A fabricante de meias Lupo foi fundada pelo imigrante italiano Henrique Lupo, em 1921, na cidade de Araraquara, no interior de São Paulo. Durante meio século, ela liderou o setor no Brasil. No início dos anos 1990, porém, afundava-se em dívidas. O negócio estava à beira da falência por conta de uma pilha de quiproquós de gestão. Quem comandava a empresa era Élvio Lupo, filho do fundador. Ele, porém, não tomava decisões importantes sozinho. Ouvia palpites de dezenas de parentes acionistas. Mudavam o rumo quando os resultados não satisfaziam, optando então por executivo do mercado. O resultado tampouco satisfazia. As mudanças colocavam à prova a resistência da companhia. O fim parecia próximo.
Em 2001, as perspectivas da companhia eram - para dizer o mínimo - dramáticas. A tradicional marca sofria um processo de envelhecimento, o faturamento estava praticamente estagnado e o grupo registrava prejuízos consecutivos. Sem grandes expectativas, Liliana Aufiero, superintendente da Lupo e neta do fundador, cogitou uma saída óbvia para empresas familiares em dificuldades: a venda. "Estávamos tentados a abrir mão do negócio, mas resolvemos insistir um pouco mais", disse Liliana, engenheira civil de formação. Organizar a empresa e então vendê-la em melhores condições e evitar vendê-la por um preço pífio, seria uma medida satisfatória. Precisava de um ano para arrumar a casa. A saída, de acordo com seus planos, era passar a fabricar produtos que não faziam parte da história da Lupo. Uma estratégia arriscada, sem dúvida. Em 2005, a estratégia já mostrava bons resultados.
Em 2001, as perspectivas da companhia eram - para dizer o mínimo - dramáticas. A tradicional marca sofria um processo de envelhecimento, o faturamento estava praticamente estagnado e o grupo registrava prejuízos consecutivos. Sem grandes expectativas, Liliana Aufiero, superintendente da Lupo e neta do fundador, cogitou uma saída óbvia para empresas familiares em dificuldades: a venda. "Estávamos tentados a abrir mão do negócio, mas resolvemos insistir um pouco mais", disse Liliana, engenheira civil de formação. Organizar a empresa e então vendê-la em melhores condições e evitar vendê-la por um preço pífio, seria uma medida satisfatória. Precisava de um ano para arrumar a casa. A saída, de acordo com seus planos, era passar a fabricar produtos que não faziam parte da história da Lupo. Uma estratégia arriscada, sem dúvida. Em 2005, a estratégia já mostrava bons resultados.
O fato é que na escolha de Liliana para o comando da Lupo não se estava falando com uma qualquer. Mesmo que nenhuma mulher (da família) tinha até então trabalhado na empresa, Liliana, nascida em 1945, quando fez engenharia na USP, em São Carlos, foi a primeira mulher a ingressar naquela faculdade. Formou-se em 1967 e se especializou em administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Fez carreira em dois escritórios de engenharia na capital paulista, até que, em 1986, em uma das mudanças de gestão discutidas entre primos foi convidada para integrar a diretoria da Lupo. Entrou e saiu duas vezes, antes de assumir de vez a presidência, em 1993, aos 48 anos de idade.
Ao assumir o comando do negócio, experimentou um misto de desespero e arrependimento. A situação da empresa estava pior do que até então se supunha. Deparou-se com problemas básicos como falta de dinheiro em caixa e de crédito na praça. Entre a quitação do banco e o recolhimento de impostos lá se foram quatro anos de caixa na estica. Mas o plano para salvar a empresa já estava em execução. Foi levada a cabo a unificação da fábrica num só prédio e mais tarde, em 2002, o prédio do centro se transformou no shopping Lupo.
Ao assumir o comando do negócio, experimentou um misto de desespero e arrependimento. A situação da empresa estava pior do que até então se supunha. Deparou-se com problemas básicos como falta de dinheiro em caixa e de crédito na praça. Entre a quitação do banco e o recolhimento de impostos lá se foram quatro anos de caixa na estica. Mas o plano para salvar a empresa já estava em execução. Foi levada a cabo a unificação da fábrica num só prédio e mais tarde, em 2002, o prédio do centro se transformou no shopping Lupo.
