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6 de out. de 2011

Braskem

          Em 1979, a multinacional brasileira Odebrecht, então inteiramente focada em construção civil, inicia sua trajetória na área química adquirindo 33% da Companhia Petroquímica Camaçari (CPC), produtora de PVC. Em 1987, nasce a Odebrecht Química, criada para administrar os investimentos do grupo no setor. Nessa época, a Odebrecht já tinha participações em empresas como Salgema, produtora de cloro soda; Poliolefinas, produtora de polietilenos; PPH, fabricante de polipropileno; e Unipar, holding de empresas petroquímicas.
          O governo brasileiro inicia o processo de privatização do setor petroquímico em 1992. A Odebrecht assume o controle da PPH e se torna uma das controladoras da Copesul (Central de Matérias Primas do Pólo Petroquímico do Rio Grande do Sul). Em 1995 a Odebrecht cria a OPP Petroquímica e adquire o controle da Salgema, da CPC e de sua subsidiária Companhia Química do Recôncavo  (PQR), promovendo a primeira integração vertical do setor no Brasil. Em 1996 cria a Trikem S.A. que atua de forma integrada à OPP Petroquímica e se associa ao grupo Mariani para criar a Proppet.
          Em 2001, em parceria com o Grupo Mariani, a Odebrecht adquire o controle da Copene - Companhia Petroquímica do Nordeste (Central Petroquímica de Camaçari), na Bahia, e da Polialden.
          A Braskem nasce em 2002, em assembleia de acionistas na manhã do dia 16 de agosto, com a aprovação da integração das empresas Copene, OPP, Trikem, Proppet, Nitrocarbono e Polialden, controladas pelos grupos baianos Odebrecht e Mariani. Já inicia as atividades como petroquímica líder na América Latina, com 13 unidades industriais, escritórios e bases operacionais, no Brasil, Estados Unidos e Argentina.
          O nome Braskem, teria vindo da contração das palavras Brasil + "Química" em grego: Brasil Kemic ou Kemikəl. Houve divulgação nesse sentido por ocasião da criação da empresa, mas nunca mais foi tocado no assunto. Na edição de Exame de 27 de agosto de 2008, a revista chega a citar que a sigla teria vindo de Brazilian chemical, algo como "química brasileira", mas aí não bate nem o Braz e nem o Chen.s
          Das janelas do escritório onde fica o comando da Braskem, a vista é uma das melhores possíveis no cenário urbano predominantemente inóspito de São Paulo. Situado numa torre de vidro ao lado do shopping Villa-Lobos, na zona oeste paulistana, o QG da Braskem dá de frente para uma área verde, a da Cidade Universitária - do lado oposto do poluído rio Pinheiros. Nada comparável, porém, à paisagem que o executivo José Carlos Grubisich, o presidente da empresa, podia desfrutar em seu antigo endereço, no bairro Boulogne-Billancourt, às margens do Sena em Paris, onde trabalhou até o fim de 2001, na multinacional francesa Rhodia.
          Em 2006, a Braskem adquire a Proliteno, a terceira maior fabricante de polietileno no Brasil.
          Em 2007, a Braskem adquire os ativos químicos e petroquímicos do Grupo Ipiranga, que deflagrou a consolidação do setor petroquímico brasileiro. A companhia juntou-se à Petrobras e à Ultrapar no que seria a maior incorporação da história do Brasil, quando as três companhias adquiriram o Grupo Ipiranga pelo valor de US$ 4 bilhões. Enquanto a Petrobras e a Ultrapar compartilharam as operações de distribuição de combustível, a Braskem assumiu a Ipiranga Petroquímica, operação petroquímica do Grupo Ipiranga.
          Também em 2007, a Braskem, com a Odebrecht e Petrobras, abocanhou a Copesul - Companhia Petroquímica do Sul e fechou seu capital. O lucro da Copesul, firme na faixa dos 600 milhões de reais, desapareceu na balanço da Braskem, que inclusive apresentou prejuízo vultoso no ano seguinte, 2008, primeiro balanço após a fusão.
          Até o início de 2007, a Copesul deixara muitos pequenos investidores da BM&FBovespa satisfeitos. Com pouca liquidez, talvez não pudesse fazer parte de portfólios de fundos de investimentos. Mas, para o investidor paciente, tanto na hora de comprar como vender, a ação, esquecida pelos analistas, concomitantemente à valorização contínua, pagava ótimos dividendos.
          Em 2008, a Braskem inaugura, em parceria com a Petrobras, a produtora de polipropileno em Paulínia (SP), cuja parceria havia sido firmada três anos antes.
          Com a compra da Quattor, então pertencente à Unipar e à Petrobras, em abril de 2010, por R$ 870 milhões, é finalizada a consolidação do setor petroquímico brasileiro. (Em delação à Operação Lava-Jato, em 2017, o presidente da Braskem na época, Carlos Fadigas, afirmou que houve direcionamento relevante de recursos “por fora” para aquisição da Quattor, de cerca de R$ 150 milhões). A Petrobras é a segunda maior acionista da Braskem, com 36% do capital. Em abril de 2010 também foi comprada a Sunoco Chemicals.
          Em 2011, com a aquisição dos ativos de polipropileno da Dow Chemical, a Braskem incorpora duas fábricas nos Estados Unidos e duas na Alemanha e anuncia o investimento de R$ 300 milhões no Pólo Petroquímico de Triunfo (RS) para duplicar a produção de butadieno. No ano seguinte, inaugura uma nova fábrica de PVC em Alagoas.
