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30 de out. de 2011

Banco Bozano, Simonsen

          Depois de abandonar o curso de arquitetura, o gaúcho Júlio Bozano abre com o economista e ex-ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen, em 1961, a Bozano, Simonsen & Cia. Ltda., empresa de serviços financeiros que deu origem ao grupo. Sua sede fica na Avenida Rio Branco, um dos pontos mais movimentados do Rio de Janeiro. Em 1963, é formada a Bozano, Simonsen Crédito e Financiamento, BSCI, que teve participação ativa no mercado de capitais brasileiros nos anos 1960. O Bozano, Simonsen tornou-se modelo para outras instituições, como o Garantia e o Pactual.
          Em 1970, o grupo começa a diversificar os seus negócios. O primeiro investimento fora do setor financeiro é a Bozano, Simonsen Agropastoril, em Barretos, São Paulo. Em 1998, era a maior produtora de laranja do país.
          Em 1971, o Bozano forma parceria com o grupo Gomes de Almeida Fernandes para explorar a Fazenda Ipanema, em Alfenas, Minas Gerais, e que também em 1998, era a maior produtora de café do país.
          O início da atuação como banco comercial deu-se em 1972 quando o grupo compra dois pequenos bancos comerciais, que se fundem para formar o Banco Bozano, Simonsen, com atuação independente do banco de investimento. O Bozano, Simonsen tornou-se modelo para outras instituições , como o Garantia e o Pactual.
          No ano seguinte, 1973, o Bozano vende 5% de seu capital à Nomura Securities, maior corretora do Japão. Em março de 1974, ao assumir o ministério da Fazenda no governo Geisel, Mário Henrique Simonsen faz acordo com Bozano para não intervir nos negócios.
          Em 1978, o grupo associa-se à Multiplan, do empresário José Isaac Peres, para atuar na área imobiliária, particularmente ma construção de shopping centers. Em 1998, controlava, entre outros, o Barra Shopping e o Morumbi Shopping.
          O Mellon Bank, um dos maiores bancos nos Estados Unidos, adquire, em 1979, uma participação de 25% no Bozano (o Mellon vende essa participação em 1990). Nesse mesmo ano, 1979, Simonsen assume o ministério do Planejamento, na gestão de João Figueiredo na presidência da República (fica no cargo apenas um ano). Em 1980, o Bozano forma uma parceria com a Anglo American, maior grupo minerador do mundo, para atuar na produção de ouro.
          Em 1991, o consórcio liderado pelo grupo compra 51% das ações com direito a voto da Usiminas, no tumultuado leilão de privatização, o primeiro do governo Collor. Ao banco, cabia 6,7% do capital da siderúrgica. No ano seguinte, o Bozano compra 20% do banco de investimento inglês Latinvest. Ainda em 1992, compra 33% do capital da Companhia Siderúrgica Tubarão - CST, privatizada pelo governo federal. Associado à Vale do Rio Doce e ao Unibanco, coube ao Bozano 25,8% das ações de Tubarão. Bastou mais um ano para o Bozano vencer o leilão de privatização da Cosipa, em 1993.
          Foi nessa época (setembro de 1993) que o Bozano reforçou ainda mais a alcunha de Bozanobrás que o grupo recebeu pelo seu poder sobre a siderurgia. Com a privatização da Cosipa, controlava diretamente 12,4% das ações ordinárias e participava dos 49,7% adquiridos pela Usiminas na operação triangular feita com a Brastubo. Na Usiminas, controlava diretamente 6,7% das ações ordinárias e integrava um grupo de acionistas que detinham outros 50% do capital votante da empresa. Na CST, detinha 26,1% do capital votante da empresa e era o acionista majoritário, sem manter o controle, compartilhado com o Unibanco e a Vale do Rio Doce.
          Paulo Ferraz, o executivo que havia começado sua trajetória de sucesso no Bozano em 1986, assumindo o comando da tesouraria, assume a vice-presidência executiva do banco, após o suicídio de Fernando Paulo de Lima Guerreiro que ocupava o cargo.
          Em 1994, o grupo Bozano compra a Embraer, privatizada pelo governo federal, da qual detinha, em 1998, 25% das ações ordinárias. O feito rendeu a Bozano o apelido de "barão das privatizações" e entrou para a história como o homem capaz de identificar oportunidades em negócios aparentemente arruinados e de transformá-los em geradores de dinheiro.
          Ao instituir a gestão profissionalizada do banco, em 1995, Júlio Bozano escala Paulo Ferraz para assumir a presidência. O Bozano ganha nesse mesmo ano a concorrência feita para administrar o Banerj e prepará-lo para a privatização. Ainda em 1995, Júlio Bozano compra uma participação de 12,5% do capital da Escelsa, companhia energética capixaba.
          No ano de 1996 o grupo se desfaz de vários negócios. Vende suas participações na Escelsa, na Usiminas e na CST e embolsa um lucro de 400 milhões de dólares. O Bozano desfaz a parceria que tinha com a Anglo American na área de mineração e vende sua participação no Latinvest para o espanhol Bilbao Viscaya. No mesmo ano de 1996 o banco cria o Planicred com o grupo Multiplan para atuar nas áreas de cartões de crédito e de financiamento ao consumidor.
          Em 1997, o Bozano compra o Meridional, por 266 milhões de reais, no leilão de privatização. Torna-se o maior banco de investimento brasileiro e incorpora a seguradora Oceânica, do empresário José Carlos Fragoso Pires. O ex-ministro Mário Henrique Simonsen morre em fevereiro de 1997, e sua mulher herda sua participação de aproximadamente 5% no banco. O Meridional passa a ser, a partir de julho de 1998, a holding do grupo no setor financeiro, controlando o próprio Bozano, Simonsen.
          Júlio Bozano vende seu banco, o Bozano, Simonsen em 2000 e o Meridional para o espanhol Santander. A negociação com os espanhóis durou menos de dois meses e a transação serviu como ponto de partida do "desmanche". Fechou negócio assim que achou que o preço oferecido era justo - 1,8 bilhão de reais.
          Em dezembro de 2001 vende seu site financeiro InvestShop para o Banco 1.net, do Unibanco. O InvestShop era um dos poucos supermercados brasileiros de fundos online.
          O grupo chegou a ter sob seu controle 40 companhias, com faturamento anual somado de 1,8 bilhão de dólares, reunidas sob a holding Companhia Bozano, Simonsen. No entanto, nos últimos anos (anteriores a 2006), tudo o que os executivos da holding fizeram foi vender, vender e vender. Obedeceram à decisão do patrão de transformar patrimônio em dinheiro e organizar a herança enquanto ele fazia o que mais gosta: cuidar de seus cavalos e aproveitar a vida ao lado da segunda mulher, a veterinária Inês de Castro, nascida em 1973 e do filho caçula, nascido em 2002. Foi a forma que Bozano encontrou para fechar o capítulo de sua vida dedicado aos negócios. E, aparentemente, fez isso sem sacrifícios.
          Se, porém, durante 13 anos ficou "simplesmente" administrando sua fortuna e cuidando de seus cavalos, em 2013, então com 76 anos, Bozano volta ao mercado e cria a Bozano Investimentos (vide origem da marca Bozano Investimentos neste blog), resultado da união de três gestores de recursos - a BR Investimentos, a Mercatto e a Trapezus, todas cariocas - com a empresa de investimentos do ex-banqueiro.
(Fonte: revista Exame - 23.12.1992 / 29.09.1993 / 18.11.1998 / revista Forbes - 26.04.2002 / Exame - 16.08.2006 / 21.08.2013 - partes)
     

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