O primeiro passo da virada foi dado justamente no ano de 2001, quando a Lupo encerrou um doloroso processo de reestruturação que durou sete anos. Foram demitidos 300 de seus 1.400 funcionários (um corte de 20% da força de trabalho) e uma fábrica foi fechada. O segundo passo foi a decisão de investir na criação de novas linhas de produtos - com destaque para lingeries e camisetas femininas. A Lupo, que fabricava cerca de 3.000 tipos de meias soquetes e meias-calças colantes, ampliou sua produção para mais de 10.000 itens, considerando dados de 2006. Além de expandir a marca para linhas de calcinhas, cuecas e camisetas, a empresa apostou no conceito fashion para atrair consumidores. Investiu em licenciamentos de grifes como Forum, Calvin Klein, Nike e Rosa Chá e contratou por um período de seis meses uma celebrada garota-propaganda paa seus produtos, a modelo Raica de Oliveira, namorada do jogador Ronaldo.
O terceiro pilar na estratégia da Lupo foi reformular a comercialização dos produtos. A empresa aumentou a distribuição para o pequeno varejo e criou uma rede de franquias com lojas exclusivas da marca. Com a operação, o número de pontos-de-venda cresceu de 17.000 para mais de 30.000 e o número de franqueadas atingiu 115 unidades, com dados de março de 2006. Há clara tendência de que a empresa depende cada vez menos das meias e mais das novas coleções.
A primeira loja Lupo foi inaugurada no Shopping D na capital paulista em 1994. A novidade fez a ponte entre a indústria e o varejo. Até hoje, porém, a força da Lupo está concentrada na venda de produtos por meio de 35 mil pontos multimarcas. As 306 lojas da rede de franquia existentes em 2016, representavam apenas 30% do faturamento total do grupo.
A abertura de lojas próprias teve impacto interessante: levou a empresa a uma diversificação de produtos pela necessidade de portfólio variado para uma loja. A Lupo passou a fabricar e vender calças leggings, roupas íntimas, blusas, pijamas e, mais recentemente, roupa esportiva.
A primeira loja Lupo foi inaugurada no Shopping D na capital paulista em 1994. A novidade fez a ponte entre a indústria e o varejo. Até hoje, porém, a força da Lupo está concentrada na venda de produtos por meio de 35 mil pontos multimarcas. As 306 lojas da rede de franquia existentes em 2016, representavam apenas 30% do faturamento total do grupo.
A abertura de lojas próprias teve impacto interessante: levou a empresa a uma diversificação de produtos pela necessidade de portfólio variado para uma loja. A Lupo passou a fabricar e vender calças leggings, roupas íntimas, blusas, pijamas e, mais recentemente, roupa esportiva.
Em 2016, a empresa adquire a Scalina, dona das marcas Trifil e Scala. Com essa aquisição, a Lupo sobe de terceira para segunda maior no mercado de roupas íntimas no Brasil. Com a fusão das empresas, a Lupo passa a ter 3,6% de market share, o mesmo da varejista de moda Marisa. A DeMillus lidera o segmento com 4% de participação nas vendas, segundo dados da Euromonitor International. A Lupo planeja manter as marcas adquiridas separadas de sua operação. No momento do negócio, a Scalina operava 100 lojas franqueadas no país, e a Lupo 320 unidades. O mercado de roupas íntimas totalizou R$ 15,6 bilhões no Brasil em 2015, com faturamento crescendo 4,3% em relação a 2014.
(Fonte: revista Exame - 29.03.2006 / revista Época Negócios - novembro 2015 / jornal Valor International - 18.07.2016 - partes)
(Fonte: revista Exame - 29.03.2006 / revista Época Negócios - novembro 2015 / jornal Valor International - 18.07.2016 - partes)
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