A empresa firmou com a Marinha do Brasil, em 2019, um contrato de fornecimento de subsistemas do projeto de míssil Mansup. A empresa tem fornecido os sistemas de navegação, controle e telemetria para o desenvolvimento do míssil naval – que é uma espécie de versão nacional do francês Exocet (que ficou conhecido pelo seu uso na Guerra das Malvinas) e do americano Harpoon (utilizado na atual guerra entre Ucrânia e Rússia).
Apesar de ser uma empresa fundada apenas em 2015, a Siatt carrega projetos que vêm de muitos anos no processo de desenvolvimento do setor de defesa nacional. Os fundadores da Siatt eram sócios da Mectron, que surgiu em 1991 e foi uma das principais companhias do setor e do polo tecnológico do Vale do Paraíba, antes de ser vendida para a Odebrecht em 2011. Além da Mectron e da Embraer, o setores de defesa e aeroespacial também contam, entre as suas maiores empresas, com a Avibras, também sediada em São José dos Campos e que pediu recuperação judicial em 2022.
A empresa opera atualmente dentro do Parque de Inovação Tecnológica de São José dos Campos e participa do desenvolvimento de dois mísseis nacionais. Um deles é o míssil naval Mansup (sigla para Míssil Antinavio Nacional de Superfície). O outro é o MSS, utilizado em terra contra veículos blindados. Ambos estão entre os mais importantes projetos do setor no país atualmente, ao lado do cargueiro C-390 Millenium, da Embraer, que avançou com uma série de novos contratos de venda em 2023.
A empresa teve, em setembro de 2023, pouco menos de metade do seu capital comprado, por valor não revelado, pelo Edge Group, estatal de defesa e tecnologia dos Emirados Árabes Unidos.
Uma carta de intenções para o fornecimento de mísseis foi assinada em novembro de 2023 entre a Siatt e as Forças Armadas dos Emirados Árabes Unidos.
Em fins de janeiro de 2024, a Siatt anunciou que irá investir R$ 3 bilhões na montagem de uma fábrica com 7 mil metros quadrados, próxima à Rodovia Dutra, em São José dos Campos (SP), para a produção de armamentos de alta complexidade. O investimento bilionário no projeto dos mísseis foi anunciado nos Emirados Árabes Unidos em meados de janeiro de 2024, com a presença do CEO Rogério Salvador.
Em fins de janeiro de 2024, a Siatt anunciou que irá investir R$ 3 bilhões na montagem de uma fábrica com 7 mil metros quadrados, próxima à Rodovia Dutra, em São José dos Campos (SP), para a produção de armamentos de alta complexidade. O investimento bilionário no projeto dos mísseis foi anunciado nos Emirados Árabes Unidos em meados de janeiro de 2024, com a presença do CEO Rogério Salvador.
Com o aporte de capital do Edge Group no projeto, a expectativa é de que haja novas encomendas para esse e outros projetos da Siatt. Um primeiro passo foi a assinatura, em novembro, pelas Forças Armadas dos Emirados Árabes Unidos, de uma carta de intenções para a compra de uma versão de alcance estendido do Mansup, além da versão de curto alcance, num contrato que pode movimentar US$ 300 milhões (R$ 1,47 bilhão). “A versão atual, com alcance maior, é desenvolvida para atender às necessidades de combate marítimo moderno”, diz Salvador. O número de unidades encomendadas é uma informação sigilosa, segundo os contratos da empresa com as Forças Armadas brasileira e do país árabe. “A presença do Edge na Siatt, com certeza, facilita a abertura de mercados. A negociação entre governos é mais simples e, além disso, teremos mais acesso a linhas de financiamento para a operação e a garantias bancárias”, diz. “O mercado interno brasileiro não é suficiente para manter a indústria mobilizada. Para manter as operações, precisamos contar com encomendas externas, apesar de que, antes de tudo, precisamos da chamada do operador local, para encomendas que atendam ao próprio País.”
Com a nova fábrica, a expectativa da Siatt é dobrar o quadro de funcionários, para 200 pessoas, e com isso também estimular a criação de cerca de 600 empregos indiretos. O projeto do Mansup remete a 2011, quando foi encomendado a um consórcio envolvendo Avibras, Mectron, Omnisys e Atech. Mas a Mectron foi vendida naquele ano para a Odebrecht (atual Novonor), que constituiu uma divisão de defesa. No entanto, com os escândalos de corrupção investigados pela Operação Lava Jato, a divisão foi abandonada pela Odebrecht. Em 2015, a Siatt foi criada para levar adiante os projetos que a Mectron abandonara e evitar a perda do conhecimento e da tecnologia por ela desenvolvidos. O CEO da Siatt era um dos sócios da Mectron, ao lado de quatro outros empresários, que se uniram mais uma vez para fundar a nova empresa, recuperando os ativos de propriedade intelectual, equipamentos, laboratórios e estoques, além de recompor as equipes, da Mectron. “O caso da Siatt é emblemático. Ela representa um esforço hercúleo, não apenas de desenvolver o projeto, mas também de manter competência tecnológica no Brasil, algo que não se aprende do dia para a noite”, diz o professor especializado no setor de defesa e aeroespacial Marcos Barbieri, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “O Edge traz as duas coisas com que estamos com deficiência por aqui: recursos financeiros e encomendas. Isso simboliza um problema da indústria brasileira. O investimento na Siatt foi um ótimo negócio para o grupo.”
(Fonte: Estadão - 28.01.2024)
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