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6 de out. de 2011

Casas Bahia

          As Casas Bahia foram batizadas assim pelo seu fundador Samuel Klein, como uma referência aos seus primeiros clientes: migrantes nordestinos, que buscavam emprego no ABC paulista. Klein, filho de carpinteiro, nasceu em Lublin (em uma aldeota chamada Zaklikov), na Polônia, em 15 de novembro de 1923. Em 1944, ao ser transferido de campo de concentração dentro da Polônia, conseguiu fugir, separando-se do pai (da mãe e dos irmãos já havia se separado em 1942). Ficou no país até o fim da guerra e depois partiu para a Alemanha, à procura do pai. Lá, casou-se com Ana. O empresário deixou a Europa em 1952, quando decidiu emigrar para a Bolívia. Ficou pouco tempo em La Paz. No mesmo ano, desembarcou no Rio de Janeiro e, meses depois, foi para São Paulo e se estabeleceu em São Caetano do Sul.
          Naturalizado brasileiro, Klein adquiriu sua primeira loja em 1957, no centro de São Caetano do Sul. Na realidade, a pequena loja já se chamava "Casa Bahia", cujo dono, Aarão Wasserman, também era judeu. Os trabalhadores das indústrias do ABC formavam a sua clientela desde os tempos que mascateava com sua carroça, vendendo artigos pelas ruas de São Caetano. A lojinha adquirida por Klein possuía 800 fregueses cadastrados - 50 anos depois, em 2007, eram 12 milhões de clientes, sendo 8 milhões sem carteira assinada. Foi sua visão e pioneirismo na oferta de crédito às camadas populares, que possibilitaram a inserção de uma boa parte da população no consumo de bens duráveis.
          No início de 1995, Samuel Klein pechinchou e levou as lojas Garson, do Rio de Janeiro, para a sua rede Casas Bahia.
          Em alguns momentos, surgiam comentários no mercado, como em 1999, sobre problemas de caixa na empresa e dívidas em crescimento, mas a explicação de Klein era clara: não devia nada para ninguém.
          Várias lendas surgiram em torno de Samuel Klein ao longo dos anos, como a de que perdoava débitos atrasados de clientes, porque consumidor perdoado volta a comprar na loja. Se isso acontecia, não era, necessariamente, um perdão descompromissado. "Riqueza do pobre é o nome", dizia. "A gente precisa entender que ninguém consegue nada trabalhando com rico, porque ricos têm poucos e pobres têm muitos. Tem que dançar conforme toca a música. Se você vende para um trabalhador e ele fica desempregado, não tem como pagar a prestação, nós o convidamos para vir fazer algum acordo. Tratamos o cliente bem e depois nós vendemos de novo para ele".
          Foram precisos 52 anos para que as Casas Bahia, então a maior varejista de móveis e eletrodomésticos do país, chegasse efetivamente à Bahia e à região Nordeste. A loja foi aberta em Salvador em 28 se abril de 2009. A principal razão, segundo a empresa, para tanta demora era o problema de logística. Eram necessários depósitos, centros de distribuição e de meios para entregar a mercadoria.
          Após crescimento contínuo durante várias décadas, sempre baseado em vendas a prazo, as Casas Bahia se uniram ao Grupo Pão de Açúcar. O faturamento da Casas Bahia pulou de R$ 3,5 bilhões para R$ 15 bilhões de 2001 a 2009 - ano em que foi anunciado o acordo com o GPA (dono da rede Ponto Frio) para criar a Via Varejo. Michael Klein, o filho que manteve cadeira no conselho da Via Varejo, ainda acompanha as decisões estratégicas da companhia - os Klein são minoritários na varejista -, mas não está mais presente nas decisões cotidianas. Atualmente, o principal negócio da família Klein está nos setor imobiliário.
          Samuel Klein falece em São Paulo em 20 de novembro de 2014, aos 91 anos.
