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31 de out. de 2011

Arezzo

          Existem dois tipos de empresas no setor calçadista brasileiro. O primeiro grupo é composto por companhias que fabricam produtos cujo principal atrativo é o preço. No segundo pelotão, despontam aquelas que possuem uma marca forte e que se transformaram no objeto do desejo de uma parcela significativa dos consumidores. É exatamente nessa última categoria que se enquadra a mineira Arezzo.
          A empresa foi fundada em 1972, pelo empresário Anderson Birman, em Belo Horizonte, criando uma pequena sapataria. A rigor, a origem se deu quando Birman, na época com 18 anos, e seu irmão Jefferson, de 21, começaram a usar um galpão para fabricar sapatos e fundaram a empresa. O nome veio após uma pesquisa aleatória de cidades no mapa da Itália. Arezzo fica na província do mesmo nome, na região da Toscana.
          Quatro anos depois, em 1976, nascia o filho Alexandre, que cresceu dentro da fábrica. Anos mais tarde, em 1995, com a Arezzo em dificuldades, Alexandre contou com a ajudada do pai para fundar, aos 19 anos, sua própria marca de sapatos femininos, a Schultz. Nos 12 anos seguintes, pai e filho concorreram em com o outro, até que em 2007, decidiram se unir novamente. Começou ali uma era de ouro para a Arezzo que, nos sete anos seguintes quintuplicou de tamanho. 
          Três décadas e meia depois da criação da empresa, em 2007, o início de um processo de abertura de capital deu-se com o ingresso do Tarpon Investment Group, baseado em São Paulo, como investidor. No final de 2007, o fundo comprou 25% do capital da empresa. O negócio teve como desdobramento a fusão das operações da Schultz, rede de calçados mais sofisticada comandada por Alexandre, com as da Arezzo. Isso explica o salto de 92,1% verificado na receita naquele ano, em relação a 2006.
          Em 2 de fevereiro de 2011, a Arezzo deu mais um passo rumo ao fortalecimento do negócio com o início da negociação das ações na BM&FBovespa. Obteve R$ 477,7 milhões que usou em investimentos na empresa.
          Por ocasião da abertura de capital, a empresa já tinha franquias em mais de 30 países, como Estados Unidos, França e China.
          Em 2012 a Tarpon vende sua participação na Arezzo, embolsando R$ 435 milhões. A gestora havia aplicado pouco mais de R$ 76 milhões no negócio em 2008.
          Em março de 2013, Anderson Birman passou o bastão para o filho e ex-concorrente Alexandre, que assumiu o comando da empresa.
          Os sapatos, cintos e bolsas da Arezzo são produzidos em 90 fábricas, entre parceiras e licenciadas. À equipe comandada por Birman e Alexandre, cabe a tarefa de planejar as ações de marketing e cuidar do design das peças.
          Não existe empresa de sapatos como a Arezzo. Alexandre Birman alimenta sua obsessão criando modelos num ritmo alucinado. Mais de 300 pessoas trabalham no centro de inovação da empresa (dados do início de 2014), em Campo Bom, cidadezinha gaúcha a 60 quilômetros de Porto Alegre. Das pranchetas, saem 1.000 novos modelos de sapatos femininos por mês. Birman coordena pessoalmente a triagem e escolhe os cerca de 170 modelos que chegam às prateleiras.
          Em outubro de 2019, a Arezzo faz acordo com a Vans, Inc. e passará a ser distribuidora exclusiva de calçados, vestuário e acessórios da marca em território brasileiro. O acordo foi fechado com a VF do Brasil, subsidiária da administradora americana de marcas VF Corporation, que representa a marca Vans no Brasil. O prazo inicial é de cinco anos a partir de 1º de janeiro de 2020.
          A marca Owme, grife de calçados lançada pelo Grupo Arezzo&Co. em meados de 2018, mudou de nome. Em agosto de 2019, ela passa a se chamar Alme e também amplia seu mix de produto, incluindo diferentes tipos de bolsas em suas coleções. Sobre a mudança de nome, a empresa diz que “o conceito inicial, inspirado nas palavras em inglês, “own” e “me”, que, juntas, expressam a atitude de “ser dona de si mesma”, evoluiu do individual para o coletivo. Em referência ao termo “all“, que significa todos em inglês, surgiu ALME. O novo nome traz também a conexão dos conceitos ‘alma’ e ‘ame'”.
