O pernambucano Norberto Odebrecht nasceu em 1920 e aos 14 anos começa a trabalhar como pedreiro nas obras do pai. Em 1941, aos 21 anos, quando os negócios do pai passavam por sérias dificuldades financeiras, Norberto assume o comando. Em 1945, funda, na Bahia, a Norberto Odebrecht Construtora, empresa orientada para o trabalho coletivo e a descentralização administrativa.
Em 1979, o grupo começa sua fase de internacionalização. No início dos anos 1990, Norberto passa o comando da empresa para o filho Emílio e em abril de 1998 deixa o conselho de administração da empresa e se afastou da administração do grupo.
Por volta de 1992 ficava clara uma espécie de dupla personalidade do Grupo Odebrecht. Ao mesmo tempo em que ampliava seus negócios no exterior, no Brasil parecia ser "sinônimo de negociatas". Já tramitava na Câmara dos Deputados, projeto que procurava moralizar as licitações do setor público. "Muitas empreiteiras são compelidas a entrar no esquema", afirmava o deputado Luís Roberto Andrade Ponte, do PMDB-RS, autor do projeto. A Odebrecht era acusada de pagar propina de 30000 dólares ao ex-ministro do trabalho e Previdência Social Antônio Rogério Magri, em troca das obras do Canal da Maternidade. Foi flagrada incorporando à sua contabilidade notas frias no valor de 3,2 milhões de dólares referentes a supostos serviços de consultoria prestados por Paulo César Farias. Durante todo o escândalo PC-Collor, a Odebrecht esteve no epicentro das denúncias de corrupção. O chefe dos arapongas do governo Collor, Pedro Paulo Leoni Ramos, teria intercedido pela participação da Petrobras (vide origem da marca Petrobras neste blog) no financiamento de uma usina em Angola, no valor de US$ 100 milhões. Contemplada com a maior fatia da obra da usina de Xingó, em Alagoas, a empreiteira foi a única a receber da Eletrobras (vide origem da marca Eletrobras neste blog) o pagamento de faturas atrasadas.
Em 1979, o grupo começa sua fase de internacionalização. No início dos anos 1990, Norberto passa o comando da empresa para o filho Emílio e em abril de 1998 deixa o conselho de administração da empresa e se afastou da administração do grupo.
Por volta de 1992 ficava clara uma espécie de dupla personalidade do Grupo Odebrecht. Ao mesmo tempo em que ampliava seus negócios no exterior, no Brasil parecia ser "sinônimo de negociatas". Já tramitava na Câmara dos Deputados, projeto que procurava moralizar as licitações do setor público. "Muitas empreiteiras são compelidas a entrar no esquema", afirmava o deputado Luís Roberto Andrade Ponte, do PMDB-RS, autor do projeto. A Odebrecht era acusada de pagar propina de 30000 dólares ao ex-ministro do trabalho e Previdência Social Antônio Rogério Magri, em troca das obras do Canal da Maternidade. Foi flagrada incorporando à sua contabilidade notas frias no valor de 3,2 milhões de dólares referentes a supostos serviços de consultoria prestados por Paulo César Farias. Durante todo o escândalo PC-Collor, a Odebrecht esteve no epicentro das denúncias de corrupção. O chefe dos arapongas do governo Collor, Pedro Paulo Leoni Ramos, teria intercedido pela participação da Petrobras (vide origem da marca Petrobras neste blog) no financiamento de uma usina em Angola, no valor de US$ 100 milhões. Contemplada com a maior fatia da obra da usina de Xingó, em Alagoas, a empreiteira foi a única a receber da Eletrobras (vide origem da marca Eletrobras neste blog) o pagamento de faturas atrasadas.
Em meados de 1999, a delicada situação financeira do grupo Odebrecht tirou da tranquilidade de sua aposentadoria o patriarca Norberto Odebrecht que voltou a manter reuniões de até 12 horas por dia com seu filho e sucessor, Emílio. O assunto em pauta nas conversas era o que fazer com o endividamento de 1,6 bilhão de dólares da Odebrecht na área petroquímica.
Norberto Odebrecht falece em 20 de julho de 2014, em Salvador.
Em meados de 2014, a Norberto Odebrecht começa a ser citada na operação da Polícia Federal chamada Lava-Jato, junto com uma série de outras empreiteiras que teriam pagado propina a diretores da Petrobras em troca de contratos. Com faturamento de mais de 100 bilhões de reais, com mais de 170 mil funcionários e atuação em 27 países, a empresa atua no setor ambiental, agroindustrial, transporte, óleo e gás, indústria naval, defesa e tecnologia, construção e petroquímica, com participação na Braskem.
Mesmo com este gigantismo, em junho de 2015 a companhia estremece com a prisão de seu CEO, Marcelo Odebrecht, filho de Emílio (e neto de Norberto), que havia assumido o comando do grupo em 2008. O desdobramento da operação Lava-Jato atinge em cheio os alicerces da construtora. Marcelo passa para prisão domiciliar em dezembro de 2017.