          Em junho de 2016, a Braskem, em conjunto com a empresa mexicana Idesa, inaugura o projeto Etileno 21, o maior investimento, orçado em US$ 5,2 bilhões, já realizado por uma companhia brasileira no México. Trata-se de um complexo industrial integrado para a produção de polietileno a partir de etano, com capacidade de produção de 1,05 milhão de toneladas por ano.
          Em 14 de dezembro de 2016,  a Braskem (controlada pela Odebrecht e pela Petrobras), assina com o Ministério Público Federal (MPF) um acordo de leniência relacionado a irregularidades apuradas na Operação Lava-Jato e pagará multa de aproximadamente R$ 3,1 bilhões, ou US$ 957 milhões. O valor corresponde a 46% do total que será pago por empresas do grupo, de R$ 6,7 bilhões, revelado no início do mês (dezembro 2016).
           A Braskem tem pela frente mais R$ 1,54 bilhão em pagamentos relacionados ao acordo de leniência firmado na última semana de maio de 2019 com a Advocacia Geral da União e com a Controladoria Geral da União. A empresa já realizou pagamento de R$ 1,33 bilhão relacionado a acordo firmado em 2016 com o Ministério Público Federal. Segundo a AGU e a CGU, o acordo de leniência foi firmado depois que a empresa colaborou “com informações e provas envolvendo 60 pessoas físicas e jurídicas”.
          Em setembro de 2020, com investimentos de US$ 750 milhões, a Braskem ergue uma nova fábrica, em La Porte, no Texas, Estados Unidos. A nova unidade destinará cerca de 50% de sua produção para o mercado doméstico e 50% para exportação para demais países da América do Norte, Europa e Ásia.
          Em abril de 2021, o ex-presidente da Braskem e da Eldorado do Brasil, José Carlos Grubisich admitiu ter participado do esquema de pagamento de propinas na Petroquímica, que foi revelado pela Operação Lava Jato. A declaração foi feita em audiência nos Estados Unidos e divulgada em comunicado do Departamento de Justiça americano.
          Em outubro de 2021 Grubisich foi condenado a 20 meses de prisão nos Estados Unidos. O executivo, que assumiu ter subornado funcionários da Petrobras num esquema de corrupção que movimentou cerca de 250 milhões de dólares, teria que pagar 2,2 milhões de dólares de indenização.
          Em dezembro de 2022, a Novonor (ex-Odebrecht) chegou a um entendimento com os bancos detentores de ações da Braskem como garantia de dívidas de R$ 14 bilhões e ganhou mais tempo para vender sua participação na petroquímica brasileira. O negócio, cujo formato pode mudar porque a Petrobras terá uma nova diretoria a partir de janeiro de 2023, foi adiado para 2023 após acordo com os credores.
          Em fins de março de 2023, a Braskem e a Casa dos Ventos firmaram contrato no valor de R$ 2,1 bilhões para fornecimento de energia eólica dos parques Rio do Vento e Umari, ambos localizados no Rio Grande do Norte, por meio de contratos de compra e venda de energia (PPAs) de até 22 anos.
Este segundo grande acordo entre as empresas torna a Casa dos Ventos a principal fornecedora de energia renovável da Braskem. Em janeiro de 2021, as empresas anunciaram a assinatura de contratos de fornecimento de energia renovável de 20 anos que ajudaram a materializar a primeira fase do complexo eólico Rio do Vento, o maior projeto eólico da América Latina.
          Em agosto de 2023, a Braskem, maior produtora mundial de biopolímeros, sob o comando do CEO Roberto Bischoff, e a SCG Chemicals, uma das maiores empresas petroquímicas da Tailândia, avançaram nos planos de produzir plástico verde na Ásia, assinando um acordo para criar a Braskem Siam Company Limited, que operará uma fábrica em Map Ta Phut, Tailândia. A joint venture, cuja constituição está sujeita à decisão final de investimento dos sócios, terá como foco a produção de uma matéria-prima renovável, o bioetileno, a partir da desidratação do etanol, que será posteriormente utilizado na produção de biopolietileno. A Braskem Siam realizará o projeto de engenharia da usina, passo importante para a decisão final de investimento a ser tomada no último trimestre de 2024, quando os conselhos de administração da Braskem e da SCG deliberarão sobre o assunto. A planta tailandesa de bioetileno será a primeira do gênero fora do Brasil e quase dobrará a capacidade de produção da Braskem de polietileno verde, chamado “I’m green”, para atender à crescente demanda por produtos sustentáveis na Ásia. Segundo as empresas, a expertise da Braskem em bioplásticos e a posição relevante da SCG no mercado asiático fornecem “uma base sólida para a nova joint venture”. A petroquímica brasileira trará a tecnologia EtE EverGreen, fruto de uma parceria com a Lummus Technology LLC para desenvolver a produção de plásticos verdes.
(Fonte: site da empresa / Wikipédia / revista Exame - 27.08.2008 / jornal Valor online - 22.06.2016 / 15.12.2016 / 13.04.2017 / 17.04.2017 / Forbes - 31.05.2019 / Valor - 11.09.2020 / Capital Aberto - 17.04.2021 / 16.10.2021 / Valor - 08.12.2022 / 29.03.2023 / 17.08.2023 - partes)
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