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31 de out. de 2011

Arapuã

          A rede de lojas Arapuã teve sua origem no interior de São Paulo, na cidade de Lins, no ano de 1957.
          Nos anos 1990, era uma das maiores varejistas do Brasil, rivalizando com as Casas Bahia e a Ponto Frio. Em 1992 e 1993, por exemplo, com verba publicitária anual de 40 milhões de dólares, suplantava com grande folga pesos pesados neste quesito como Arisco, Brahma, Sadia, Ford, Casas Bahia e Mappin.
          No primeiro trimestre de 1996, a família Simeira Jacob, controladora de grupo Fenícia, recomprou as ações de uma de suas empresas, a Arapuã Importação e Comércio, que estavam em poder da rival Globex, então dona das lojas Ponto Frio. Os problemas começaram em agosto quando o Fenícia resolveu incorporar a Arapuã Importação à sua rede varejista, a Arapuã. Segundos as regras de conversão anunciadas, as ações que a família adquirira da Globex, seriam convertidas  por um valor bem mais alto, cerca de 5,4 milhões de reais (o preço pago foi de aproximadamente 1,5 milhão de reais). A operação esbarrou na reação dos acionistas minoritários e dos bancos de investimento. Em razão disso, os controladores decidiram ficar apenas com o valor pago na época, corrigido pelos juros do CDI. O excedente, recebido em ações, seria doado à tesouraria da Arapuã.
          A Arapuã tentou crescer depressa a partir de 1994 financiando as próprias vendas quando a demanda de eletrodomésticos explodiu nos primeiros meses do Plano Real. Quando a inadimplência estourou, em 1997, por causa do aumento de juros, a Arapuã vergou sob o peso do calote de seu clientes. Os principais credores - em sua maioria empresas fabricantes de eletrodomésticos - concordavam em conceder um desconto nas faturas, ampliar os prazos de pagamento e manter o fornecimento sem interrupções.
          As motivações não eram filantrópicas, mas empresariais. Era importante evitar que um canal de distribuição fosse cortado. No entanto, um dos credores, a fabricante de eletrodomésticos Evadin, contestou cada passo da tramitação legal. A Arapuã chegou a ter sua falência decretada a pedido da Evadin em julho de 2002, para ter a decisão revertida nos tribunais 24 horas depois.
          Acabou quebrando em 1998, quando tinha um total de 265 lojas e mais de 2 mil funcionários. A novela se arrastou até 2003, quando o plano de recuperação foi finalmente aceito pela Justiça. Os cinco anos de indefinição custaram caro a todos, devedora e credores.
          Um dos motivos principais, que levou a empresa à bancarrota, deixa qualquer estudante de administração intrigado. Ela quebrou justamente quando aumentou suas vendas. Mas como? Acontece que o aumento das vendas foi resultante da dilatação do prazo de pagamento para os clientes. Mas, na outra ponta, a empresa esqueceu de combinar com os fornecedores, que não mexeram nos prazos para o pagamento das faturas. O Ciclo de Caixa, desajustado, foi fatal.
          Em março de 2006, uma alento par a Arapuã. Foi quando a empresa da família Simeira Jacob resolveu o último impasse em seu tumultuado processo de concordata. No dia 21, após sete meses de avaliação, a Justiça decidiu finalmente que a recuperação da empresa se daria na esfera cível. A indefinição vinha atravancando o processo de reestruturação da companhia - então uma novela que já durava oito anos.
          Com uma dívida de mais de R$ 1 bilhão, a Arapuã ainda atua em alguns pontos da periferia da capital paulista e no interior, comercializando apenas vestuário de baixo custo.
(Fonte: revista Exame - 23.12.1992 / 25.09.1996 / 21.07.2004 / 29.03.2006 / Desafio Mundial - msn - 29.07.2018 / O Globo / msn - 28.09.2018 - partes)

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