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2 de out. de 2011

Big Supermercados (Rede Sonae)

Sonae Supermercados          
          A rede portuguesa de supermercados Sonae fez sua estreia no Brasil em 1989, ao comprar uma participação na rede de supermercados Real, no Rio Grande do Sul e, em 1990 inaugura o primeiro hipermercado Big, em Porto Alegre.
          Em 1997 a empresa tomou a decisão mais definitiva de investir e assumiu o controle do Real, mais tarde rebatizado de Nacional.
          No ano seguinte, em 1998, inicia expansão ao comprar o Cândia, em São Paulo, e a rede paranaense Mercadorama. O Cândia, com uma única loja, tinha um excepcional desempenho, que aguçou o apetite das redes internacionais em expansão no Brasil. A Walmart e o Carrefour tentaram comprar o negócio, que acabou adquirido pelo Sonae, que muda seu nome para Big.
          Em 1999, ao adquirir as redes gaúchas Exxtra Econômico, do empresário gaúcho Paulo Afonso Feijó, e Nacional, além do Coletão e do Muffatão, no Paraná, tornou-se a maior rede da Região Sul.
          Em julho de 2004 vem a lume claros rumores sobre uma possível saída do Brasil. Belmiro de Azevedo, principal acionista do Sonae, afirma estar insatisfeito com os negócios no Brasil, alimentando os rumores de venda. Desde sua entrada no Brasil, o Sonae já havia investido 1,3 bilhão de reais - a maior parte entre 1997 e 1999, quando o real equivalia ao dólar. Com a desvalorização cambial, o prazo de retorno do investimento triplicou.
          Apesar de ser a então quarta maior rede do país, o Sonae até então (2003) não teve um centavo de lucro líquido no Brasil. Com 148 lojas, atuando com as bandeiras dos supermercados Big, Nacional e Mercadorama, além do atacado Maxxi, suas vendas chegavam a 3,7 bilhões de reais.
          Alguns erros, que explicam pelo menos parte do desempenho pífio da rede, eram notados aqui e ali. O Sonae acabou adquirindo várias redes sem definir o formato das novas lojas, sem resolver a que público exatamente se destinavam e como tudo isso seria integrado. "O Mercadorama, que era uma cadeia diferenciada no Paraná, virou um supermercado comum," diz Paulo Feijó. "E a rede Nacional está abarrotada de produtos com marca própria, pouco aceita pelos gaúchos." A presença em São Paulo nunca se consolidou. Em julho de 2004, uma das lojas Big na capital paulista foi fechada porque o faturamento era baixo demais em relação ao aluguel do imóvel. A loja do supermercado Cândia, localizada na periferia de São Paulo, rodeada pelas classes C, D e E por todos os lados, antes de ser comprada pelo Sonae em 1998, fez uma série de inovações, inclusive no marketing. Entre outras coisas, passou a monitorar de perto os preços dos produtos da cesta básica pesquisados pelo Procon/Dieese de tal forma que sempre aparecesse como o supermercado mais barato da cidade. As vendas explodiram e a "rede de uma loja só" permaneceu durante muito tempo como a campeã nacional de faturamento por metro quadrado. É difícil imaginar que o Sonae tenha dado continuidade ao perfil tão específico dessa loja.
          "Depois de enfrentar todos esses dissabores, os portugueses tinham mais razões para sair do que ficar", disse o sócio de uma consultoria especializada em fusões e aquisições. "Eles já apanharam um bocado por aqui."
           A rede Sonae foi adquirida em 2005 pela rede americana Walmart.

Walmart/Grupo Big
          Em 1995, a rede americana Walmart chega ao Brasil. Inicialmente, o foco da expansão era a região sudeste, com lojas no formato hipermercado. A primeira loja no país foi uma unidade do Sam’s Club em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. No mesmo ano, inaugurou um Walmart em Osasco, também na região metropolitana de São Paulo. 
          Foi só dez anos depois que a rede americana começou a apostar com mais força no mercado brasileiro para, de fato, conseguir competir com as líderes Carrefour e Grupo Pão de Açúcar. 
