O Grupo Cutrale, um dos maiores produtores de laranja e suco de laranja do Brasil, foi fundado em 1954 (fim da década de 1960?) por José Cutrale Júnior (1926-2004), filho de um imigrante siciliano que vendia cítricos. A família comprou laranjais em São Paulo e aos poucos construiu seu império com a ajuda de geadas periódicas que matavam os laranjais da Flórida e criaram demanda pelo suco brasileiro.
A família Cutrale e seus negócios ainda estão centrados perto de Araraquara, onde está sua sede, no interior de São Paulo. O grupo é muito discreto, mas é conhecido informalmente como "Rei da Laranja". José Luís Cutrale, que nasceu em 1946 em São Paulo, filho do fundador, é tido por alguns como um dos homens mais ricos do Brasil, mas não é encontrado em nenhuma lista de bilionários. Ele evita a publicidade, raramente é fotografado e tem obsessão por segurança. Vive com sua família em uma propriedade murada na zona rural do Estado de São Paulo, cercado pelos laranjais que o ajudaram a enriquecer.
Embora a família possua uma fábrica de sucos em Portugal e seja um dos maiores nomes do ramo na Flórida, o centro dos negócios ainda está no Brasil. A Cutrale é uma das três empresas com operações no Brasil que controlam cerca de 80% do mercado mundial de suco de laranja. Especialistas avaliam que a Cutrale, que registrou exportações de US$ 1,7 bilhão em 2013, é a segunda maior produtora brasileira, atrás da Citrosuco, com sede em Matão (SP), e à frente do conglomerado francês Louis Dreyfus Commodities (vide origem da marca Louis Dreyfus neste blog).
Grandes mudanças no setor parecem motivar Cutrale. Produtores da Flórida e do Brasil vêm lutando contra o "greening", doença que reduz a produtividade e acaba matando as árvores. Além disso, o suco de laranja tem perdido mercado, à medida que alternativas como bebidas energéticas e cafés sofisticados atraem consumidores mais jovens. Os produtores de laranja procuram alternativas de diversificação para um mercado de laranja saturado. E a Cutrale tenta fazer aquisições. Sendo atacadista, não é conhecida pelos consumidores. E a compra de uma marca de varejo, de um produto correlato, viria muito a calhar.
Grandes mudanças no setor parecem motivar Cutrale. Produtores da Flórida e do Brasil vêm lutando contra o "greening", doença que reduz a produtividade e acaba matando as árvores. Além disso, o suco de laranja tem perdido mercado, à medida que alternativas como bebidas energéticas e cafés sofisticados atraem consumidores mais jovens. Os produtores de laranja procuram alternativas de diversificação para um mercado de laranja saturado. E a Cutrale tenta fazer aquisições. Sendo atacadista, não é conhecida pelos consumidores. E a compra de uma marca de varejo, de um produto correlato, viria muito a calhar.
Um assunto que a Cutrale deveria abordar em público para dirimir dúvidas é sobre possíveis práticas de irregularidades trabalhistas que estariam sendo praticadas, ou que ocorreram no passado e cujos processos ainda estão em andamento.
Outro assunto a ser abordado pela Cutrale, bem como por seus principais concorrentes, envolve o fato que manteve um relacionamento nem sempre amistoso com fornecedores independentes de laranja do interior paulista, muitos dos quais, sobretudo de menor porte, moveram processos contra as empresas por suposta formação de cartel, que chegaram a gerar acordos na Justiça.
Em outubro de 2014, a Cutrale, em parceria com o Grupo Safra, representados por José Luís Cutrale e Joseph Safra, conclui outro movimento ousado em sua trajetória. Chegou a um acordo definitivo para incorporar a americana Chiquita Brands International, uma das quatro líderes globais do mercado de bananas, e pavimentou mais uma rota alternativa para impulsionar os negócios. O acordo foi fechado levando em conta a oferta equivalente a quase US$ 750 milhões, e a transação também inclui dívidas que elevam o montante total para cerca de US$ 1,3 bilhão.
Em outubro de 2014, a Cutrale, em parceria com o Grupo Safra, representados por José Luís Cutrale e Joseph Safra, conclui outro movimento ousado em sua trajetória. Chegou a um acordo definitivo para incorporar a americana Chiquita Brands International, uma das quatro líderes globais do mercado de bananas, e pavimentou mais uma rota alternativa para impulsionar os negócios. O acordo foi fechado levando em conta a oferta equivalente a quase US$ 750 milhões, e a transação também inclui dívidas que elevam o montante total para cerca de US$ 1,3 bilhão.
A Cutrale também se tornou muito conhecida nos Estados Unidos por ser sócia da Coca-Cola, de quem já era tradicional fornecedora de suco de laranja, e por investimentos em outros segmentos, como banana (em parceria com o banco Safra), saladas frescas, condimentos e snacks. O grupo também mantém negócios nos setores imobiliário, financeiro e de saúde.
Nos últimos anos, como suas grandes “rivais” — Citrosuco e a francesa Louis Dreyfus, que também participa da operação a partir de negócios baseados no cinturão citrícola que se espalha por São Paulo e Minas Gerais —, a Cutrale também passou a investir nas exportações de suco de laranja pronto para beber (NFC), com novos aportes em logística.
José Luís Cutrale morreu em 17 de agosto de 2022 em Londres, de causas naturais. Até pouco tempo antes de sua morte, comandava a Cutrale, então segunda maior exportadora de suco de laranja do mundo, quando se afastou para cuidar da saúde. Com a expansão dos negócios no exterior, mas também preocupado com segurança, José Luís morava em Londres já há muitos anos com a esposa Rosana, com quem estava casado há mais de 50 anos. A companhia já estava sob a liderança de seus três filhos José Luís Cutrale Junior, José Henrique Cutrale e Graziela Cutrale.
(Fonte: jornal Valor online - 28.10.2014 / 18.08.2022 - partes)
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