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6 de out. de 2011

Cerveja Cerpa

           A Cerpa - Cervejaria Paraense S.A. foi fundada em Belém (PA) em 1966 por um imigrante alemão chamado Konrad Karl Seibel, que viu nos rios da Amazônia as condições ideais de pureza para fabricação de cervejas com o mais alto padrão. A fábrica foi instalada junto às margens da Baía do Guajará em Belém.
          Para se diferenciar de seus concorrentes, apresentou, ainda em 1966, o processo Draft Beer, em que a cerveja deixa de passar pelo tradicional sistema de pasteurização, seguindo por complexos filtros de celulose e descarga térmica.
          A fabricação de cerveja nos trópicos deu certo. Foi uma cervejaria regional de sucesso por décadas - sua participação de mercado no Pará chegou a 65% em 2003 e, muito antes do avanço das cervejas artesanais, ganhou certo público no Sudeste entre os consumidores que queriam fugir das Brahmas e Antarcticas da vida.
          Mas, na década seguinte, a cervejaria paraense entrou em uma bizarra espiral de problemas que lhe custaram caro. Em março de 2013, sua participação no Pará não passava dos 12%. Poderia ser apenas uma história de empresa que errou a mão e perdeu o bonde - na última década, uma onda de consolidação fez com que as cervejarias regionais fossem compradas em negócios milionários, e a Cerpa ficou de fora, minada por problemas familiares que beira o surreal. 
          Desde 2008, o dono da empresa sumiu. Seibel morreu em 2012, quatro anos após deixar o Brasil rumo à Alemanha para um tratamento de saúde. Sua saída deixou a empresa no escuro - a falta de informação a respeito do dono era tanta que executivos e advogados ligados à empresa afirmavam em 2013 que Seibel estava vivo e administrando uma fábrica de cimento no interior da Alemanha. (O cartório da cidade alemã de Traunstein informou à revista Exame que há um atestado de óbito de Seibel). Na verdade, quem administra a empresa alemã é sua filha, Silvia Seibel.
          A Cerpa, por sua vez, continuava sem controlador. O único herdeiro da Cerpa, Konrad Franz Seibel, tinha então 20 anos em 2013 e também não podia assumir a empresa. De acordo com o testamento do pai, ele só poderia assumir ao completar 24 anos ou terminar a faculdade - ele cursava economia em Londres.
          Enquanto isso, quem administrava o dia a dia era sua mãe, Helga Irmengard Jutta, brasileira, nascida na Alemanha. Ela teve que brigar na justiça pelo direito de tocar a Cerpa enquanto o filho não cumprisse os pré-requisitos previstos no estatuto. Em 2003, em meio a um processo de divórcio, Karl ficou doente e teve de se afastar do cotidiano da empresa. Mas não concordou em passar o bastão para a esposa. Por cinco anos, a Cerpa foi administrada por funcionários. Em 2008, ano do "sumiço" de Seibel, a Justiça concedeu a Helga o direito de tocar a Cerpa mesmo não sendo dona do negócio.
          Em meio a esse enredo rocambolesco, a Cerpa parou de investir. Olhando a situação em 2013, a fábrica não passava por uma grande reforma desde o fim dos anos 1990. Algumas máquinas tinham mais de 20 anos de uso, o que exigia que seus operadores gastassem dez dias por mês com a manutenção. A Cerpa também fez apostas equivocadas. Em 2003, deixou de vender latinhas e lançou uma garrafa de plástico. Seibel acreditava que as embalagens PET teriam espaço no mercado de cerveja, como aconteceu com os refrigerantes. Enquanto as concorrentes vendiam latinhas, a Cerpa foi ficando para trás. Para piorar, a companhia era investigada por financiamento ilegal de campanha eleitoral em um inquérito que começou em 2003 e por volta de 2012 chegou ao Superior Tribunal de Justiça. Em outra frente, a Cerpa acumulava uma enorme dívida com o governo do Pará.
          Na tentativa de profissionalizar a gestão, Helga trocou a diretoria em 2012. Trouxe ex-funcionários da Heineken e da SABMiller e negociou com bancos um empréstimo de 25 milhões de reais para fazer o maior investimento de sua história. Para conseguir caixa, firmou em 2010 um contrato para envasar cervejas da concorrente Ambev. Pelo acordo, ganhava 5,5 milhões de reais por mês, ou um terço da receita. As vendas, após o fundo do poço de 2008, quando esbarrou nos 4% de market share no estado do Pará, voltaram a crescer, atingindo 13% em 2012.
          E, como sobraram poucas opções no mercado, o avanço chamou a atenção de Ambev, Petrópolis, Heineken e dos fundos Tarpon, Pátria e Advent, que sondaram a família nos últimos meses de 2012 e início de 2013. Mas tinham que esperar até o herdeiro concluir seu curso superior ou completar 24 anos. 
          A Cerpa produz as cervejas Prime, Tijuca, Export, Draft e Gold. Fabrica também o refrigerante Cerpa e o energético Amazon Power Energy Drink (lançado em 2010).
          A empresa possui 420 funcionários diretos. Sua área industrial é superior a 400 mil metros quadrados, na Rodovia Arthur Bernarders, Tapanã, em Belém. A viúva Helga Seibel é a principal acionista da empresa.
          A distribuição da Cerpa está chegando à cidade de São Paulo a conta gotas. Um local onde é possível encontrá-la é na Casa London. No Superpercados Yaya, há Cerpa e Tijuca. No supermercado Federzoni, em Caieiras (SP), há vários rótulos, inclusive a Cerpa Tijuca. Mas, em Santa Catarina, por exemplo, é bem distribuída em supermercados e, aparentemente, quer mostrar presença no estado catarinense, que é forte em quantidade de fábricas de cervejas: está patrocinando relógios públicos na Avenida de Beira-Mar, em Florianópolis.
(Fonte: site da empresa / revista Nossa Economia - Pará / revista Exame - 20.03.2013 - partes)

5 comentários:

Antonieta Barros Neves disse...

Quando promover um churrasco, com certeza terá a cerveja cerpa.

Anônimo disse...

Onde encontro mais informações sobre a empresa? preciso para elaboração de um trabalho acadêmico!

Origem das Marcas disse...

Prezado (a) leitor (a)
Obrigado por nos prestigiar com sua leitura. Uma das alternativas talvez seja entrar em contato com a própria empresa, cujo endereço, constante em seu site, citamos baixo:

Contatos
Rod. Arthur Bernardes, 7699,
Km 7 – Tapanã
Belém – Pará
Telefone: (91) 3204-7272

Anônimo disse...

A Cerpa Prime - Puro Malte é uma das melhores cervejas que conheço.

Anônimo disse...

Boa tarde como e o processo de produção da cerveja?