          Em 2004, comprou o Bompreço, líder no Nordeste e referência em varejo na região. No ano seguinte, o Walmart concluiu a aquisição da operação brasileira do grupo português Sonae Distribuidora no Sul, com forte presença nos três estados da região. Foram longos meses de negociação até o fechamento da operação entre americanos e portugueses, que estavam no país desde 1990, mas que possibilitou ao Walmart chegar mais perto das líderes ao incorporar as bandeiras BIG, Nacional, Maxxi Atacado e Mercadorama. Os mercados BIG foram relançados sob a marca americana. 
          Apesar desse salto em 2005, a rede continuou patinando no país.
          No Brasil, em outubro de 2016, a Walmart inicia um processo de mudanças batizado internamente de "reinvention" (reinvenção), que devia transformar todas as 130 lojas de hipermercados da companhia, num investimento total de cerca de R$ 1 bilhão nos três anos seguintes. Esse movimento passaria pelo fim das bandeiras de hipermercado BIG e Bompreço, localizadas no Sul e Nordeste do país - as lojas passariam a operar com a marca Walmart.
          Considerando dados de abril de 2018, a rede tinha 450 lojas no Brasil, das quais o clube de compras Sam's Club tinha 27 lojas e o Maxxi, do setor de Atacarejo, tinha 44 lojas. Ocupava a terceira posição entre as redes varejistas de alimentos com 55.000 funcionários. Em 2017, o Walmart teve um faturamento de 28,2 bilhões de reais. No país, possui as seguintes marcas: Mercadorama, Nacional, Big, BomPreço, Hiper BomPreço, Walmart, TodoDia, Maxxi e Sam's Club.
          Em 4 de junho de 2018, a rede de supermercados Walmart e a empresa americana de private equity Advent International fecharam acordo sobre a venda de 80% da subsidiária do Brasil para o fundo. Os 20% restantes ficaram com o Walmart.  O fundo não desembolsou um real, mas se comprometeu a investir 2 bilhões de reais na empresa até 2021. No momento da aquisição pela Advent, o clube de compras Sam's Club tinha 27 lojas e o Maxxi, do setor de Atacarejo, tinha 44 lojas. Para dar ênfase ao "atacarejo" foi contratado o executivo Beto Alves que  ingressou no grupo em agosto como diretor executivo de atacado, depois de trabalhar por 30 anos no Atacadão, braço de atacarejo do Carrefour.
          Em agosto de 2018, a companhia contrata o executivo Luiz Fazzio, que já foi CEO da C&A e do Carrefour Brasil e diretor do Makro e do Grupo Pão de Açúcar.
          Em 9 de maio de 2019, quase um ano depois de a operação brasileira passar para o controle do fundo de investimento Advent, o Walmart faz o primeiro movimento para retomar o crescimento da companhia no país. A empresa reinaugura a primeira loja conceito do Maxxi, sua bandeira de atacarejo, em Diadema (SP), totalmente remodelada, numa clara intenção de voltar ao jogo do atacarejo, segundo Beto Alves.
          Em 10 de maio de 2019, o Walmart informa a decisão de desativar seu site de vendas no Brasil. É notoriamente uma medida que envolve riscos que a rede terá que administrar no médio prazo. A interrupção está sendo feita num momento em que a concorrência intensifica ações na área, com objetivo de integrar sites e lojas físicas.
          Um ano depois de assumir o negócio com a Advent, veio uma decisão radical: abrir mão da marca Walmart e transformar a empresa em grupo BIG, dono das bandeiras BIG, Bompreço, Maxxi, Sam’s Club, Nacional e TodoDia. A marca mais conhecida do grupo voltaria a ter apelo nacional.
          Depois de reforçar sua estratégia de atacado, com a marca Maxxi, e o clube de compras de produtos importados, o Sam’s, o Advent também trocou marcas de seus hipermercados e criou equipes regionais de compras.
          Em 12 de agosto de 2019, Luiz Fazzio, presidente do já denominado Grupo Big, comunica um grande conjunto de alterações: o Walmart Brasil, então com 412 lojas, considerando todas as bandeiras, passa a se chamar Grupo Big e a marca de hipermercados Walmart irá desaparecer no país até o primeiro semestre de 2020. Os hipermercados Walmart nas regiões Sul e Sudeste passam a se chamar Big, enquanto no Nordeste, as lojas do Hiper Bompreço se transformarão em Big Bompreço. As lojas Maxxi Atacado (atacarejo) e Sam's Club (clube de compras), permanecerão com as mesmas denominações.
