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5 de out. de 2011

Minancora (pomada e farmácia)

          O exótico nome de um dos fármacos mais tradicionais do Brasil, a pomada Minancora, criada em 1913, nada mais é que uma combinação de substantivos. Ele une Minerva, a deusa romana da sabedoria, à palavra âncora, uma alusão à decisão do inventor do produto, o farmacêutico português Eduardo Augusto Gonçalves, de permanecer no Brasil. Essa mistura também é explicitada visualmente na embalagem da pomada, que durante muito tempo foi de aço e que, em 1992, migrou para o plástico: nela, um desenho mostra a deusa escorada numa grande âncora.
          Gonçalves se estabeleceu inicialmente em Manaus, onde trabalhou na fabricação do Polvilho Antisséptico Granado, e ali conheceu a diversidade da fauna e da flora brasileira e encontrou ali matérias-primas que mais tarde serviriam para a produção de seus remédios populares.
          Em 1912, o farmacêutico chegou a Joinville para trabalhar como gerente da Farmácia Doelith, a primeira da cidade. Lá, conheceu a jovem Adelina Moreira, com quem se casou dois anos mais tarde. Ao lado de Adelina começou a fabricação caseira de uma pomada antisséptica, à base de cânfora, cloreto de benzalcônio e óxido de zinco (conforme consta na embalagem), que batizou com o nome de Minancora.
          Existe uma versão em que a fórmula da pomada teria sido trazida da Europa. Gonçalves providenciou o registro em 1915, junto Departamento Nacional de Saúde Pública. Depois, passou a viajar pelo Brasil para popularizar a pomada milagrosa, capaz de curar uma série de enfermidades, desde frieiras e escaras até espinhas e pequenos ferimentos superficiais. Além da pomada, o farmacêutico vendia outros medicamentos de sua autoria, como o Xarope Doméstico, o Lombriqueiras e o Remédio Minancora contra a Embriaguez. Durante suas viagens, Adelina fabricava os produtos artesanalmente. Era uma época em que não existia desodorante e a pomada resolvia o problema de axilas vencidas.
          A Farmácia Minancora foi instalada e 1914, e no ano de 1929 foi para a rua que é o principal cartão-postal de Joinville (SC), a Rua das Palmeiras. A beleza estava presente em cada detalhe. Os balcões da loja eram de madeira maciça e haviam detalhes de época como um bercinho de vime sobre o balcão para pesar os bebês, conforme recorda uma amiga da família proprietária. Outra frequentadora da farmácia, Jutta Hagemann, nascida em 1926, recorda que a loja chamava a atenção pela beleza, pelos móveis escuros, o balcão, os armários. No mesmo endereço foi construída a sede da empresa. O prédio também servia de moradia à família e para a produção dos remédios.
          Com a morte de Gonçalves, em 1977, sua filha Lady Gonçalves Dória assume a presidência da empresa. Em 1992, Lourdes Maria Doria, neta do fundador, passa a exercer um cargo executivo na Minancora.
          Depois que Lourdes Maria assumiu a direção comercial da companhia, a Minancora iniciou um novo período em sua história. Com a decisão da advogada de profissionalizar a administração e de diversificar a produção, contratou-se um corpo gerencial com vasta experiência no segmento de farmácias e cosméticos. Em 1994, foi inaugurada a unidade industrial da Minancora em Pirabeiraba (distrito de Joinville) e foi dado início ao desenvolvimento de pesquisas para o lançamento de novos produtos. Desde 1997, a Minancora coloca no mercado novos produtos para as diversas necessidades da família brasileira. A administração foi transferida para o mesmo endereço em 2010. Desde janeiro de 2011, os produtos Minancora são distribuídos pela Sanofi Aventis Comercial e Logística Ltda.
          Numa sexta-feira, em 13 de julho de 2012, os funcionários recebem um comunicado informando sobre o fechamento imediato da farmácia. Simples assim. O motivo do fechamento, segundo a empresa, é que uma loja sozinha não se sustenta mais, considerando as grandes redes sendo formadas pelos concorrentes. É o último dia em que as portas são abertas de uma farmácia que ostenta o slogan "tradição e confiança desde 1914", para surpresa dos joinvilenses. Mas, é a dura realidade. São os mesmos joinvilenses, que não frequentaram a farmácia o suficiente, para que ela continuasse viável. O prédio é patrimônio histórico-cultural, motivo pelo qual a fachada foi preservada.
          A fábrica continua operando normalmente, e a quarta geração já ocupa os quadros da empresa, como Lourdes Maria Doria Duarte, bisneta do fundador.     
(Fonte: propagandashistóricas/Almanaque / ND Notícias do Dia - 14.07.2012 - partes)

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu vim aqui procurar um pouco da história dessa pomada e gostaria de sugerir uma pequena correção de um erro, que é extremamente comum. Na postagem está dizendo que Minerva é a deusa da sabedoria grega, porém na mitologia grega Atena é a deusa da sabedoria, já Minerva é a deusa da sabedoria na mitologia romana.

Origem das Marcas disse...

Caríssimo (a) leitor (a)
Agradecemos por sua leitura e sugestão para correção. Já modificamos o texto.
Gratos.