Sebastião Ferraz de Camargo Penteado, morto em 1994, aos 84 anos de idade, chamado de China pelos conhecidos, por causa dos traços orientais de seus olhos, protagonizou uma das trajetórias mais bem-sucedidas e controvertidas do mundo dos negócios no Brasil. Filho de um modesto fazendeiro de Jaú, no interior de São Paulo, foi obrigado a interromper os estudos no 3º ano primário, com a morte do pai. Para ajudar no sustento da família, começou a transportar terra retirada de construções de estradas numa carroça puxada por um burro. Aprendeu as técnicas de terraplanagem e se transformou num pequeno empreiteiro. Em 1939, conheceu o advogado Sylvio Corrêa e com ele fundou uma pequena construtora na capital paulista, a Camargo Corrêa & Cia. Ltda.
Até onde a vista alcança, a Camargo Corrêa é uma das maiores potências empresariais brasileiras. Figura entre os 25 maiores grupos empresariais do país e é também um dos maiores empregadores, com cerca de 60 mil funcionários em sua folha de pagamentos.
Fundada às vésperas da Segunda Guerra Mundial, levam a assinatura do legendário Sebastião Camargo, algumas das principais obras da engenharia nacional à época do regime militar, como as hidrelétricas de Itaipu, e Tucuruí, a Ponte Rio-Niterói, as rodovias Transamazônica e Bandeirantes, o metrô de São Paulo e a usina nuclear Angra 1, entre outras.
Até onde a vista alcança, a Camargo Corrêa é uma das maiores potências empresariais brasileiras. Figura entre os 25 maiores grupos empresariais do país e é também um dos maiores empregadores, com cerca de 60 mil funcionários em sua folha de pagamentos.
Fundada às vésperas da Segunda Guerra Mundial, levam a assinatura do legendário Sebastião Camargo, algumas das principais obras da engenharia nacional à época do regime militar, como as hidrelétricas de Itaipu, e Tucuruí, a Ponte Rio-Niterói, as rodovias Transamazônica e Bandeirantes, o metrô de São Paulo e a usina nuclear Angra 1, entre outras.
Em assembleia realizada em 10 de julho de 1992, foi decidido e sacramentado que desde então os três genros de Sebastião Camargo, foram entronizados nos cargos mais importantes do grupo. Carlos Pires Oliveira Dias, casado com Regina, passou a ser o novo presidente do conselho de administração da holding Morro Vermelho, que controla o grupo, em substituição ao próprio Sebastião. Fernando Botelho, casado com Rosana, foi guindado à vice-presidência do conselho. O terceiro genro, Luiz Nascimento, casado com Renata, ficou em definitivo na presidência da construtora, cargo que vinha ocupando interinamente. Sebastião permaneceu no conselho e faleceu dois nos depois, em 1994.
Quando o dinheiro para investimento do Estado acabou e as encomendas do setor público escassearam, a empreiteira paulista soube se reinventar. Embarcou com tudo na onda de privatizações patrocinadas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. De fornecedora, transformou-se em concessionária dos serviços privatizados, entre eles a via Dutra e a mesma Ponte Rio-Niterói que entregara em 1974, além da distribuidora de energia elétrica CPFL. A Ponte Rio-Niterói saiu do portfólio de sua controlada CCR em 2015, quando a empresa não foi vitoriosa na renovação da concessão. Ao mesmo tempo, a Camargo Corrêa aprofundou sua participação em áreas que nada tinham a ver com sua vocação original como os setores de calçados (Alpargatas) e têxtil (Santista Têxtil). Como investidor o grupo mantinha participação em empresas como Alcoa, Usiminas e Itaúsa. Recentemente, desfez-se das participações na Usiminas, Itaúsa e Cavo e passou a ter forte participação na InterCement. Em 1998, participa da criação da Companhia de Concessões Rodoviárias - CCR (vide origem da marca CCR neste blog).