          Em fins de abril de 2024, a Casas Bahia entrou com pedido de recuperação extrajudicial para dívidas que somam R$ 4,1 bilhões. O pedido já é pré-acordado com os principais credores, que detêm 54,5% dos débitos e, portanto, deve ser aplicado também aos demais credores pulverizados, dentre eles, pessoas físicas.
          Em 14 de março de 2025, a Casas Bahia inaugurou uma megaloja com foco em experiências. A nova loja, localizada na região da Berrini, abriga também a sede administrativa da empresa. A inauguração da loja marcou também a transferência da sede administrativa da companhia para o mesmo prédio. Com cinco andares, o imóvel conta com a certificação Leed (sigla em inglês para “Liderança em Energia e Design Ambiental”), reconhecimento internacional para edifícios sustentáveis.
          E o centro da cidade de São Paulo perdeu mais uma oportunidade de ter em seu território, a sede de uma empresa de peso que pudesse pressionar os órgãos públicos para melhorias na segurança, iluminação e outros itens tão necessários para a recuperação da área. A Casas Bahia, reconhecidamente uma varejista com itens populares, resolveu, como muitas outras empresas, se encrustar na badalada (e cara) Zona Sul de São Paulo. 
(Fonte: Exame - 06.02.1995 / jornal O Estado de S.Paulo - 28.04.2009 / Valor online 20 e 21.11.2014 / Estadão - 29.04.2024 / 15.03.2025 - partes)

Grupo Casas Bahia Via (ex-Via, Via Varejo) (Casas Bahia + Ponto, ex-Ponto Frio)
         Em 2009, o Grupo Pão de Açúcar (GPA) compra a Globex, dona do Ponto Frio, fundada em 1950, no Rio de Janeiro. Em 2010, o GPA compra a rede Casas Bahia, fundada em 1957, em São Caetano do Sul, da família Klein.      
          A Via Varejo foi criada em 2010, após a compra da rede Casas Bahia. E, levou muito pouco tempo até que os novos sócios começassem a se desentender. Primeiro, (re)negociaram os termos da associação, por iniciativa dos Klein. Mesmo com o contrato refeito, os sócios passariam os dois anos seguintes brigando. No fim de 2012, quando os Klein perderam o direito de indicar o presidente da empresa, o futuro da rede ficou indefinido. Algum tempo depois veio a paz.
          Em 2013, Casas Bahia e Ponto Frio, enfim, passaram a dividir os 14 centros de distribuição e a fazer todas as compras em conjunto. Já com bons resultados, a empresa conseguiu levantar 2,8 bilhões de reais em sua abertura de capital na BM&FBovespa, uma operação que avaliou a empresa em 12 bilhões de reais. Cerca de metade do dinheiro foi para os Klein, que venderam parte de suas ações. Em 2014 a empresa tinha mais de 1.000 lojas e planejava abrir mais 210 até 2016.
          Em janeiro de 2014, Casas Bahia e Ponto Frio começaram a fazer compras conjuntas com a empresa de comércio eletrônico do grupo, a Nova Pontocom. Em maio do mesmo ano, a Nova Pontocom anunciou uma união com a CDiscount, site de comércio eletrônico do grupo francês Casino. A nova empresa, é chamada de CNova.
          Quando a Via Varejo incorporou a CNova, ficou com as operações on-line da Casas Bahia, do Ponto Frio e do Extra.com.
          Foi justamente um dos movimentos mais criticados do Casino à frente da dona da Casas Bahia e do Ponto Frio que envolveu a separação da operação online – a CNova – das lojas físicas. O objetivo de unir todas as operações globais de e-commerce do grupo Casino atrapalhou o desempenho da Via Varejo por aqui – a estratégia acabou descartada dois anos mais tarde. Nesse ínterim, porém, o Magazine Luiza implantou inovações.
