (muitos jovens têm diversas contas). Com a enorme base de clientes de seu comunicador, Ma começou a copiar outros negócios. Ele tem o TenPay, um sistema de pagamentos online similar ao americano PayPal. Lançou o mecanismo de busca Soso.com, que replica o Google, e a rede social QZone, que emula o Facebook e a rede sul-coreana Cyworld.
          Mas reproduzir, ainda que com adaptações, o que deu certo em outros países não é suficiente para manter uma empresa viva. O que Ma Huateng consegue fazer como poucos é tirar dinheiro - ou monetizar, como é moda dizer no mundo das empresas da internet - dos seus usuários.
          Em novembro de 2017, a Tencent, dona da rede social WeChat, ultrapassou o valor de mercado do Facebook, chegado a 522 bilhões de dólares. É a primeira empresa asiática de tecnologia a atingir tal patamar.
          Em junho de 2022 vem a lume que a Tencent pretende usar o escritório no Brasil para lançar games, experiências e serviços voltados para o público brasileiro, além de expandir suas operações na América Latina. Para isso, uma equipe de funcionários passou a ser contratada, com o objetivo de entender melhor os desejos e as necessidades do mercado. A representante no país é a Level Infinite, divisão internacional fundada em dezembro de 2021 para expandir as atividades da Tencent ao redor do mundo.
          A Tencent, dona do WeChat, lançou, em janeiro de 2024, um serviço de escaneamento da palma da mão. Embora usar a palma da mão para fazer coisas do cotidiano, como compras ou pegar o metrô, não seja uma novidade na China, a Tencent quer ser a empresa que fará com que a tecnologia se torne popular.
(Fonte: revista Exame - 20.10.2010 / revista Veja - 29.11.2017 / Época Negócios - 09.06.2022 / 23.01.2024 - partes)

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