O sobrenome Rossi é um dos mais tradicionais na construção civil brasileira. A empresa da família, fundada em 1980 pelos irmãos João e Edmundo Rossi, tornou-se uma das maiores do país na década de 1990, depois do sucesso do Plano 100 - em que vendia e financiava apartamentos populares.
A Rossi faz parte do Grupo Rossi, fundado em 1913. A incorporadora foi constituída em 1980 com o objetivo de concentrar os investimentos do grupo na incorporação e construção de residenciais de médio e alto padrão na região metropolitana de São Paulo.
A Rossi faz parte do Grupo Rossi, fundado em 1913. A incorporadora foi constituída em 1980 com o objetivo de concentrar os investimentos do grupo na incorporação e construção de residenciais de médio e alto padrão na região metropolitana de São Paulo.
Foi uma das primeiras do setor a captar recurso nas bolsas. Em 1997 realizou abertura de capital por meio de oferta pública inicial de ações (IPO) que captou aproximadamente US$ 10 milhões com a emissão de ações na B3 (então BM&FBovespa) e ADRs na Bolsa de Nova York.
A partir da década de 1990, a companhia expandiu suas operações para o interior dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Nos anos seguintes, firmou parcerias e chegou a um total de 17 estados.
Como muitas de suas concorrentes, beneficiou-se da euforia em torno do mercado imobiliário na década de 2001-2010. No auge do entusiasmo do mercado financeiro com as construtoras, a Rossi chegou a valer 5 bilhões de reais. Mas muita coisa mudou. A euforia passou. O mercado se retraiu. Cinco anos depois, a construtora valia menos de 230 milhões (abril de 2015), queda de alarmantes 95,4%. Os prejuízos se acumulam.
A empresa precisava de dinheiro, mas os Rossi nem pensavam em coçar o bolso para ajudá-la. O único acionista da família Rossi que continua na construtora é o fundador João, nascido em 1936, que tem 12% das ações e controla a empresa. Ele tem seis filhos, e Edmundo, três; e por causa do excesso de herdeiros a família resolveu profissionalizar a gestão anos atrás. Um por um dos herdeiros foram criando outros negócios. A Rossi nunca precisou tanto dos Rossi, mas a empresa depende da boa vontade de outros investidores, como fundos de private equity. A crise de 2015 vem a dificultar ainda mais as coisas para a Rossi.
No início de 2017, a incorporadora Rossi Residencial anuncia a primeira medida de esforço para reestruturação financeira. João Paulo Rossi Cuppoloni, filho de um dos fundadores, assume a presidência 15 anos após a família ter passado o cargo para profissionais de mercado. O novo CEO tem a incumbência de negociar com bancos credores, num esforço para reinventar a companhia, que carrega uma dívida de R$ 2 bilhões. E a empresa depende das condições do mercado.
No início de 2017, a incorporadora Rossi Residencial anuncia a primeira medida de esforço para reestruturação financeira. João Paulo Rossi Cuppoloni, filho de um dos fundadores, assume a presidência 15 anos após a família ter passado o cargo para profissionais de mercado. O novo CEO tem a incumbência de negociar com bancos credores, num esforço para reinventar a companhia, que carrega uma dívida de R$ 2 bilhões. E a empresa depende das condições do mercado.
Em 2017 a Rossi implementou um plano de renegociação de dívidas financeiras de R$ 1,66 bilhão a Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Com essas medidas, a empresa conseguiu reduzir o passivo financeiro total em mais de 90%. Depois disso, a incorporadora passou a dedicar os seus esforços a tratar as contingências cíveis e trabalhistas - que se tornaram os principais credores.
Desde 2020, os distratos superavam as vendas brutas da Rossi. Com isso, o faturamento ficava no campo negativo - um caso totalmente atípico em qualquer setor produtivo. A Rossi teve receita líquida negativa de R$ 8,2 milhões no primeiro semestre de 2022.
A crise sem fim fez a Rossi acumular, em setembro de 2022, 24 pedidos de falência, bem como mais de 5 mil execuções em curso. Com isso, houve uma corrida de credores por ativos da empresa. O Grupo Rossi sofreu então sucessivos bloqueios de ativos, com a finalidade de pagamento de créditos trabalhistas e concursais.
