A Casa Sloper foi fundada em 1899 pelo comerciante inglês Henry Sloper. A empresa, que transformou-se em sinônimo de elegância e bom gosto teve seu apogeu nas décadas de 1930 e 1950.
Na década de 1950, o edifício Sloper Corporate, na Rua Uruguaiana, no Rio de Janeiro, abrigou uma das lojas da Casa Sloper, ponto tradicional da sociedade carioca. Além de acessórios como cordões, pulseiras, anéis e outros utensílios do gênero, o magazine vendia cosméticos, vestuário feminino, masculino e infantil, roupa de cama e mesa, brinquedos, cristais e objetos de decoração.
O estabelecimento também era conhecido pela beleza de suas vendedoras, que estavam sempre elegantemente vestidas e preparadas para um atendimento qualificado, interessado nas subjetividades de cada cliente.
A calçada histórica de pedras portuguesas, por onde passaram muitas pessoas famosas e anônimas ao longo dos séculos, pois o prédio se localiza entre a Uruguaiana e a Rua do Ouvidor – duas das vias mais importantes do Rio Antigo – também foi restaurada.
As joias douradas vendidas na Casa Sloper eram tão desejadas que inspiraram uma canção de João Bosco. Em “Bijuterias”, o cantor e compositor diz: “Transparentes, feito bijuteria da Sloper da Alma”. A canção fez sucesso como tema da novela “O Astro”, no final dos anos 1970.
Além disso, a Casa Sloper motivou também outras artes, como a peça de teatro “A Caixeirinha da Sloper”. Sem contar que fazia parte do inconsciente coletivo dos cariocas, que iam às compras ou levavam os filhos para passear no Centro, no tempo em que a arquitetura urbana, ainda ordenada, lembrava Paris e outras cidades históricas da Europa.
“Um presente da Sloper era garantia de bom gosto para uma classe média ainda cheia de esperança. E o seu elevador quase transparente de portas douradas era uma espécie de nave sideral segura, subindo e descendo. Ai, ai. Quem ainda pegou a loja em seus tempos áureos, sabe que entrar lá era uma viagem para crianças e adultos” diz um texto de Carlos Leonam e Ana Maria Badaró, publicado em 2009 no site da revista Carta Capital.
A zona norte do Rio também teve suas Slopers. A loja tinha filiais menos charmosas, porém igualmente simbólicas, na Tijuca e no Méier. A Cidade Imperial, Petrópolis, também tinha uma Sloper para quem subia a Serra. Até o Nordeste do país foi contemplado. Na Bahia, o endereço era na famosa Rua Chile, 21, no centro de Salvador.
Uma loja desse estilo não poderia faltar na zona sul do Rio de Janeiro. Na Nossa Senhora de Copacabana, esquina com Raimundo Correa, morou por muito tempo uma Casa Sloper. A cidade de Santos, no litoral paulista, também tinha a sua Sloper.
Coincidência ou não, em Belo Horizonte a Casa Sloper ficava na rua Rio de Janeiro, cidade onde a rede teve sua origem. Era o must em matéria de coisas finas, presentes delicados e diferentes, era lá que as pessoas encontravam aquele agrado diferenciado.Na década de 1950, o edifício Sloper Corporate, na Rua Uruguaiana, no Rio de Janeiro, abrigou uma das lojas da Casa Sloper, ponto tradicional da sociedade carioca. Além de acessórios como cordões, pulseiras, anéis e outros utensílios do gênero, o magazine vendia cosméticos, vestuário feminino, masculino e infantil, roupa de cama e mesa, brinquedos, cristais e objetos de decoração.
O estabelecimento também era conhecido pela beleza de suas vendedoras, que estavam sempre elegantemente vestidas e preparadas para um atendimento qualificado, interessado nas subjetividades de cada cliente.
A calçada histórica de pedras portuguesas, por onde passaram muitas pessoas famosas e anônimas ao longo dos séculos, pois o prédio se localiza entre a Uruguaiana e a Rua do Ouvidor – duas das vias mais importantes do Rio Antigo – também foi restaurada.
As joias douradas vendidas na Casa Sloper eram tão desejadas que inspiraram uma canção de João Bosco. Em “Bijuterias”, o cantor e compositor diz: “Transparentes, feito bijuteria da Sloper da Alma”. A canção fez sucesso como tema da novela “O Astro”, no final dos anos 1970.