          Em 2019, a Via Varejo tenta avançar pela via financeira. Ela anunciou a criação de um banco digital, o BanQi, que permitirá fazer saques e depósitos diretamente nos caixas das lojas Casas Bahia, ter acesso a cartão pré-pago bandeirado e com disponibilidade de saldo atrelada ao aplicativo. Para a empreitada, a rede varejista contaria com o auxilio da start-up norte-americana Airfox, que atua com soluções de pagamentos móveis e digitais. O banco vai oferecer empréstimos pessoais, assinatura eletrônica do crediário, cartão de débito, entre outros serviços. Ele também ajudaria a Via Varejo a alcançar consumidores de baixa renda que não frequentam suas lojas. Em meados de 2019, o BanQi recebe um aporte de R$ 300 milhões como parte de uma parceria com Mastercard, Zurich Insurance e Cielo.
          Em 7 de junho de 2019, o empresário Michael Klein e representantes da Starboard Partners e Apollo Global Management estiveram reunidos para tentar avançar numa oferta pela Via Varejo.
          Cinco dias depois, dia 12, Klein volta à linha de frente do varejo brasileiro, dez anos após a fusão de Casas Bahia e Ponto Frio, em 2009, quando Klein perdeu o controle da varejista da família para se tornar, ao lado de Abilio Diniz, um acionista minoritário numa rede menor — hoje, a Via Varejo.
          No dia 14 (de junho de 2019), o GPA vende sua fatia de 36,2% na Via Varejo por R$ 4,90 por ação em leilão na B3 em São Paulo, perfazendo um total de R$ 2,3 bilhões. Klein entrou com R$ 100 milhões e pulou de seus 25,4% para 27% adquirindo o controle da Via Varejo. Empresas gestoras de ativos também participaram como Squadra, XP Asset, Kapitalo, Truxt e JGP. O leme fica (novamente) sob o comando de Michael Klein.
          Em 15 de julho de 2019, a Via Varejo fechou a contratação de Helisson Lemos, ex-vice-presidente do Mercado Livre, para a função de diretor do braço digital da empresa. Lemos será o principal executivo da operação on-line, responsável por acelerar e consolidar a transformação digital da companhia, com a incumbência de transformá-la em uma plataforma 100% multicanal.
          A Cnova (e-commerce) é o antigo negócio do grupo que reúne toda a operação virtual. Em julho (2019), a empresa iniciou a união da área fiscal da Cnova com a Via Varejo, ou seja, do seu comércio eletrônico com os pontos fixos.
          Em 15 de agosto de 2019, cinquenta dias após assumir a Via Varejo, o comando da companhia, cujo maior acionista passou a ser a família Klein, acabou com o modelo de gestão implementado pelo ex-sócio, o Grupo Pão de Açúcar. Esse sistema definia a remuneração dos vendedores. A empresa ainda fechou o braço de venda por atacado, deu maior autonomia para cada loja definir preço e está fazendo o carnê da Casas Bahia ganhar importância, disse seu presidente, Roberto Fulcherberguer.
          Em meados de novembro de 2019, a companhia informou ao mercado que, entre setembro e outubro, recebeu denúncias anônimas apontando possíveis irregularidades em sua contabilidade. Constituiu, à época, uma comissão interna para apurar a consistência das denúncias. Em uma primeira verificação, tal grupo de trabalho não constatou problemas. Mas avisaram que os esforços de investigação continuariam.
          Em 12 de dezembro de 2019, o comitê de investigação apresentou o resultado da segunda fase da apuração, que encontrou indícios de fraude contábil (que veio a lume em novembro), com a manipulação da provisão trabalhista e pelo diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos, além de falhas de controles internos que poderiam resultar em erros materiais em determinadas contas contábeis. A administração toma as providências necessárias para apurar o valor total dos ajustes contábeis decorrentes das informações reveladas, que se estima ser da ordem de R$ 1,05 bilhão a R$ 1,2 bilhão.