          Em relação aos supermercados, haverá uma nova divisão: os pontos no Nordeste passarão a se chamar Super Bompreço (eram apenas Bompreço), e nos estados abaixo do Nordeste as lojas devem virar Nacional, rede que já opera no Rio Grande do Sul. Desta forma, a marca Mercadorama, com seis lojas no Paraná, deixará de existir.
          A empresa deixa de pagar royalties mensais aos americanos, de 0,7% sobre as vendas, pelo uso da marca. O Grupo Big vai continuar pagando royalties (que não chegam a 0,7%) pela marca Sam's Club, que pertence ao Walmart. Com a reestruturação, o total de marcas de redes do grupo passa de nove para sete.
          Também deve ser trocado, até o fim de março de 2021, o sistema de tecnologia que conecta as caixas registradoras das lojas aos centros de distribuição de produtos. Hoje, isso é gerido a partir da sede do Walmart, em Bentonville, no Arkansas. Quando há problema no sistema de Bentonville, gerando paralisação nos caixas daqui, é necessário entrar numa fila de outras lojas para eles resolverem lá. O sistema do Bompreço será ressuscitado.
          Se em 2019 a empresa anunciava a saída do comércio online, na contramão dos concorrentes, em 2020 a situação se inverteu no comércio eletrônico. A intenção era centrar esforços nas lojas físicas e reerguer a companhia. Mas, nesse meio tempo, eclodiu a pandemia e o projeto de volta ao varejo online teve de ser colocado em pé a toque de caixa. Batizado de “Big em casa”, o projeto inclui dois tipos de delivery e um drive-thru e contempla as bandeiras BIG, Bompreço, BIG Bompreço, Nacional, Mercadorama, MaxxiAtacado e Sam’s Club.
          Em 19 de outubro de 2020, o Grupo BIG Brasil pediu registro para uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), como o terceiro maior varejista do país revelando planos de captar recursos para expansão, conversão e reformas de lojas no país. A companhia é dona de marcas como Sam's Club, Superbompreço, Maxxi Atacado e Mercadorama. Segundo o documento, em 30 de setembro a empresa tinha 389 lojas em 181 cidades de 18 estados e Distrito Federal.
          No final de novembro de 2020, o Big decide postergar sua IPO para o início de 2021.
          Em 24 de março de 2021, o Carrefour anuncia compra da totalidade das ações do Grupo Big Brasil por R$ 7,5 bilhões. Essa  aquisição expandirá a presença do Carrefour em regiões onde tem penetração limitada, como o Nordeste e Sul do país. O negócio está sujeito à avaliação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a expectativa do Carrefour é obter o aval do regulador até 2022. O negócio também prevê que o Carrefour passará a administrar a bandeira Sam''s Club, através de um contrato de licenciamento com o Walmart.
          Em fato relevante divulgado em 11 de abril de 2023, um ajuste de até R$ 1 bilhão no valor pago pelo Carrefour ao fundo de private equity Advent e Walmart para o BIG, ocorreu após meses de negociação e atritos que afetaram até a equipe de gestão da empresa. No dia seguinte, a direção do Carrefour informou que ajustes contábeis relacionados a diferenças de valor já haviam sido feitos em 2022. O problema surgiu depois que a assessoria jurídica do Carrefour identificou diversos passivos trabalhistas do Big não provisionados, no valor de R$ 2 bilhões, relativos ao período sob controle do Walmart. O problema foi verificado depois que o CADE deu sinal verde para o negócio, em maio de 2022.
(Fonte: revista Exame - 28.09.1994 / 23.10.1996 / 15.12.1999 / Exame São Paulo - início 2001 / Exame - 04.08.2004 / 21.10.2009 / jornal Valor online - 28.10.2016 / 30.04.2018 / 04.06.2018 / 09.05.2019 / 13.05.2019 / 12.08.2019 / G1 - 19.10.2020 / Exame.com - 20.10.2020 / Wikipédia / Valor - 24.03.2021 / 12.04.2023 - partes)

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