A Samello foi fundada em 1926 por Miguel Sábio de Mello, que usou partes de seus sobrenomes para formar o nome da empresa. Miguel se aventurou com o filhos nos EUA no início da década de 1950, em busca de informações e tecnologia para aprimorar a fabricação de calçados em sua fábrica em Franca. Viajaram pela Panair com escalas em Belém e em Trinidad, no Caribe, até chegar a Nova York dois dias depois. Numa das viagens deixou os filhos Miguel Filho e Oswaldo em Boston onde deveriam passar três anos cursando uma faculdade de calçados. Na época, Boston era um dos grandes centros de calçados do mundo. A família era constituída por mais quatro filhos, dentre eles, Wilson e Wanderlei.
A produção inicial não passava de alguns pares feitos manualmente, mas a Samello chegou a empregar 2 mil funcionários na fabricação de 10 mil pares de calçados todos os dias. Em 1972 tornou-se a primeira empresa brasileira a exportar sapatos.
Por volta de 1993, a empresa, então como a maior fabricante nacional de calçados de couro masculino, estava numa situação relativamente confortável mas notou que precisava aprimorar seus processos internos. Wilson chamou a Andersen Consulting para a empreitada. No chão de fábrica, o ciclo da produção, que chegava a ser de 25 dias úteis, passou para apenas cinco. O estoque de calçados em produção também despencou, de 105.000 pares para 35.000 pares. Tais conquistas aplainaram o caminho para Wanderlei, irmão 11 anos mais novo que Wilson, que assumira a presidência da empresa em agosto de 1992. Também nessa época foi chamada a DM9, uma das mais conhecidas agências de publicidade do país, para rejuvenescer a marca. A terceira geração já fazia parte da empresa. Regina, filha de Wilson, era responsável na Samello pelo programa de qualidade. Além dos cinco acionistas, havia treze familiares com algum cargo na companhia. Sapatos Samello chegavam às lojas de outros países com seu couro gravado com grifes Gucci, Polo, Ralph Lauren e Saks.
Nos anos seguintes, porém, a Samello começou a apresentar maus resultados o que culminou,
em 2005, com a iniciativa da terceira geração de Sábio de Mello de iniciar o resgate da empresa em uma recuperação judicial. Os netos assumiram o compromisso de bancar a valorização do real, não aumentando o preço no meio do contrato. Os clientes externos eram responsáveis por 70% das vendas. O resultado foi a paralisação das máquinas, o fechamento de fábricas e a demissão de trabalhadores. A recuperação judicial evitou a falência mas foi necessário estancar a produção e renegociar a dívida. Não havia outra alternativa. A ideia da família era preservar o nome.
Com a liquidação das dívidas, em 2010, após a venda de boa parte do patrimônio da família, foi possível voltar a fazer planos e reiniciar a produção diária de calçados e contratação de funcionários. Durante a paralisação a Samello manteve a produção terceirizada de algumas centenas de pares por dia para atender a rede de franquias. A abertura de lojas monomarcas segue seu curso. "Apesar de tudo, a marca continuou. Temos um bom recall", avalia o diretor Tom Mello.
"Fomos criados dentro da fábrica. Somos envolvidos profissional e emocionalmente com ela. Por isso, recomeçar dá uma disposição para voltar a crescer gradualmente", diz Miguel Mello. Ruas, avenidas e bairros, em Franca, assinalados com o nome Sábio de Mello continuam preservados.
(Brasil Econômico - 14.04.2010 - parte)
A produção inicial não passava de alguns pares feitos manualmente, mas a Samello chegou a empregar 2 mil funcionários na fabricação de 10 mil pares de calçados todos os dias. Em 1972 tornou-se a primeira empresa brasileira a exportar sapatos.
Por volta de 1993, a empresa, então como a maior fabricante nacional de calçados de couro masculino, estava numa situação relativamente confortável mas notou que precisava aprimorar seus processos internos. Wilson chamou a Andersen Consulting para a empreitada. No chão de fábrica, o ciclo da produção, que chegava a ser de 25 dias úteis, passou para apenas cinco. O estoque de calçados em produção também despencou, de 105.000 pares para 35.000 pares. Tais conquistas aplainaram o caminho para Wanderlei, irmão 11 anos mais novo que Wilson, que assumira a presidência da empresa em agosto de 1992. Também nessa época foi chamada a DM9, uma das mais conhecidas agências de publicidade do país, para rejuvenescer a marca. A terceira geração já fazia parte da empresa. Regina, filha de Wilson, era responsável na Samello pelo programa de qualidade. Além dos cinco acionistas, havia treze familiares com algum cargo na companhia. Sapatos Samello chegavam às lojas de outros países com seu couro gravado com grifes Gucci, Polo, Ralph Lauren e Saks.
Nos anos seguintes, porém, a Samello começou a apresentar maus resultados o que culminou,
em 2005, com a iniciativa da terceira geração de Sábio de Mello de iniciar o resgate da empresa em uma recuperação judicial. Os netos assumiram o compromisso de bancar a valorização do real, não aumentando o preço no meio do contrato. Os clientes externos eram responsáveis por 70% das vendas. O resultado foi a paralisação das máquinas, o fechamento de fábricas e a demissão de trabalhadores. A recuperação judicial evitou a falência mas foi necessário estancar a produção e renegociar a dívida. Não havia outra alternativa. A ideia da família era preservar o nome.
Com a liquidação das dívidas, em 2010, após a venda de boa parte do patrimônio da família, foi possível voltar a fazer planos e reiniciar a produção diária de calçados e contratação de funcionários. Durante a paralisação a Samello manteve a produção terceirizada de algumas centenas de pares por dia para atender a rede de franquias. A abertura de lojas monomarcas segue seu curso. "Apesar de tudo, a marca continuou. Temos um bom recall", avalia o diretor Tom Mello.
"Fomos criados dentro da fábrica. Somos envolvidos profissional e emocionalmente com ela. Por isso, recomeçar dá uma disposição para voltar a crescer gradualmente", diz Miguel Mello. Ruas, avenidas e bairros, em Franca, assinalados com o nome Sábio de Mello continuam preservados.
(Brasil Econômico - 14.04.2010 - parte)
3 comentários:
Meu sonho quando jovem em BH MG era ter um sapato Samello, de preferencia um mocassim. BONS TEMPOS DE BH, E DO BRASIL..UMA DAS LOJAS FICAVA NA GALERIA DO OUVIDOR....
A marca era febre no Brasil dos anos 1980, com seu dockside Samello e mais tarde com o Bull Dog. Os jovens juntavam dinheiro da mesada para comprar os sapatos e ir ao cinema.
Sonhava ter um docksider e não tinha dinheiro nos anos 80 , agora em 2024 consegui realizar o meu sonho com um mocassim azul.Espero aínda poder conquistar outras cores ----------
Luiz Carlos, vitória do Espírito Santo, Brasil.
Postar um comentário