Em 20 de setembro de 2022, na quarta geração da família controladora, a incorporadora Rossi Residencial entrou com pedido de recuperação judicial após acumular uma dívida de R$ 1,232 bilhão, sendo que a maior parte desse valor vem de processos por consumidores, ex-funcionários e fornecedores.
Apesar de ser um nome tradicional do mercado imobiliário brasileiro, o declínio começou na década de 2010. Na petição, seus advogados descrevem que os últimos anos foram marcados por forte recessão na economia brasileira, da taxa básica de juros, dos índices de inflação e da estagnação econômica. A situação se agravou com a chegada da pandemia.
Isso derreteu as vendas de imóveis, gerou uma explosão dos distratos e desbalanceou completamente o fluxo de caixa da Rossi - uma história semelhante à vivida pela PDG Realty e pela Viver (antiga Inpar), que também atravessaram processos de recuperação judicial.
“A demanda para a aquisição de imóveis caiu devido ao empobrecimento das famílias brasileiras, e a receita se tornou insuficiente para arcar com os custos de incorporação e construção dos empreendimentos em andamento, bem como com o pagamento das dívidas financeiras já contratadas”, afirmaram os advogados. “Esse descasamento entre as receitas e os custos do Grupo Rossi foi aumentando em progressão geométrica”, complementaram.
“Como em uma bola de neve, a falta de recursos para concluir os empreendimentos imobiliários em construção levou ao atraso nas obras, o que, por sua vez, motivou os adquirentes a rescindirem os respectivos contratos de compra e venda e a pleitearem, por meio de ações e execuções judiciais, os valores já pagos majorados por indenizações decorrentes do atraso nas obras”, afirmaram.
“A pulverização dos credores e a sua agressividade nas negociações dificultaram a negociação bilateral com cada um deles, exigindo, em seu lugar, a adoção de instrumentos jurídicos de negociação coletiva, tal como o processo de recuperação judicial”, afirmaram os advogados.
Isso derreteu as vendas de imóveis, gerou uma explosão dos distratos e desbalanceou completamente o fluxo de caixa da Rossi - uma história semelhante à vivida pela PDG Realty e pela Viver (antiga Inpar), que também atravessaram processos de recuperação judicial.
“A demanda para a aquisição de imóveis caiu devido ao empobrecimento das famílias brasileiras, e a receita se tornou insuficiente para arcar com os custos de incorporação e construção dos empreendimentos em andamento, bem como com o pagamento das dívidas financeiras já contratadas”, afirmaram os advogados. “Esse descasamento entre as receitas e os custos do Grupo Rossi foi aumentando em progressão geométrica”, complementaram.
“Como em uma bola de neve, a falta de recursos para concluir os empreendimentos imobiliários em construção levou ao atraso nas obras, o que, por sua vez, motivou os adquirentes a rescindirem os respectivos contratos de compra e venda e a pleitearem, por meio de ações e execuções judiciais, os valores já pagos majorados por indenizações decorrentes do atraso nas obras”, afirmaram.
“A pulverização dos credores e a sua agressividade nas negociações dificultaram a negociação bilateral com cada um deles, exigindo, em seu lugar, a adoção de instrumentos jurídicos de negociação coletiva, tal como o processo de recuperação judicial”, afirmaram os advogados.
Apesar da situação difícil, o grupo acredita na retomada futura dos negócios, considerando sua capilaridade no país e conhecimento que detém do setor imobiliário. Em setembro de 2022 o grupo tinha 19 terrenos, com um valor geral de vendas estimado em R$ 1,9 bilhão com futuros projetos.
Desde sua fundação, a incorporadora foi responsável pela entrega de mais de 750 empreendimentos imobiliários, o equivalente a 115 mil unidades.
Em 7 de dezembro de 2023, a Rossi Residencial informou que o Juízo da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca da Capital do Estado de São Paulo proferiu sentença homologatória do plano de recuperação judicial da companhia, aprovado pelos credores em 8 de novembro. A empresa havia apresentado seu plano de recuperação judicial em dezembro de 2022, quando as dívidas somava R$ 1,22 bilhão.
(Fonte: revista Exame - 15.04.2015 / jornal Valor international edition - 10.01.2017 / Estadão - 20.09.2022 / Valor - 08.12.2023 - partes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário