A exportadora de café Comal e a subsidiária Wasim, pertenciam ao empresário Mario Wallace Simonsen. Simonsen teria sido alvo de um complô comercial de dimensões gigantescas e intercontinentais. O falecido jurista Saulo Ramos escreveu em “Código da Vida”, de 2007, que a guerra contra o empresário foi aberta devido à capacidade de sua exportadora de café Comal e da subsidiária Wasim de concorrer lá fora com as empresas norte-americanas, que, até então, dominavam o mercado de comercialização de grãos.
“A Wasim passou a vender café agressivamente na Alemanha, no Leste Europeu, Itália e — ato suicida — em Nova York, no mercado green coffee, com alguma iniciativa para ingressar no mercado de café torrado e moído. Crime explícito, porque afinal um país mais ou menos colônia não podia desejar mais do que vender matéria-prima em seu próprio território”.
A tese é sustentada pelo jornalista e empresário Ricardo Amaral em seu “Ricardo Amaral apresenta Vaudeville – Memórias”, de 2010. “A exportadora Comal era poderosa, a maior nacional. No exterior, a Wasim tinha uma participação enorme na distribuição das exportações de café brasileiro. Esse quase monopólio incomodava os concorrentes internacionais dos Simonsen, principalmente os norte-americanos, cujos interesses eram representados no Brasil por políticos influentes, ligados aos militares que haviam tomado o poder, inclusive o então empresário e deputado federal Herbert Levy”.
Em 1963, ano em que Simonsen comprou uma rede de varejo alemã para vender café ao cliente final, Levy passou a acusá-lo de realizar operações ilícitas e lesar o Brasil em US$ 23 milhões. O deputado transformou o assunto em denúncia no Ministério Público e conseguiu aprovar na Câmara a constituição de uma CPI, cujo efeito imediato foi a destruição da credibilidade do empresário no mercado.
Laudo do Instituto de Polícia Técnica de São Paulo comprovou que cópias falsificadas de documentos tinham sido usadas para subsidiar as denúncias. Mas, apesar de as evidências apresentadas pela defesa comprovarem a inépcia das acusações — em 1° de dezembro de 1965, o Supremo Tribunal Federal trancou os processos criminais por falta de mérito —, o grupo Simonsen teve todos os seus créditos cortados no exterior. A Comal e a Wasim foram proibidas de funcionar em maio de 1964 e, um mês depois do fechamento da Panair, a 22ª Vara Criminal do Rio decretou o sequestro de todos os bens do empresário, cujo conglomerado possuía cerca de 40 companhias com atividades em 53 países.
“O fechamento da Panair (empresa aérea inteiramente nacionalizada em 1961, pelas mãos dos empresários Celso da Rocha Miranda e Mario Wallace Simonsen) fez parte do plano maior de desmontar o poder econômico do grupo Rocha Miranda-Simonsen. Os inimigos aproveitaram o momento político e resolveram atacar em todas as frentes”, resume Luiz Paulo Sampaio, filho de Paulo Sampaio, que durante 16 anos presidiu a Panair. “Hoje, o complô é outro: o do silêncio”.
(Fonte: ÉpocaNegócioas - 10.02.2015 - Daniel Leb Sasaki é jornalista e escritor, autor do livro "Pouso Forçado")
“A Wasim passou a vender café agressivamente na Alemanha, no Leste Europeu, Itália e — ato suicida — em Nova York, no mercado green coffee, com alguma iniciativa para ingressar no mercado de café torrado e moído. Crime explícito, porque afinal um país mais ou menos colônia não podia desejar mais do que vender matéria-prima em seu próprio território”.
A tese é sustentada pelo jornalista e empresário Ricardo Amaral em seu “Ricardo Amaral apresenta Vaudeville – Memórias”, de 2010. “A exportadora Comal era poderosa, a maior nacional. No exterior, a Wasim tinha uma participação enorme na distribuição das exportações de café brasileiro. Esse quase monopólio incomodava os concorrentes internacionais dos Simonsen, principalmente os norte-americanos, cujos interesses eram representados no Brasil por políticos influentes, ligados aos militares que haviam tomado o poder, inclusive o então empresário e deputado federal Herbert Levy”.
Em 1963, ano em que Simonsen comprou uma rede de varejo alemã para vender café ao cliente final, Levy passou a acusá-lo de realizar operações ilícitas e lesar o Brasil em US$ 23 milhões. O deputado transformou o assunto em denúncia no Ministério Público e conseguiu aprovar na Câmara a constituição de uma CPI, cujo efeito imediato foi a destruição da credibilidade do empresário no mercado.
Laudo do Instituto de Polícia Técnica de São Paulo comprovou que cópias falsificadas de documentos tinham sido usadas para subsidiar as denúncias. Mas, apesar de as evidências apresentadas pela defesa comprovarem a inépcia das acusações — em 1° de dezembro de 1965, o Supremo Tribunal Federal trancou os processos criminais por falta de mérito —, o grupo Simonsen teve todos os seus créditos cortados no exterior. A Comal e a Wasim foram proibidas de funcionar em maio de 1964 e, um mês depois do fechamento da Panair, a 22ª Vara Criminal do Rio decretou o sequestro de todos os bens do empresário, cujo conglomerado possuía cerca de 40 companhias com atividades em 53 países.
“O fechamento da Panair (empresa aérea inteiramente nacionalizada em 1961, pelas mãos dos empresários Celso da Rocha Miranda e Mario Wallace Simonsen) fez parte do plano maior de desmontar o poder econômico do grupo Rocha Miranda-Simonsen. Os inimigos aproveitaram o momento político e resolveram atacar em todas as frentes”, resume Luiz Paulo Sampaio, filho de Paulo Sampaio, que durante 16 anos presidiu a Panair. “Hoje, o complô é outro: o do silêncio”.
(Fonte: ÉpocaNegócioas - 10.02.2015 - Daniel Leb Sasaki é jornalista e escritor, autor do livro "Pouso Forçado")
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