Com dívidas de quase 100 bilhões de reais no fim de 2014, o grupo Odebrecht decidiu vender uma usina hidrelétrica, parte de uma fábrica de armas, concessões de saneamento, um porto e participações minoritárias em outras companhias. Executivos da empreiteira revelaram à força-tarefa da Operação Lava-Jato as dimensões da crise da empresa: a companhia já demitiu 70 mil pessoas.
Em 21 de maio de 2024, o ministro Dias Toffoli anulou toda a apuração e os processos da Operação Lava Jato “praticados em desfavor” de Marcelo Odebrecht. No mesmo dia, o ministro Edson Fachin arquivou, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), os inquéritos que investigavam o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR) a partir da delação de executivos da antiga Odebrecht, atual Novonor.](Fonte: revista Exame - 14.04.1993 / 02.06.1999 / 22.07.2015 / jornal Folha de S.Paulo - 12.08.2016 / jornal Valor - 02.12.2016 / 04.06.2018 / revista Exame - 13.06.2018 / 17.06.2019 / OESP - 17.06.2019 / Valor - 18.12.2020 / O Antagonistq - 22.05.2024 - partes)
Norberto Odebrecht falece em 20 de julho de 2014, em Salvador.
Em meados de 2014, a Norberto Odebrecht começa a ser citada na operação da Polícia Federal chamada Lava-Jato, junto com uma série de outras empreiteiras que teriam pagado propina a diretores da Petrobras em troca de contratos. Com faturamento de mais de 100 bilhões de reais, com mais de 170 mil funcionários e atuação em 27 países, a empresa atua no setor ambiental, agroindustrial, transporte, óleo e gás, indústria naval, defesa e tecnologia, construção e petroquímica, com participação na Braskem.
Mesmo com este gigantismo, em junho de 2015 a companhia estremece com a prisão de seu CEO, Marcelo Odebrecht, filho de Emílio (e neto de Norberto), que havia assumido o comando do grupo em 2008. O desdobramento da operação Lava-Jato atinge em cheio os alicerces da construtora. Marcelo passa para prisão domiciliar em dezembro de 2017.
Com dívidas de quase 100 bilhões de reais no fim de 2014, o grupo Odebrecht decidiu vender uma usina hidrelétrica, parte de uma fábrica de armas, concessões de saneamento, um porto e participações minoritárias em outras companhias. Executivos da empreiteira revelaram à força-tarefa da Operação Lava-Jato as dimensões da crise da empresa: a companhia já demitiu 70 mil pessoas.
Em 2 de dezembro de 2016, a Organização Odebrecht publica um comunicado ("Desculpe, a Odebrecht errou") com um pedido de desculpas pelos atos de corrupção que praticou e que levaram a companhia a assinar o maior acordo de leniência já feito no mundo, no valor de R$ 6,7 bilhões. Levando em conta os juros que serão aplicados durante os 20 anos nos quais a multa foi parcelada, o desembolso vai superar R$ 8,5 bilhões. O acordo de leniência foi assinado em conjunto com delações dos principais nomes do grupo, a começar pelo filho e neto do fundador Norberto Odebrecht, respectivamente, Emílio e Marcelo Odebrecht. E 77 executivos do grupo assinaram o acordo coletivo de colaboração premiada.
Visando melhorar a imagem profundamente chamuscada com a Operação Lava-Jato, o Grupo Odebrecht providenciou alterações radicais no nome de empresas sob o guarda-chuva do grupo, que levam o nome Odebrecht. A Odebrecht Realizações Imobiliárias passou a denominar-se OR, em novembro de 2017. A Odebrecht Agroindustrial passou para Atvos, em dezembro de 2017 e a Odebrecht Óleo e Gás, mudou seu nome para Ocyan em janeiro de 2018.
Em meio aos esforços para virar a página, o grupo teria decidido alterar a marca de sua joia da coroa, a Odebrecht Engenharia e Construção, uma questão até há pouco inegociável com a família.
Fica alguma dúvida no ar, porém, se esse é, de fato, o melhor caminho. Se o comando da empresa acredita que ela permanecerá no mercado e, após as desculpas já solicitadas, passando a trilhar um caminho claramente ético, e o ressurgimento do conglomerado como o gigante que era, o nome forte estampado em todas as empresas poderia facilitar a identificação do (novo) grupo.
Das 15 companhias de antes do escândalo, restam sete. Dos 180.000 funcionários de 2014, restam pouco mais de 48.000 nos quadros da companhia, considerando dados de junho de 2019.