Além disso, a Casa Sloper motivou também outras artes, como a peça de teatro “A Caixeirinha da Sloper”. Sem contar que fazia parte do inconsciente coletivo dos cariocas, que iam às compras ou levavam os filhos para passear no Centro, no tempo em que a arquitetura urbana, ainda ordenada, lembrava Paris e outras cidades históricas da Europa.
“Um presente da Sloper era garantia de bom gosto para uma classe média ainda cheia de esperança. E o seu elevador quase transparente de portas douradas era uma espécie de nave sideral segura, subindo e descendo. Ai, ai. Quem ainda pegou a loja em seus tempos áureos, sabe que entrar lá era uma viagem para crianças e adultos” diz um texto de Carlos Leonam e Ana Maria Badaró, publicado em 2009 no site da revista Carta Capital.
A zona norte do Rio também teve suas Slopers. A loja tinha filiais menos charmosas, porém igualmente simbólicas, na Tijuca e no Méier. A Cidade Imperial, Petrópolis, também tinha uma Sloper para quem subia a Serra. Até o Nordeste do país foi contemplado. Na Bahia, o endereço era na famosa Rua Chile, 21, no centro de Salvador.
Uma loja desse estilo não poderia faltar na zona sul do Rio de Janeiro. Na Nossa Senhora de Copacabana, esquina com Raimundo Correa, morou por muito tempo uma Casa Sloper. A cidade de Santos, no litoral paulista, também tinha a sua Sloper.
O sucesso chegou a ser internacional. Para muita gente, a Sloper era considerada Selfridges tupiniquim. A comparação com a marca londrina se dava por conta da liderança e imponência no mercado. Sediada na capital inglesa, a Selfridges liderou o mercado de varejos mais respeitado e rico do Reino Unido por décadas. A Sloper abriu até uma loja na Broadway, em Nova Iorque!!!
A empresa, porém, não acompanhou a mudança dos tempos e perdeu espaço para as grandes lojas de departamentos como a Lojas Americanas e a Mesbla. No início da década de 1990, entrou em processo de encolhimento. Seu faturamento caiu de 32 milhões de dólares em 1990 para 15 milhões em 1993. Das doze lojas, cinco foram vendidas. "Ou mudamos radicalmente, ou nos desfazemos do negócio", disse à época Henrique Sloper Araújo, bisneto do fundador e um dos defensores da profissionalização. Em 1992, a Sloper foi oferecida à Lojas Americanas, que não se interessou.
A resistência à solução de profissionalização vinha da acionista majoritária, Sybila Sloper de Araújo, filha do fundador. Sybila morreu em março de 1994, aos 84 anos. O presidente, Thomas Willmott Sloper Junior, e o superintendente, Olivar de Araújo, eram octogenários. No restante da diretoria também havia vários familiares.
Em abril de 1994, a Sloper procurava diretores para assumir o timão de seus negócios. A profissionalização parecia ser a única saída. Na época do Plano Collor, divulgado em 16 de março de 1990, a empresa acumulara dívidas em bancos. Para resgatar os papagaios, fechou várias filiais e vendeu os imóveis. O número de funcionários caiu de 1.100 para 650.
Em agosto de 1994, foi definida a sucessão na Casa Sloper. Após uma assembleia de acionistas, os sete diretores, todos membros da família Sloper, afastaram-se de seus cargos executivos. A rede passou a ser comandada por Henrique Sloper de Araújo, 34 anos, bisneto do fundador Henrique Sloper que não tinha cargo na empresa.
É burrice querer frear o progresso. No entanto, por outro lado, também não é inteligente renegar o passado. A tradicional Casa Sloper da Uruguaiana não existe mais. Todavia, a memória vive. E o desejo que fica é que o Rio siga com essa capacidade de abrigar o novo e o antigo no mesmo espaço.
Por volta de 2014, o prédio Sloper Corporate, que fica na Rua Uruguaiana, no centro do Rio, foi vendido pela Sérgio Castro Imóveis, para a Vabrad, marca brasileira aliada a um fundo da Bélgica. Só a loja no térreo foi vendida por R$ 42 milhões. O nome do imóvel remete a um saudosismo que muitos cariocas fazem questão de conservar.
