A Calçados Azaleia foi fundada em 1958, por Nestor de Paula, em Parobé, cidade próxima à Serra Gaúcha.
Em 1993, a empresa lança o tênis Olympikus que, em três anos, já respondia por 40% do faturamento que, em 1995, foi de 558 milhões de dólares.
Considerando números de meados de 1994, a Azaleia tinha 13 mil funcionários, 12 mil distribuidores e estimados 80 mil balconistas vendendo seus pares de calçado. A produção diária girava em torno de 100 mil pares, 90% dos quais destinados ao mercado brasileiro.
A Azaleia tinha já em 1996 em seu linha de produção meias, agasalhos, calções, maiôs, camisetas, bolsas e bonés.
Em fins de 1999, a Azaléia instalou uma fábrica no Polo Calçadista da Bahia. A previsão era de alcançar, até 2002, a marca de 50 mil pares de calçados por dia. O anúncio da construção da fábrica fora feito em fins de novembro de 1996. Foi a terceira unidade da empresa no Nordeste - as outras estão localizadas na Paraíba e Sergipe - e faz parte do plano de investimento da Azaleia na linha esportiva.
De 2004 a 2006, Antonio Britto, ex-governador gaúcho e presidente da empresa, conduziu um duro - e muitas vezes impopular processo de reestruturação da Azaléia.
Tomando-se, porém, um panorama do final de 2006, então a maior fabricante de calçados femininos e tênis do país, a Azaléia era uma empresa com problemas de sobra para resolver. O maior deles - cuja solução definitiva era uma incógnita - era a brutal concorrência dos chineses. Com 27 fábricas em três estados, a Azaléia foi duramente atingida pela competição com fabricantes asiáticos, que derrubaram suas exportações e engoliram um bom pedaço de sua participação no mercado brasileiro.
No início de 2006, centenas de empregados foram demitidos no Rio Grande do Sul. Em novembro (de 2006), a empresa fechou uma fábrica em Sergipe e demitiu todos os 300 funcionários. Em meados de dezembro, veio outro golpe - talvez em decorrência de toda a crise. Antonio Britto deixou o cargo abruptamente. Segundo a empresa, ele havia avisado sobre a intenção de sair. "A fase de transição da Azaléia está concluída. Agora, cabe à empresa definir os próximos passos em termos de governança e profissionalização", disse Britto à revista Exame.
Mas, a situação estava longe de ser considerada tranquila, havia muito o que ser feito dentro da empresa. Executivos com trânsito nos bastidores da empresa afirmam que Britto, ao tentar conduzir a reestruturação num ritmo cada vez mais acelerado, entrou em rota de colisão com um dos controladores, Lauro Volkart, um dos primeiro funcionários da empresa, e então vice-presidente do conselho de administração e amigo íntimo do fundador, Nestor de Paula.
No final de sua gestão, Britto estava particularmente interessado em empreender amplo processo de terceirização da produção na China para recuperar a competitividade. Tal processo levaria, fatalmente, a mais demissões nas fábricas brasileiras. E foi aí que encontrou resistência dos acionistas. A ideia de Britto era fazer da empresa uma gestora de marcas, nos moldes do que acontece com a americana Nike. Mas, isso implicaria mudanças profundas que a empresa ainda não estaria preparada para fazer.
A Azaléia tinha uma cultura empresarial bastante peculiar. Dona de um faturamento de 1 bilhão de reais, a companhia ainda estava impregnada da personalidade carismática de Nestor de Paula, morto em 2004. A admiração ganhava ares de devoção na sede da empresa, em Parobé, onde sua sala tornou-se uma espécie de local de culto à sua memória - permanecia intocada - do mesmo jeito que ele a deixou da última vez. Da mesma forma, seus retratos continuavam pendurados pelas unidades da empresa. Paula centralizava todas as decisões relativas aos negócios e às estratégias da empresa e tinha como traço marcante o relacionamento quase paternal com os funcionários.
Quando contratou Britto, em 2003, seis meses antes de morrer de câncer, a empresa acumulava prejuízo e necessitava de um drástico processo de ajuste. Daí a decisão de atrair um celebridade da política. Ao assumir o posto, Britto era mais conhecido pelo temperamento enérgico e irascível que por suas aptidões empresariais - dirigir a Azaléia foi sua primeira experiência no comando de uma empresa privada.
Entre todos os acionistas da Azaleia, o principal defensor do velho estilo de gestão e opositor das mudanças era Volkart. Nestor de Paula teve três filhos - mas nenhum deles mostrou interesse em assumir cargos executivos na empresa. Volkart tinha dois filhos que trabalhavam na Azaléia. O mais velho, Ramon, era gerente da Azaléia Internacional. Ronaldo, o caçula, trabalhava na área financeira.
Para substituir Britto, o conselho vai optar por um nome que promova o crescimento, mas preserve a cultura passada pelo fundador, que era o grande mentor do projeto Azaléia", disse o publicitário Antônio D'Alessandro, dono da DCS, agência que atendia a Azaléia, e designado porta-voz pela direção da empresa. Até lá, a empresa será dirigida pelo empresário Adelino Colombo, presidente do conselho de administração e dono da rede que leva o seu nome - que tornou-se notório por trombar com todos os executivos que contratou para modernizar seu próprio negócio.
Em meados de 2007, a empresa era fabricante dos produtos AZ, Dijean, Funny, Opanka e Olympikus. Produzia 45 milhões de pares de sapatos por ano e empregava 14 mil funcionários. De toda a produção, 18% eram exportados para mais de 80 países.
Em 12 de julho de 2007, a Azaleia é vendida para a Vulcabras, por meio de sua subsidiária Vulcabras do Nordeste. A Vulcabras passou a deter 51,28% do capital total da Azaleia.
