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5 de out. de 2011

Nassau Cimentos (Grupo João Santos)

          O grupo João Santos é dono da marca de cimento Nassau. O patriarca João Santos (1908-2009) teve seis filhos, dos quais quatro estão vivos. O empresário deixou ainda 15 netos.
          Nos anos 1990, endividado, o grupo pagou a maior parte de sua dívida de então, com a venda de uma fábrica em Ribeirão Grande, São Paulo, que acabou parando nas mãos da Votorantim.
          Pouco antes de morrer (em 2009), João Santos fez um arranjo em que a condução dos negócios da família ficou exclusivamente nas mãos de Fernando e José, nascidos em 1947 e 1938, respectivamente.
          O grupo João Santos chegou a faturar R$ 3 bilhões em 2010. Em 2013, o grupo tinha aproximadamente 14 mil funcionários.
          No mercado financeiro, o grupo é tido como mau pagador e se comenta que a gestão da empresa está à deriva, com o grupo atolado em dívidas bilionárias. No entanto, não se sabe ao certo qual é a real situação das contas do João Santos, que não publica suas demonstrações financeiras consolidadas.
          O grupo João Santos é composto por 47 empresas, algumas inativas. Tem cerca de 7 mil funcionários, considerando dados de setembro de 2018 e o faturamento anual não chega a R$ 1 bilhão. Tem nove de suas 11 fábricas de cimento paralisadas. A capacidade instalada de produção de cimento do grupo é de 8,4 milhões de toneladas ao ano. As suas 11 fábricas, embora com localização estratégica, não foram modernizadas ao longo das últimas décadas. Uma delas, segundo pessoa com conhecimento do assunto, é a única ainda existente na indústria no país que opera por via úmida, uma tecnologia totalmente obsoleta no setor.
          O grupo hoje tem apenas duas de suas fábricas em funcionamento - uma em Mossoró, Rio Grande do Norte, e outra em Capanema, no Pará - e outros negócios menores na área de comunicação (Rede Tribuna), papel e celulose, açúcar, transportes e mineração. A dívida fiscal do grupo superaria hoje R$ 8 bilhões, dos quais quase R$ 5 bilhões já estariam inscritos na dívida ativa da União.
          O Grupo João Santos, enfrenta hoje não apenas a crise do setor, mas uma acirrada disputa entre os seus sócios-herdeiros. Integrantes da família que estão fora da condução dos negócios acusam os dois presidentes do grupo - os irmãos Fernando e José Santos - de estarem, supostamente, dilapidando o patrimônio da companhia em benefício próprio.
          Pelo estatuto do grupo, os irmãos Santos só podem ser retirados da gestão com voto de 75% do capital da empresa. Juntos, os dois têm cerca de 32%. Na prática, enquanto estiverem do mesmo lado da briga familiar, os irmãos não podem ser retirados do poder. O demais acionistas - as irmãs Ana Maria, nascida em 1942, e Maria Clara Santos, nascida em 1945, e os netos do patriarca - são detentores dos demais 68% do capital da empresa. Embora tenham a maior parte do capital, têm os poderes limitados pelo estatuto.
          Os acusados negam. Mas os herdeiros descontentes não param por aí. Nas últimas semanas, um dossiê de 91 páginas foi enviado para Polícia Federal, Ministério Público Federal e Ministério Público do Trabalho em Pernambuco, onde o Grupo João Santos é sediado.
(Fonte: jornal Valor - 14.09.2018)

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