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31 de out. de 2011

Avipal

          O veterinário chinês Shan Ban Chun e seu irmão, o engenheiro mecânico Shen Ban Yuen, filhos de um industrial de Xangai que abandonou a China pera fugir do comunismo, deixaram seu país nos anos 1950 para tentar a sorte em São Paulo.
          Em 1959, um grupo de chineses que mora em Porto Alegre convidou-os para participar da criação de um abatedouro de frangos. Assim nasceu a Avipal - Avícola Portoalegrense.
          Em meados dos anos 1990, a Avipal ensaiou sua entrada no mercado de produtos industrializados. Num movimento inesperado, a empresa, então a quinta do ranking, tentou comprar a Perdigão. Atolada em dívidas, a Perdigão estava a ponto de ser desmontada. A Perdigão passara por maus momentos. Logo no início da década de 1990, Saul Brandalise, um dos fundadores da Perdigão, morre em Videira. Um ano depois, em 1992, Angelo Ponzoni, o outro fundador, morre no Rio de Janeiro. Em agosto de 1994, depois de grande expectativa no mercado, a Perdigão foi adquirida por um conjunto de fundos de pensão de empresas estatais que assume o controle acionário, encerrando o ciclo familiar.
          Em fevereiro de 2001, a Avipal conseguiu seu primeiro contrato de exportação para o Oriente Médio, região tradicionalmente abastecida pelas concorrentes Sadia e Perdigão.
          Considerando setembro de 2004, a Avipal era um grupo de 8.300 funcionários com negócios na avicultura e no setor de laticínios, que faturava 2,1 bilhões de reais anualmente.
          Em meados de 2004, sua marca de leite longa-vida, a Elegê, assumiu a liderança no mercado brasileiro, à frente de empresas tradicionais, como a Paulista e a Parmalat. No mercado de frango, a Avipal concorria com a Sadia e Perdigão.
          Nessa época, então aos 74 anos, Chun estava passando por aquele momento típico dos homens de negócio que chegam à terceira idade à frente de uma grande empresa - planejar a continuidade dos negócios. Em meados de 2003 ele contratou a consultoria Galeazzi & Associados com o "objetivo de profissionalizar a gestão e garantir uma sucessão tranquila", segundo Galeazzi.
          Muitas empresas costumam recorrer a esse tipo de ajuda quando estão em dificuldades, Não era esse o caso da Avipal. Em 45 anos de história, o grupo dirigido por Chun teve apenas um e pequeno prejuízo em 2002. Na busca por mais espaço, a Elegê recebeu uma ajuda involuntária  com a crise que quase tirou de circulação - por um período - os produtos da multinacional italiana Parmalat. Nos meses de abril e maio de 2004, de acordo com a Nielsen, a Elegê obteve 11,7% do mercado de leite longa-vida, tornando-se líder do mercado. Além do leite de caixinha, a Elegê também dava nome a uma linha de laticínios que incluía leite em pó, queijos e leite condensado.
          Além da Avipal, Chun tem participação em diversos negócios particulares, que incluem seis filiais de um restaurante em Porto Alegre, uma concessionária GM, uma corretora de seguros e uma financeira. Seus três filhos participavam do conselho de administração da Avipal. Segundo pessoas próximas à família, nenhum deles tinha sido ainda escolhido como seu substituto.
          A sucessão da Avipal, portanto, continuava indefinida. Tratava-se de uma questão que podia ter um desfecho inesperado para a companhia: alguém fazer uma oferta pela Avipal, redefinindo todo o jogo nesse mercado.
          Mais tarde, a Avipal passou a chamar-se Eleva e foi comprada pela Perdigão, que anos antes era alvo da própria Avipal.
(Fonte: revista Exame - 18.04.2001 / 15.09.2004 - parte)

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