O primeiro grande salto na trajetória da empreiteira aconteceu na segunda metade dos anos 1950, com a construção de Brasília. A Camargo Corrêa foi a responsável pela construção de várias estradas de acesso à nova capital. Mais do que isso: a participação na epopeia de Brasília permitiu a Sebastião Camargo aproximar-se do presidente Juscelino Kubitschek, dando início a um duradouro relacionamento com o poder, qualquer que fosse seu ocupante. Essa intimidade com governantes veio a aprofundar-se a partir de 1964, época em que Sebastião Camargo assumiu o controle integral do negócio com a saída de Sylvio Corrêa, cujo sobrenome foi mantido pela construtora e pelo grupo. A Camargo Corrêa transformou-se rapidamente na queridinha dos governos militares. Não por acaso, até 1985 era a líder absoluta entre as empreiteiras brasileiras, posto que então perdeu para a Norberto Odebrecht.
O estilo de gestão de Camargo reproduzia, de alguma forma, o ambiente político vivido no país. Embora costumasse a ouvir atentamente seus executivos, não abria mão do controle absoluto da empreiteira. Era exigente no cumprimento das tarefas e obcecado por ordem e organização.
Quando o dinheiro para investimento do Estado acabou e as encomendas do setor público escassearam, a empreiteira paulista soube se reinventar. Embarcou com tudo na onda de privatizações patrocinadas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. De fornecedora, transformou-se em concessionária dos serviços privatizados, entre eles a via Dutra e a mesma Ponte Rio-Niterói que entregara em 1974, além da distribuidora de energia elétrica CPFL. A Ponte Rio-Niterói saiu do portfólio de sua controlada CCR em 2015, quando a empresa não foi vitoriosa na renovação da concessão. Ao mesmo tempo, a Camargo Corrêa aprofundou sua participação em áreas que nada tinham a ver com sua vocação original como os setores de calçados (Alpargatas) e têxtil (Santista Têxtil). Como investidor o grupo mantinha participação em empresas como Alcoa, Usiminas e Itaúsa. Recentemente, desfez-se das participações na Usiminas, Itaúsa e Cavo e passou a ter forte participação na InterCement. Em 1998, participa da criação da Companhia de Concessões Rodoviárias - CCR (vide origem da marca CCR neste blog).
O primeiro grande salto na trajetória da empreiteira aconteceu na segunda metade dos anos 1950, com a construção de Brasília. A Camargo Corrêa foi a responsável pela construção de várias estradas de acesso à nova capital. Mais do que isso: a participação na epopeia de Brasília permitiu a Sebastião Camargo aproximar-se do presidente Juscelino Kubitschek, dando início a um duradouro relacionamento com o poder, qualquer que fosse seu ocupante. Essa intimidade com governantes veio a aprofundar-se a partir de 1964, época em que Sebastião Camargo assumiu o controle integral do negócio com a saída de Sylvio Corrêa, cujo sobrenome foi mantido pela construtora e pelo grupo. A Camargo Corrêa transformou-se rapidamente na queridinha dos governos militares. Não por acaso, até 1985 era a líder absoluta entre as empreiteiras brasileiras, posto que então perdeu para a Norberto Odebrecht.
O estilo de gestão de Camargo reproduzia, de alguma forma, o ambiente político vivido no país. Embora costumasse a ouvir atentamente seus executivos, não abria mão do controle absoluto da empreiteira. Era exigente no cumprimento das tarefas e obcecado por ordem e organização.
Em 1996, assumiu a presidência da empresa o ex-vice presidente do Bradesco Alcides Tápias, que chegou com pelo menos duas missões: A primeira: ser a solução para os conflitos sucessórios ocorridos após a morte do fundador do grupo, Sebastião Camargo. A segunda: liderar a maior virada estratégica da história da companhia. Sob seu comando, a Camargo Corrêa, tradicional no setor de construção civil, passou a apostar em infra-estrutura e na indústria de base. Em 1996, tornou-se dona de 7,3% da Usiminas. Em parceria com uma concorrente, a construtora Andrade Gutierrez, passou a dar vida à Via Dutra.
Em março de 2006, a espanhola Tavex Algodonera passa a controlar a Santista, desde que realizou a fusão com os sócios da empresa brasileira, a Alpargatas e a Camargo Corrêa. Essas empresas passaram a deter 59% do capital da companhia espanhola. Com a fusão, criou-se a maior fabricante de denim do planeta. Em 2015, a Camargo Correa extingue a fusão com a Tavex e volta a comandar sozinha a Santista.