(Fonte: revista Exame - 31.08.1994 - 27.04.2019 / Diário do Rio - por Felipe Lucena - 02.04.2015 / Os Caminhos por Onde Andei/Quando eu era Criança - 22.11.2011 - partes).
A empresa, porém, não acompanhou a mudança dos tempos e perdeu espaço para as grandes lojas de departamentos como a Lojas Americanas e a Mesbla. No início da década de 1990, entrou em processo de encolhimento. Seu faturamento caiu de 32 milhões de dólares em 1990 para 15 milhões em 1993. Das doze lojas, cinco foram vendidas. "Ou mudamos radicalmente, ou nos desfazemos do negócio", disse à época Henrique Sloper Araújo, bisneto do fundador e um dos defensores da profissionalização. Em 1992, a Sloper foi oferecida à Lojas Americanas, que não se interessou.
A resistência à solução de profissionalização vinha da acionista majoritária, Sybila Sloper de Araújo, filha do fundador. Sybila morreu em março de 1994, aos 84 anos. O presidente, Thomas Willmott Sloper Junior, e o superintendente, Olivar de Araújo, eram octogenários. No restante da diretoria também havia vários familiares.
Em abril de 1994, a Sloper procurava diretores para assumir o timão de seus negócios. A profissionalização parecia ser a única saída. Na época do Plano Collor, divulgado em 16 de março de 1990, a empresa acumulara dívidas em bancos. Para resgatar os papagaios, fechou várias filiais e vendeu os imóveis. O número de funcionários caiu de 1.100 para 650.
Em agosto de 1994, foi definida a sucessão na Casa Sloper. Após uma assembleia de acionistas, os sete diretores, todos membros da família Sloper, afastaram-se de seus cargos executivos. A rede passou a ser comandada por Henrique Sloper de Araújo, 34 anos, bisneto do fundador Henrique Sloper que não tinha cargo na empresa.
É burrice querer frear o progresso. No entanto, por outro lado, também não é inteligente renegar o passado. A tradicional Casa Sloper da Uruguaiana não existe mais. Todavia, a memória vive. E o desejo que fica é que o Rio siga com essa capacidade de abrigar o novo e o antigo no mesmo espaço.
Por volta de 2014, o prédio Sloper Corporate, que fica na Rua Uruguaiana, no centro do Rio, foi vendido pela Sérgio Castro Imóveis, para a Vabrad, marca brasileira aliada a um fundo da Bélgica. Só a loja no térreo foi vendida por R$ 42 milhões. O nome do imóvel remete a um saudosismo que muitos cariocas fazem questão de conservar.
(Fonte: revista Exame - 31.08.1994 - 27.04.2019 / Diário do Rio - por Felipe Lucena - 02.04.2015 / Os Caminhos por Onde Andei/Quando eu era Criança - 22.11.2011 - partes).
5 comentários:
Lamentável a omissão da existência da Casa Sloper em Belo Hirizonte, ponto principal de consumo elegante para as mais tradicionais famílias mineiras! Falha grave!
Caro(a) leitor(a)
Corrigimos a falha. Vide 10º parágrafo. Gratos pela leitura.
Houve referência à loja de Fortaleza, mas no Recife a loja Sloper também foi uma referência. Ficava na esquina da Rua da Palma com a Rua Nova. Vendia também vestidos de noiva. O aroma da loja eu sinto até hoje. Na entrada havia um setor que manipulava pó compacto. Lembro perfeitamente de vidros enormes com pós de várias cores. As moças misturavam vários desses pós com uma espátula e depois colocavam em uma caixa redonda e ia para uma prensa, para compactar. Tudo na vista das clientes.
Era uma linda loja, onde você se sentia em uma roda giratória, cada volta você se encantava sua beleza, delicadeza e brilho, todos eram felizes dentro da Sloper cliente e funcionários eu fiz parte do quadro dos funcionários da loja de Recife: Rua da Palma, hoje funciona no local uma loja de. sapato Esposende, mas não tem como entrar na loja e não vir a memória a Sloper.
Porto Alegre também tinha uma imponente Casa Sloper
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