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30 de out. de 2011

Brasilinvest

          Em 1985, o empresário paulista Mário Garnero teve seu banco de investimentos, o Brasilinvest, liquidado pelo Banco Central. Anos depois, o empresário reencampou o banco e o transformou num banco de negócios, especializado em fusões, aquisições, e consultoria a empresas estrangeiras interessadas em atuar no Brasil.
          Em 2003, Garnero reuniu cerca de 300 empresários em Roma na conferência anual do Brasilinvest. Entre os convidados estavam membros da família de financistas ingleses Rothschild e o ex-presidente americano George Bush, pai, de quem Garnero era amigo pessoal.
          Em março de 2004, Garnero era presidente do conselho de administração da Brasilinvest, tocado por seu filho Fernando Garnero. Nessa época Garnero era investigado pela Justiça italiana por suposto crime financeiro após ser identificado como sócio da empresa Cylinder, registrada em San Marino. O objetivo da companhia era comprar ativos do grupo de alimentos Cirio - então controlador da Bombril e da Cirio-Peixe, no Brasil -, que entrou em insolvência em novembro de 2002 e permaneceu sob administração extraordinária na Itália desde 2003. Até aí tudo bem. O problema de Garnero começou quando as autoridades financeiras da Itália descobriram que o empresário italiano Sergio Cragnotti, ex-controlador da Cirio e preso desde fevereiro (2004) sob acusação de insolvência fraudulenta do grupo, seria um dos sócios - oculto, obviamente - da Cylinder.
          De acordo com o jornal Il Sole 24 Ore, a notificação do juiz milanês Luigi Orsi acusa Garnero de "empregar dinheiro de Cragnotti, proveniente do delito de falência e fraude, por ter sido desviado do grupo Cirio". Esse esquema devolveria a Cragnotti algumas empresas do grupo que ele mesmo afundou. Os três sócios oficiais da Cylinder - além de Garnero, os italianos Carlo Ronchi, da empresa Agrifood, e Marco Lippi, do BNP Paribas da Itália - receberiam 25% das novas empresas.
          A relação de Garnero com Cragnotti já era antiga. O Brasilinvest realizou a venda a Cragnotti da participação acionária  de dois dos três herdeiros da Bombril, na década de 1980.
          Em agosto de 2015 o Grupo Colombo concordou em fazer uma fusão com o Grupo Garnero, unidade do diversificado conglomerado BrasilInvest, num acordo de R$ 330 milhões. O capital novo serviria para arejar o caixa da Colombo e pagar dívidas que no final de 2014 atingiram R$ 571,3 milhões. A nova companhia se chamou Garnero Colombo.
          Em junho de 2016, porém, com uma dívida da ordem de R$ 1,5 bilhão, a Camisaria Colombo protocolou acordo de recuperação extrajudicial. O plano obteve apoio dos principais credores, que incluem os bancos Itaú Unibanco, HSBC e Santander.
          Em julho de 2016, o fundo GGAC, do empresário Mario Garnero, alegando falta de pagamentos e de informações, cancela o contrato. O empresário paulista, importante interlocutor do Brasil com homens de negócios e políticos americanos, não mais trocará seus elegantes ternos feitos sob medida pelos da Camisaria Colombo. Era o que tudo indicava, pelo menos, em relação à sua preferência de negócios. A troca de informações entre a rede de lojas e Garnero era, para dizer o mínimo, grotesca. A GGAC alega que não tinha conhecimento do pedido de liquidação extrajudicial levado a cabo um mês antes.
(Fonte: revista Exame - 17.03.2004 - Valor online International edition - 28.08.2015 / jornal Valor online - 08.06.2016 / IstoÉDinheiro - 29.07.2016 - partes)

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