Numa época em que os passageiros não precisavam tirar os sapatos e nem passar malas de mão pelo raio-X, as refeições nos voos da Pan Am eram preparadas por chefs do Maxim’s, então um dos mais requintados de Paris. As comissárias fatiavam as carnes durante os voos, com facas de verdade. Em seu auge, em 1970, a companhia transportou 11 milhões de passageiros, para 86 países. Porém, nos anos seguintes, a Pan Am foi atingida por problemas de gestão e uma sucessão de reveses, que começaram com a crise do petróleo, em 1973, e a desregulamentação do transporte aéreo nos EUA poucos anos depois – que permitiu a entrada de concorrentes e companhias de baixo custo.
Até o final da década de 1970, a sorte e o lucro estiveram ao lado da Pan Am (Pan American World Airways). A crise começou em 1978, com a aprovação, pelo Congresso americano, da lei de desregulamentação, que liberou a concorrência no setor. Diante da agressividade de seus competidores, a Pan Am começou a registrar vermelhos seguidos em seus balanços.
Nos anos 1980, uma sucessão de ataques terroristas selou seu destino: houve mais prejuízos, que somados chegaram a 2 bilhões de dólares. Ainda assim, a Pan Am decidiu expandir seus negócios com a compra da Nacional Airlines, em 1980, ampliando suas atividades no território americano.
Em 1985, vendeu as rotas do Pacífico para a United Airlines por US$ 750 milhões. Em 1986, a companhia começa a servir também o Nordeste dos EUA. Seu faturamento, que em 1980 era de US$ 3,7 bilhões, cai para US$ 2,6 bilhões e a empresa entra no prejuízo.
Em 1985, vendeu as rotas do Pacífico para a United Airlines por US$ 750 milhões. Em 1986, a companhia começa a servir também o Nordeste dos EUA. Seu faturamento, que em 1980 era de US$ 3,7 bilhões, cai para US$ 2,6 bilhões e a empresa entra no prejuízo.
O golpe fatal aconteceu com um ataque terrorista, em 1988, quando um voo de Londres a Nova York explodiu, com 270 pessoas a bordo. Além de manchar a reputação da companhia, o atentado resultou em processos milionários, que acabaram no pedido de falência, em 1991.
Em janeiro de 1991, a Pan Am pede concordata depois de perder US$ 663 milhões em 1990. Em julho de 1991, vende por US$ 310 milhões as linhas europeias e algumas regionais americanas à Delta Airlines.
Como um avião que fosse tragado por alguma força misteriosa no Triângulo das Bermudas, a Pan Am se desintegrou e sumiu em pleno voo. No dia 4 de dezembro de 1991, descapitalizada, a empresa deixa de operar e vai à falência. A volta de um avião da Pan Am cruzando os céus, em junho de 2025, remeteu aos tempos em que voar era sinônimo de luxo – uma ocasião especial para poucos. Na verdade, não deixa de ser assim: o tour “Tracing the Transatlantic”, que marcou o retorno das viagens da marca, custou de US$ 60 mil a US$ 65,6 mil (algo entre R$ 330 mil e R$ 360 mil). Com 50 passageiros a bordo, assentos totalmente reclináveis e serviço de primeira classe, a viagem esgotou rapidamente.
O voo – um charter de um Boeing 757 com as cores da lendária Pan Am – saiu em 17 de junho de 2025 do aeroporto JFK, em Nova York. Até o dia 30 de junho, percorreu o trajeto entre Nova York e Bermudas e cruzou o Atlântico para chegar a Lisboa, Marselha, Londres e Shannon, na Irlanda, antes de retornar a Nova York. Hotéis de primeira linha em cada uma dessas cidades estão incluídos no pacote.
O percurso atualmente no ar não é, evidentemente, a volta dos voos regulares da companhia aérea. A Pan American Airways LLC é hoje uma empresa de licenciamento, que vende produtos como bolsas, jogos, camisetas para marcas variadas, relógios da marca Breitling e bonecas, como a Barbie aeromoça Pan Am.
A agência Beyond Capricorn, que diz reviver o glamour da era dourada das viagens, licenciou a marca. Os pacotes turísticos Pan Am são operados pela empresa especializada em tours privativos Bartelings.
Paralelamente a essa primeira viagem, as ofertas seguintes foram colocadas no ar. O “Pan Am Tracing the Transpacific” pode ser adquirido por a partir de US$ 94,5 mil (cerca de R$ 520 mil) e está programado para sair em abril de 2026. Já o “Pan Am Centenary Circumnavigation 2027” irá de São Francisco ao Taiti, passando por Sidney, Bancoc, Nova Déli, Cairo e Casablanca, antes de voltar a Miami. Está aceitando inscrições, mas sem informações detalhadas de preços.
(Fonte: revista Exame - 25.12.1991 / Estadão - 23.06.2025 - partes)![]() |
The lounge on a Pan Am Boeing 707 in 1958. Pictorial Parade/Archive Photos/Getty Images |
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