Desde 2014, com o desfecho da operação da Polícia Federal, denominada Lava-Jato, que investiga pagamentos de propinas em contratos de obras da Petrobras, o grupo enfrenta o pior período de sua história. Sua construtora foi uma das empresas envolvidas no escândalo e teve executivos presos. Outro grande desafio é o equacionamento do endividamento, agravado pelo impacto do câmbio sobre uma grande parte dos vencimentos em moeda estrangeira - dólar e euro.
Vendendo tudo o que pode para resistir à crise, a Camargo Corrêa foi obrigada a oferecer ao mercado, um ícone do capitalismo brasileiro, a fabricante de calçados Alpargatas. Em 23 de novembro de 2015, confirma a venda do controle da empresa para a J&F (controladora da JBS), por R$ 2,667 bilhões. Com isso, a Camargo Corrêa alivia sua dívida em torno de 11%.
Em julho de 2016, a participação de 23,6% da Camargo Corrêa na CPFL é vendida para a chinesa State Grid.
A Camargo Corrêa S.A. (CCSA), holding do grupo Camargo Corrêa desde 1996, a partir de 13 de junho de 2018 passou a ter um novo nome: MOVER. A nova marca e o nome são resultados do processo de mudanças iniciado no grupo em 2015, com a chegada de integrantes da terceira geração da família à gestão do conglomerado.
Em meados de setembro de 2018, a Mover Participações, nova denominação da Camargo Corrêa S.A., vende a Santista Têxtil para o grupo mexicano Siete Leguas. A negociação envolve as operações da Santista no Brasil e Argentina, com três fábricas e 3.000 funcionários. A unidade Brasileira, Santista Work Solutions, fabrica denim e brim para jeans, assim como vestuário profissional. A subsidiária argentina é chamada Mundo Textil Mag.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 / Época - 30.03.2009 / jornal Valor online - 18.11.2015-24.11.2015 / Infomoney-MSN 23.11.2015 / jornal Valor - 13.06.2018 / 24.10.2018 - partes).
Em março de 2006, a espanhola Tavex Algodonera passa a controlar a Santista, desde que realizou a fusão com os sócios da empresa brasileira, a Alpargatas e a Camargo Corrêa. Essas empresas passaram a deter 59% do capital da companhia espanhola. Com a fusão, criou-se a maior fabricante de denim do planeta. Em 2015, a Camargo Correa extingue a fusão com a Tavex e volta a comandar sozinha a Santista.
Desde 2014, com o desfecho da operação da Polícia Federal, denominada Lava-Jato, que investiga pagamentos de propinas em contratos de obras da Petrobras, o grupo enfrenta o pior período de sua história. Sua construtora foi uma das empresas envolvidas no escândalo e teve executivos presos. Outro grande desafio é o equacionamento do endividamento, agravado pelo impacto do câmbio sobre uma grande parte dos vencimentos em moeda estrangeira - dólar e euro.
Vendendo tudo o que pode para resistir à crise, a Camargo Corrêa foi obrigada a oferecer ao mercado, um ícone do capitalismo brasileiro, a fabricante de calçados Alpargatas. Em 23 de novembro de 2015, confirma a venda do controle da empresa para a J&F (controladora da JBS), por R$ 2,667 bilhões. Com isso, a Camargo Corrêa alivia sua dívida em torno de 11%.
Em julho de 2016, a participação de 23,6% da Camargo Corrêa na CPFL é vendida para a chinesa State Grid.
A Camargo Corrêa S.A. (CCSA), holding do grupo Camargo Corrêa desde 1996, a partir de 13 de junho de 2018 passou a ter um novo nome: MOVER. A nova marca e o nome são resultados do processo de mudanças iniciado no grupo em 2015, com a chegada de integrantes da terceira geração da família à gestão do conglomerado.
Em meados de setembro de 2018, a Mover Participações, nova denominação da Camargo Corrêa S.A., vende a Santista Têxtil para o grupo mexicano Siete Leguas. A negociação envolve as operações da Santista no Brasil e Argentina, com três fábricas e 3.000 funcionários. A unidade Brasileira, Santista Work Solutions, fabrica denim e brim para jeans, assim como vestuário profissional. A subsidiária argentina é chamada Mundo Textil Mag.
(Fonte: revista Exame - 22.07.1992 / Época - 30.03.2009 / jornal Valor online - 18.11.2015-24.11.2015 / Infomoney-MSN 23.11.2015 / jornal Valor - 13.06.2018 / 24.10.2018 - partes).
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