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30 de out. de 2011

Beardstown Ladies

          Beardstown Ladies, ou senhoras de Beardstown, não é propriamente uma empresa, mas o grupo de senhoras passou a ser conhecido quase que como uma marca. O grupo foi criado em 1983, por 14 senhoras.
          As senhoras de Beardstown estudavam as oportunidades de investimento, sem dar bola para as turbulências momentâneas. Enquanto muitos foram ao desespero durante o pesadelo asiático no segundo semestre de 1997, por exemplo, elas atravessaram aqueles momentos sem precisar de calmantes.
       Da pequena cidade de Beardstown, no estado de Illinois, elas acompanhavam tranquilamente as oscilações da Bolsa em Nova York. Enquanto decidem a compra de novas ações, costumam tomar uma xícara de chá com biscoitos e, de vez em quando, interromper o trabalho para trocar uma receita de bolo.
          No início do mês de novembro de 1997, duas integrantes do grupo, Betty Sinnock e Ann Brewer, estiveram no Brasil para lançar a edição em português do Guia Prático de Investimentos  das Beardstown Ladies.
          Por aqui, muitos ouviram a voz da experiência, pedindo algumas dicas para não perder muito dinheiro no mercado de ações. Eis algumas delas:
               - Confie mais em sua própria intuição do que no conselho dos especialistas.
               - Se o seu objetivo é aplicar por meio de um clube de investimento, pense na possibilidade                     de montar seu próprio grupo, com amigos nos quais confie.
               - Mantenha sempre o bom humor. Em vez de se desesperar por ter feito um mau negócio,                       procure rir do seu erro. Você não vai ter de volta o dinheiro, mas, pelo menos evitará uma úlcera.
          No período de 1987 a 1996, elas integraram o clube de investimentos mais rentável dos Estados Unidos, com ganho médio anual de 23,4%.
          Porém, esse desempenho excepcional começou a causar ciúmes e passou a ser assunto constante em rodas de conversas entre financistas nos quatro cantos do país. Até que alguém teve uma ideia: pedir para conferir os números das senhoras de Beardstown. Mais que isso, auditar os números. Entraram em contato com o grupo de senhoras e elas, sem pestanejar, colocaram seus apontamentos à disposição dos interessados. Em grande estilo, os "desconfiados" escalaram alguém do Top 5, o grupo das cinco maiores empresas de auditoria do mundo, a PriceWaterhouseCoopers, para fazer a auditagem.
          Ato contínuo, pasmem. A PwC não demorou nem um pouco para achar o "erro". Na mais pura ingenuidade, as senhoras de Beardstown contabilizavam os aportes mensais como ganhos. O próprio capital do mês entrava como rendimento. Com isso, a performance do fundo inchava artificialmente.
(Fonte: revista Exame - 19.11.1997 - parte)     

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