Em 17 de junho de 2019, a Odebrecht S.A. (ODB) formalizou pedido de recuperação judicial na Justiça do estado de São Paulo. Segundo o grupo Odebrecht, o pedido de recuperação ajuizado contempla R$ 51 bilhões de créditos concursais, excluídos os créditos entre as próprias empresas do grupo e créditos extraconcursais. “Tanto as empresas operacionais como as auxiliares e a própria ODB continuam mantendo normalmente suas atividades, focadas no objetivo comum de assegurar estabilidade financeira e crescimento sustentável, preservando assim sua função social de garantir e gerar postos de trabalho”, diz, em nota, a Odebrecht.
Com dívidas de R$ 98,5 bilhões (incluindo empréstimos intercompanhias), a empresa – que já foi símbolo da bonança da economia brasileira – agora é responsável pela maior recuperação judicial da história do País – e da América Latina. Dos R$ 98,5 bilhões, R$ 51 bilhões serão de fato renegociados com os credores; R$ 33 bilhões são de empréstimos intercompanhias; e R$ 14,5 bilhões são alienação fiduciária – boa parte referente a dívidas garantidas com ações da Braskem.
O pedido de recuperação judicial exclui as sociedades Braskem S.A., Odebrecht Engenharia e Construção S.A., Ocyan S.A. (antiga Odebrecht Óleo e Gás), OR S.A., Odebrecht Transport S.A., Enseada Indústria Naval S.A., assim como alguns ativos operacionais na América Latina e suas respectivas subsidiárias. Também estão fora do pedido a Atvos Agroindustrial S.A., que já está em recuperação judicial, e a Odebrecht Corretora de Seguros, Odebrecht Previdência e Fundação Odebrecht.
Visando melhorar a imagem profundamente chamuscada com a Operação Lava-Jato, o Grupo Odebrecht providenciou alterações radicais no nome de empresas sob o guarda-chuva do grupo, que levam o nome Odebrecht. A Odebrecht Realizações Imobiliárias passou a denominar-se OR, em novembro de 2017. A Odebrecht Agroindustrial passou para Atvos, em dezembro de 2017 e a Odebrecht Óleo e Gás, mudou seu nome para Ocyan em janeiro de 2018.
Em meio aos esforços para virar a página, o grupo teria decidido alterar a marca de sua joia da coroa, a Odebrecht Engenharia e Construção, uma questão até há pouco inegociável com a família.
Fica alguma dúvida no ar, porém, se esse é, de fato, o melhor caminho. Se o comando da empresa acredita que ela permanecerá no mercado e, após as desculpas já solicitadas, passando a trilhar um caminho claramente ético, e o ressurgimento do conglomerado como o gigante que era, o nome forte estampado em todas as empresas poderia facilitar a identificação do (novo) grupo.
Das 15 companhias de antes do escândalo, restam sete. Dos 180.000 funcionários de 2014, restam pouco mais de 48.000 nos quadros da companhia, considerando dados de junho de 2019.
Em 17 de junho de 2019, a Odebrecht S.A. (ODB) formalizou pedido de recuperação judicial na Justiça do estado de São Paulo. Segundo o grupo Odebrecht, o pedido de recuperação ajuizado contempla R$ 51 bilhões de créditos concursais, excluídos os créditos entre as próprias empresas do grupo e créditos extraconcursais. “Tanto as empresas operacionais como as auxiliares e a própria ODB continuam mantendo normalmente suas atividades, focadas no objetivo comum de assegurar estabilidade financeira e crescimento sustentável, preservando assim sua função social de garantir e gerar postos de trabalho”, diz, em nota, a Odebrecht.
Com dívidas de R$ 98,5 bilhões (incluindo empréstimos intercompanhias), a empresa – que já foi símbolo da bonança da economia brasileira – agora é responsável pela maior recuperação judicial da história do País – e da América Latina. Dos R$ 98,5 bilhões, R$ 51 bilhões serão de fato renegociados com os credores; R$ 33 bilhões são de empréstimos intercompanhias; e R$ 14,5 bilhões são alienação fiduciária – boa parte referente a dívidas garantidas com ações da Braskem.
O pedido de recuperação judicial exclui as sociedades Braskem S.A., Odebrecht Engenharia e Construção S.A., Ocyan S.A. (antiga Odebrecht Óleo e Gás), OR S.A., Odebrecht Transport S.A., Enseada Indústria Naval S.A., assim como alguns ativos operacionais na América Latina e suas respectivas subsidiárias. Também estão fora do pedido a Atvos Agroindustrial S.A., que já está em recuperação judicial, e a Odebrecht Corretora de Seguros, Odebrecht Previdência e Fundação Odebrecht.
A gota d’água para o grupo foi o início do pedido de execução de uma dívida do Itaquerão (estádio do Corinthians) pela Caixa. Além de Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS) são os maiores credores do grupo.
A Odebrecht anunciou, em 18 de dezembro de 2020, que, a partir de então passou a se chamar “Novonor”. Mudança é parte de esforço para mudar imagem e se desvincular de escândalos de corrupção descobertos a partir da Operação Lava-Jato.
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