          A Via Varejo informou, em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na madrugada do dia 26 de março de 2020, que investigação feita por consultores independentes constatou evidências de fraude contábil, caracterizada pela manipulação da provisão para processos trabalhistas da companhia e pelo diferimento indevido na baixa de ativos e contabilização de passivos fora de suas respectivas competências e falhas de controles internos, resultando em erros nas contas de provisão para processos trabalhistas e depósitos (garantias) judiciais da companhia. Concluída a investigação, a companhia, após o dimensionamento final dos ajustes contábeis decorrentes, apurou que o valor final dos ajustes às demonstrações financeiras do 4º trimestre de 2019 é de R$ 1,190 bilhão (R$ 786 milhões líquidos de impostos).
          Em 1° de julho de 2019 foi aprovada a incorporação da Cnova (e-commerce) e, em abril de 2020, a Via Varejo adquire a AsapLog, que é uma empresa de tecnologia do setor de logística especializada em soluções para logística urbana, e também conectando transportadoras que operam a longas distâncias.
          No início de setembro de 2020, a BlackRock atingiu participação de 5,08% na Via Varejo.
          O grupo, além das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, é dono da Bartira (fábrica de móveis), representa ~35% das vendas de móveis da Via Varejo. A operação vende exclusivamente para as lojas das Casas Bahia e do Ponto Frio. São mais de 3 milhões de itens produzidos por ano com a marca Bartira. VVAtacado é uma unidade de negócios que trabalha com soluções para médios e pequenos varejistas, de diversos segmentos e o BanQi é o banco digital focado nas pessoas que atualmente não possuem contas bancárias.
          Em 20 de abril de 2021, a Via Varejo divulgou que optou por mudar sua marca Pontofrio, que passará a ser chamada apenas de Ponto. Segundo a companhia, o objetivo é ter maior foco em tecnologia, com repaginação de todas as lojas da bandeira com a nova identidade visual, além de todo interior reformado e material gráfico com as novas cores.
          Na noite do dia 25 de abril de 2021, a Via Varejo comunicou que mudará sua marca para Via, um novo nome que a empresa associa ao que considera o futuro de suas operações. “Para ir além do varejo, a Via mudou sua marca. Via-Imagina Caminhos, o novo posicionamento da empresa reforça a estratégia da companhia de ser reconhecida como a melhor Via de compras de todos os brasileiros", diz a empresa em comunicado.
          Também em 25 de abril de 2021, a companhia informou ter comprado 100% da fintech Celer, que nasceu como plataforma proprietária de soluções de pagamentos e hoje oferece pacote completo de Bank-as-a Service (BaaS).
          Nos primeiros dias de setembro de 2021, a Via realizou, por meio de um fundo de Corporate Venture, investimentos minoritários nas startups GoPublic, Poupa Certo e Byebnk. Os aportes nas três startups fazem parte da estratégia para integração do Banqi e da Celer, ambas plataformas de meios de pagamento adquiridas pela Via, com o intuito de fortalecer o braço financeiro da companhia.
          Considerando dados de março de 2020, a Casas Bahia tem 845 lojas e a Ponto Frio, 216 lojas. Em junho, as duas redes juntas atingiam 1073 unidades. São 28 CDs e 120 mini-hubs.
          "Grupo Casas Bahia" é o novo nome da Via (VIIA3), conforme aprovação em assembleia geral extraordinária realizada em 12 de setembro de 2023. Esse procedimento é, aparentemente, uma correção do erro cometido ao ter passado a se chamar "Via", que substituiu "Via Varejo". Ambos são nomes que não dizem muito para o mercado. O ticker na B3 passa para BHIA3 a partir de 20 de setembro de 2023.
          A empresa tinha 1.078 lojas no final de 2023 e 1.064 no final do ano seguinte, 2024..
(Fonte: revista Exame Melhores&Maiores - julho 2014 / Exame.com - 09.06.2019 / IstoÉDinheiro - 10.06.2019 / Valor 11.06.2019 / 13.06.2019 17.06.2019 / iupana - 08.07.2019 - / Valor - 15.07.2019 - 15.08.2019 / 15.11.2019 / 13.12.2019 / 26.03.2020 / ElevenFinancial 23.04.2021 / Valor - 26.04.2021 / Nord Research - 09.09.2021 -  partes)

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