A Vulcabras foi fundada em 1952, em São Paulo, e era a distribuidora oficial da Reebok no Brasil. A Azaleia obteve receita líquida de R$ 791,58 milhões em 2006. A da Vulcabras foi de R$ 444,64 milhões.
(Fonte: revista Exame - 14.09.1994 / 25.09.1996 / 20.11.1996 / 17.11.1999 (anúncio publicitário) / 20.12.2006 / jornal Folha de S.Paulo - 13.07.2007)
De 2004 a 2006, Antonio Britto, ex-governador gaúcho e presidente da empresa, conduziu um duro - e muitas vezes impopular processo de reestruturação da Azaléia.
Tomando-se, porém, um panorama do final de 2006, então a maior fabricante de calçados femininos e tênis do país, a Azaléia era uma empresa com problemas de sobra para resolver. O maior deles - cuja solução definitiva era uma incógnita - era a brutal concorrência dos chineses. Com 27 fábricas em três estados, a Azaléia foi duramente atingida pela competição com fabricantes asiáticos, que derrubaram suas exportações e engoliram um bom pedaço de sua participação no mercado brasileiro.
No início de 2006, centenas de empregados foram demitidos no Rio Grande do Sul. Em novembro (de 2006), a empresa fechou uma fábrica em Sergipe e demitiu todos os 300 funcionários. Em meados de dezembro, veio outro golpe - talvez em decorrência de toda a crise. Antonio Britto deixou o cargo abruptamente. Segundo a empresa, ele havia avisado sobre a intenção de sair. "A fase de transição da Azaléia está concluída. Agora, cabe à empresa definir os próximos passos em termos de governança e profissionalização", disse Britto à revista Exame.
Mas, a situação estava longe de ser considerada tranquila, havia muito o que ser feito dentro da empresa. Executivos com trânsito nos bastidores da empresa afirmam que Britto, ao tentar conduzir a reestruturação num ritmo cada vez mais acelerado, entrou em rota de colisão com um dos controladores, Lauro Volkart, um dos primeiro funcionários da empresa, e então vice-presidente do conselho de administração e amigo íntimo do fundador, Nestor de Paula.
No final de sua gestão, Britto estava particularmente interessado em empreender amplo processo de terceirização da produção na China para recuperar a competitividade. Tal processo levaria, fatalmente, a mais demissões nas fábricas brasileiras. E foi aí que encontrou resistência dos acionistas. A ideia de Britto era fazer da empresa uma gestora de marcas, nos moldes do que acontece com a americana Nike. Mas, isso implicaria mudanças profundas que a empresa ainda não estaria preparada para fazer.
A Azaléia tinha uma cultura empresarial bastante peculiar. Dona de um faturamento de 1 bilhão de reais, a companhia ainda estava impregnada da personalidade carismática de Nestor de Paula, morto em 2004. A admiração ganhava ares de devoção na sede da empresa, em Parobé, onde sua sala tornou-se uma espécie de local de culto à sua memória - permanecia intocada - do mesmo jeito que ele a deixou da última vez. Da mesma forma, seus retratos continuavam pendurados pelas unidades da empresa. Paula centralizava todas as decisões relativas aos negócios e às estratégias da empresa e tinha como traço marcante o relacionamento quase paternal com os funcionários.
Quando contratou Britto, em 2003, seis meses antes de morrer de câncer, a empresa acumulava prejuízo e necessitava de um drástico processo de ajuste. Daí a decisão de atrair um celebridade da política. Ao assumir o posto, Britto era mais conhecido pelo temperamento enérgico e irascível que por suas aptidões empresariais - dirigir a Azaléia foi sua primeira experiência no comando de uma empresa privada.
Entre todos os acionistas da Azaleia, o principal defensor do velho estilo de gestão e opositor das mudanças era Volkart. Nestor de Paula teve três filhos - mas nenhum deles mostrou interesse em assumir cargos executivos na empresa. Volkart tinha dois filhos que trabalhavam na Azaléia. O mais velho, Ramon, era gerente da Azaléia Internacional. Ronaldo, o caçula, trabalhava na área financeira.
Para substituir Britto, o conselho vai optar por um nome que promova o crescimento, mas preserve a cultura passada pelo fundador, que era o grande mentor do projeto Azaléia", disse o publicitário Antônio D'Alessandro, dono da DCS, agência que atendia a Azaléia, e designado porta-voz pela direção da empresa. Até lá, a empresa será dirigida pelo empresário Adelino Colombo, presidente do conselho de administração e dono da rede que leva o seu nome - que tornou-se notório por trombar com todos os executivos que contratou para modernizar seu próprio negócio.
Em meados de 2007, a empresa era fabricante dos produtos AZ, Dijean, Funny, Opanka e Olympikus. Produzia 45 milhões de pares de sapatos por ano e empregava 14 mil funcionários. De toda a produção, 18% eram exportados para mais de 80 países.
Em 12 de julho de 2007, a Azaleia é vendida para a Vulcabras, por meio de sua subsidiária Vulcabras do Nordeste. A Vulcabras passou a deter 51,28% do capital total da Azaleia.
A Vulcabras foi fundada em 1952, em São Paulo, e era a distribuidora oficial da Reebok no Brasil. A Azaleia obteve receita líquida de R$ 791,58 milhões em 2006. A da Vulcabras foi de R$ 444,64 milhões.
(Fonte: revista Exame - 14.09.1994 / 25.09.1996 / 20.11.1996 / 17.11.1999 (anúncio publicitário) / 20.12.2006 / jornal Folha de S.Paulo - 13.07.2007)
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