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2 de out. de 2011

Tostines

          As famílias Pires, Féria e Pereira Lopes eram as controladoras da Confiança, de São Paulo, então a terceira maior fabricante de biscoitos, dona das marcas Tostines e Kid's.
          Não se tem notícia de a empresa ter informado a origem do nome "Tostines" ou alguma coisa sobre o momento da escolha do nome. Mas, uma explicação possível, seria de o termo ser simplesmente proveniente de "tostar", o que faz um produto ficar crocante e com aspecto (e gosto) de "fresquinho".
          Em 1992, a LPC-Danone mostrou interesse pela Confiança e ofereceu cerca de 120 milhões de dólares pela fabricante de biscoitos, mas o negócio não avançou.
          A Nestlé Brasil, então sob o comando do executivo suíço Roland Meyes, também estava interessada e em 1993, adquire a Confiança por preço que oscilou entre 150 e 160 milhões de dólares. Em julho, a documentação do negócio já havia sido enviada pela Nestlé ao Cade, para dar o parecer sobre o assunto, uma vez que com a operação a Nestlé passou a deter 50% do mercado brasileiro de biscoitos populares.
           E o destino é cruel para nostálgicos e saudosistas. A marca de biscoitos São Luiz, por exemplo, adquirida pela Nestlé em 1967, sumiu do mercado. A Tostines pode não ter o mesmo fim, mas passou a ter presença discretíssima, quase melancólica, nas gôndolas. A campeã de vendas, a Tostines "quadradinha", de chocolate, simplesmente desapareceu. E não reaparecerá, pois seria canibalismo puro com a Negresco. E a expressão "vende mais por que é fresquinho ou é fresquinho por que vende mais?", citada até em livros, poderá até sobreviver, mas só os registros históricos de marketing mostrarão que se tratou de um reclame televisivo que ficou famoso durante um certo tempo.
          Pelo menos até 2007 a citação sobreviveu: na reportagem Pouco Navio e Muito Caminhão, da revista Exame (26.09.2007), as repórteres Fabiane Stefano e Paula Pavon citam: O fato é que o setor de cabotagem vive uma espécie de dilema Tostines: faltam navios porque não há demanda ou não há demanda por que faltam navios?
(Fonte: revista Exame - 04.08.1993 / 26.09.2007 - parte)