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6 de out. de 2011

Embratel

          A EmbratelEmpresa Brasileira de Telecomunicações, foi criada na década de 1960. Segundo Dilio Penedo, presidente da empresa entre 1995 e 1999, "a função daquela Embratel era ligar o Brasil inteiro via telecomunicações".
          Os militares no poder estavam interessados na soberania nacional, o que garantiu um bom manancial de dinheiro para a Embratel no passar dos anos. O primado da engenharia, mantido mesmo após o fim do regime militar em 1985, teve condições e tempo para montar uma ampla rede de comunicações. Ela era a base dos incomparáveis 26.000 quilômetros de fibras ópticas, 4 satélites e 68 estações terrestres de transmissão. Uma infra-estrutura que justificava muito a liderança da Embratel, principalmente na transmissão de dados.
          Numa demonstração de como o governo tratava (mal) as telecomunicações, o presidente Itamar Franco nomeou para a Embratel, no final de 1992, o executivo Renato Archer. É notório que os governos e os partidos políticos escolhem pessoas que, embora altamente preparadas para outras áreas, são absolutamente jejunas na especialidade exigida pelos seus novos cargos, em especial em telecomunicações. Em entrevista a Carlos Chagas, na TV Manchete, na primeira semana de outubro de 1993, Archer defendeu o monopólio das telecomunicações mas mostrou completo desconhecimento do que já havia sido feito nesse sentido em todo o mundo. Numa entrevista ao jornalista Ethevaldo Siqueira disse que, diante de um convite de Itamar Franco para assumir algum posto no governo, havia escolhido a Embratel porque queria ficar no Rio de Janeiro e, nesse caso, a Embratel era a empresa mais próxima de sua casa, no bairro carioca de Santa Tereza.
           A privatização da Embratel ocorreu em 1998. A Americana MCI a arrematou em leilão por R$ 2,65 bilhões (US$ 2,25 bilhões). Naquele momento, a Embratel tinha cerca de 9.500 funcionários. Segundo seu presidente, Rodriguez, havia uns 200 para vendas e 6.000 na área de engenharia. Dois anos depois, eram 5.000 pessoas ligadas a vendas para um total de 8.200 empregados.
          Pouco tempo depois, a concessão de uma empresa-espelho, criada pela lei das privatizações e que leva este nome porque nasce para ser concorrente direta de uma ex-estatal, foi comprada por um consórcio internacional que incluía a Sprint, adversária da WorldCom no mercado dos EUA.
          Alguns meses depois, em meados de 1999, foi estabelecido o nome da empresa espelho, Intelig, que ganhou o código 23. O início das operações deu-se em janeiro de 2000.
          No início de junho de 2000, uma reunião rotineira da diretoria da Embratel na Avenida Presidente Vargas, no centro do Rio de janeiro, foi interrompida por um gerente que trazia uma informação especial. A Intelig, operadora criada no início daquele ano para disputar o mercado de telefonia de longa distância com a Embratel, estava prestes a lançar um plano de ligações internacionais. Um rápido telefonema do vice-presidente da Embratel, Eduardo Levy, para o cubano Luis Jorge Rodriguez, o presidente, que naquele dia estava em Curitiba, selou um contra-ataque de guerrilha que fez com que sua propaganda e tabela de preços, com um mísero centavo a menos para cada tipo de telefonema, chegasse à TV algumas horas antes da concorrente Intelig.
          Mais do que um golpe na concorrência, a jogada da Embratel mostrou o quanto a empresa mudou desde a época de estatal. Sua agilidade na tomada de decisões era incontestável. Mas, estaria ali o início de uma guerra predatória de preços?
          A bela e quase onipresente imagem da atriz Ana Paula Arósio surge nas contas telefônicas em papel azulado, que desde janeiro de 2000 a Embratel passou a mandar para seus clientes. Eram 25 milhões de nomes cadastrados no país inteiro para quem até então tinha 50.000 clientes. Se era caro para mandar, pois, muitas contas tinham valor irrisório (só o valor dos interurbanos do "faz um 21", slogan criado mais tarde, faziam parte da conta), a empresa apostava "na mina de ouro" para o marketing que o cadastro poderia se transformar, segundo seu então diretor de tecnologia da informação, Luiz Esmanhoto. A Intelig decidiu manter sua cobrança nas faturas das teles regionais.
          A MCI foi comprada pela WorldCom, que se tornou dona da Embratel e, em seguida, engoliu a Sprint, ficando também proprietária da Intelig.
          A Embratel passou a viver maus momentos. Olhando-a em outubro de 2002, sua dívida crescia continuamente comparada ao patrimônio da empresa.
          Em novembro de 2003, a Embratel foi colocada à venda. No final de abril de 2004 a venda foi definida nos Estados Unidos. A Telmex, do grupo mexicano Carso, controlado pelo bilionário Carlos Slim, foi a compradora. A estratégia de Slim, é aproveitar sua capitalização para comprar empresas endividadas, com valor depreciado. Ele levou a Embratel por 400 milhões de dólares (chegou-se a ser divulgada também a cifra de 360 milhões de dólares), ou 18% dos 2,25 bilhões de dólares que os americanos da ex-concordatária MCI pagaram pela empresa na época da privatização.
          O concorrente brasileiro era o consórcio Calais, formado pela Telemar, Telefônica e Brasil Telecom. A oferta do Calais foi de 550 milhões de dólares, portanto, bem acima do desembolso de Slim, de 400 milhões de dólares. O empresário Carlos Francisco Jereissati, acionista da Telemar, que acompanhou de perto a negociação, identificou pelo menos dois fatores que podem ter contribuído para deixar escapar a Embratel. O juiz da Corte de Falência de Nova York baseou sua sentença na suposição de que a operação fosse vetada pelo Estado brasileiro, caso o consórcio comprasse a Embratel. Outra hipótese, que chegou a ser comentada a boca pequena é que a cúpula da empresa americana MCI, proprietária da Embratel, trabalhou em favor da Telmex, apoiando a oferta daquele que já era acionista e credor da empresa.
          Em 7 de outubro de 2010, a Embratel pagou 3,3 bilhões de reais por 72% das ações preferenciais da Net na bolsa (os mexicanos dividiam com a Globo, o controle da TV a cabo).
(Fonte: revista Exame - 27.10.1993 / 12.07.2000 / revista Forbes - 11.10.2002 / revista Exame - 12.05.2004 / 03.11.2010 - partes)

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