A mineira Companhia de Fiação e Tecidos Cedro e Cachoeira, fundada em 1872, é a primeira tecelagem do país, seus panos vestiam escravos, e é a empresa mais velha com ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo. Criada pelos irmãos Bernardo, Antônio e Cândido Mascarenhas, a Cedro teve seu alvará de funcionamento assinado por dom Pedro II em 1872, constituindo a primeira sociedade anônima do Brasil.
Em 1883, quando Getúlio Vargas nascia na gaúcha São Borja, a Cedro Cachoeira já riscava o traçado de sua longeva história. A fabricante de tecidos selava a primeira fusão industrial no Brasil, num formato inédito e inovador para os padrões daquele século. Numa época em que o país estava sob comando imperial e ainda esfolava escravos - a lei da abolição viria cinco anos mais tarde - dois troncos da família uniram suas empresas, a Cedro e a Cachoeira. A junção, que resultou na Companhia de Fiação Cedro Cachoeira, trouxe algumas novidades para a época.
Uma delas foi o "acordo de acionistas" no qual o peso do voto era equivalente para todos os acionistas com mais de 5% do capital. O pensamento moderno permitiu à empresa atravessar a abolição dos escravos, a proclamação da República e as duas grandes guerra mundiais, chegando à quinta geração, conforme salienta Agnaldo Diniz Filho, diretor-presidente da Cedro Cachoeira de 2001 a 2010. Nessa época, o conselho de administração, composto por doze membros, era comandado pelo também herdeiro Cristiano Ratton Mascarenhas.
Desde 1988, a empresa é gerida por um acordo de acionistas bem alinhavado, que se destaca por um singelo detalhe: foi assinado por 254 pessoas. Por meio desse contrato, sete famílias estão no controle da Cedro Cachoeira, de posse de 64,45% do capital total.
Ao longo desse quase um século e meio, a Cedro passou pelas mais diversas crises econômicas, mudanças de moeda e de regime de governo. Mas nunca ficou tão perto de ir à lona quanto nos anos 2015 e 2016. A queda das vendas levou a uma diminuição do faturamento e a prejuízos financeiros por três anos seguidos, fazendo a centenária empresa quase quebrar. Quando muitos já davam o caso como perdido, o ano de 2017 trouxe uma virada surpreendente.
O maior problema da Cedro foi achar que a bonança pela qual o país estava passando até o início da década de 2010 duraria para sempre. No início de 2015, quando o paulistano Marco Antônio Branquinho Júnior assumiu como o primeiro presidente não descendente da família fundadora, o horizonte ainda era de crescimento. Mas aí veio a crise. Para se adaptar à nova realidade, o quadro de funcionários foi reduzido de mais de 4000 para 2900.
Historicamente, a Cedro produz Denim - que ó o tecido das calças jeans -, sarjas e uniformes profissionais e vinha focando o aumento da participação de um novo filão, o fast fashion.
Além das famílias Mascarenhas e Diniz, citadas no texto acima, fazem parte do controle as famílias Magalhães, Gonzaga, Haas, Cançado/Lara Resende, e Ferreira. A companhia tem escritório em Belo Horizonte e quatro fábricas no interior de Minas Gerais.
Considerando dados de dezembro de 2017, o número de funcionários é de 3400.
(Fonte: revista Exame - 06.12.2017)
Em 1883, quando Getúlio Vargas nascia na gaúcha São Borja, a Cedro Cachoeira já riscava o traçado de sua longeva história. A fabricante de tecidos selava a primeira fusão industrial no Brasil, num formato inédito e inovador para os padrões daquele século. Numa época em que o país estava sob comando imperial e ainda esfolava escravos - a lei da abolição viria cinco anos mais tarde - dois troncos da família uniram suas empresas, a Cedro e a Cachoeira. A junção, que resultou na Companhia de Fiação Cedro Cachoeira, trouxe algumas novidades para a época.
Uma delas foi o "acordo de acionistas" no qual o peso do voto era equivalente para todos os acionistas com mais de 5% do capital. O pensamento moderno permitiu à empresa atravessar a abolição dos escravos, a proclamação da República e as duas grandes guerra mundiais, chegando à quinta geração, conforme salienta Agnaldo Diniz Filho, diretor-presidente da Cedro Cachoeira de 2001 a 2010. Nessa época, o conselho de administração, composto por doze membros, era comandado pelo também herdeiro Cristiano Ratton Mascarenhas.
Desde 1988, a empresa é gerida por um acordo de acionistas bem alinhavado, que se destaca por um singelo detalhe: foi assinado por 254 pessoas. Por meio desse contrato, sete famílias estão no controle da Cedro Cachoeira, de posse de 64,45% do capital total.
Ao longo desse quase um século e meio, a Cedro passou pelas mais diversas crises econômicas, mudanças de moeda e de regime de governo. Mas nunca ficou tão perto de ir à lona quanto nos anos 2015 e 2016. A queda das vendas levou a uma diminuição do faturamento e a prejuízos financeiros por três anos seguidos, fazendo a centenária empresa quase quebrar. Quando muitos já davam o caso como perdido, o ano de 2017 trouxe uma virada surpreendente.
O maior problema da Cedro foi achar que a bonança pela qual o país estava passando até o início da década de 2010 duraria para sempre. No início de 2015, quando o paulistano Marco Antônio Branquinho Júnior assumiu como o primeiro presidente não descendente da família fundadora, o horizonte ainda era de crescimento. Mas aí veio a crise. Para se adaptar à nova realidade, o quadro de funcionários foi reduzido de mais de 4000 para 2900.
Historicamente, a Cedro produz Denim - que ó o tecido das calças jeans -, sarjas e uniformes profissionais e vinha focando o aumento da participação de um novo filão, o fast fashion.
Além das famílias Mascarenhas e Diniz, citadas no texto acima, fazem parte do controle as famílias Magalhães, Gonzaga, Haas, Cançado/Lara Resende, e Ferreira. A companhia tem escritório em Belo Horizonte e quatro fábricas no interior de Minas Gerais.
Considerando dados de dezembro de 2017, o número de funcionários é de 3400.
(Fonte: revista Exame - 06.12.2017)
Um comentário:
Bela e surpreendente história!
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