          Em 23 de outubro de 2020, a Arezzo anunciou a celebração de acordo para a aquisição do grupo de moda carioca Reserva, em negócio em que a Reserva foi avaliada em R$ 715 milhões. O acordo prevê um aumento de capital da Vamoquevamo, que tem participação na Tífere, dona da marca Reserva, com a Arezzo subscrevendo a totalidade das ações emitidas.
          “A operação insere-se na estratégia da companhia de complementar seus negócios no setor de moda e varejo, ampliar sua oferta de produtos e expandir seu portfólio de marcas buscando consolidar-se como uma house of brands, com a inclusão no portfólio do grupo Arezzo&Co (mediante a efetivação da Operação) das marcas Reserva, Reserva Mini, Oficina Reserva, Reserva Go, INK e EVA”, destacou a Arezzo em comunicado ao mercado.
          Dos R$ 715 milhões pagos pela Arezzo, R$ 225 milhões são em dinheiro e o restante em ações. Os atuais acionistas da Reserva ficarão com 8,7% da Arezzo&Co, que, em 22 de outubro de 2020, valia R$ 4,8 bilhões na B3.
          Mediante a efetivação da operação, o atual sócio fundador, Rony Meisler, e os executivos e sócios minoritários da Reserva, Fernando Sigal, Jayme Nigri e José Alberto da Silva, continuarão a atuar na qualidade de administradores da Reserva e estarão envolvidos no desenvolvimento pretendido pela empresa por meio da “AR&Co”, braço exclusivo de vestuário e lifestyle do grupo Arezzo&Co.
          Com a implementação da operação, além de calçados e bolsas, o grupo Arezzo&Co passará a comercializar itens de moda masculina, feminina e infantil, incluindo roupas e acessórios, vislumbrando-se possibilidade de ampliação de 3,5 vezes o mercado endereçável da empresa.
          Em 20 de novembro de 2020, a Arezzo adquiriu 75% do capital social da startup de tecnologia Troc, uma plataforma de revenda de artigos usados com foco em marcas premium, em que o vendedor envia as peças pelos Correios e, após a venda das peças, a startup ganha um percentual. O valor da transação não foi divulgado e deverá passar por aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). De acordo com a equipe da Inversa Financial, a aquisição da Troc, em conjunto com o lançamento do marketplace de ZZ Malle, e a recente aquisição da Reserva transformam a companhia em um ecossistema completo de moda. 
          A Arezzo tem em seu portfólio as marcas de moda Arezzo, Alexandre Birman (criada em 2009), Schultz, Anacapri (criada em 2008), Fiever, Alme (antiga Owme) e Vans.
          Em 11 de junho de 2021, a Arezzo&Co deu mais um passo para ampliar sua fatia no segmento de vestuário. Com marcas líderes no setor calçadista como Arezzo, Schultz e Anacapri, a companhia confirmou a compra da Baw, uma marca de roupas streetwear [moda urbana] e nativa digital, com sede no bairro paulistano do Bom Retiro, região tradicional de confecções. A informação havia sido antecipada pelo site “Brazil Journal”. O valor total da aquisição da Baw é de R$ 105 milhões, que pode ser acrescido de R$ 10 milhões caso métricas de desempenho sejam alcançadas. No ato, R$ 35 milhões são pagos em dinheiro. Em ações serão R$ 50 milhões e, após cinco anos, outra parcela de R$ 20 milhões será paga em dinheiro.
          Em 14 de julho de 2021, a Arezzo&Co anunciou que adquiriu a marca MyShoes, que negocia calçados e bolsas femininas para públicos das classes B e C+, além de ter firmado parceria com o Mercado Livre para comercialização e distribuição destes produtos.
          Em 10 de agosto de 2021, por meio de sua subsidiária ZZAB Comércio de Calçados, a Arezzo informa que adquiriu a totalidade das cotas do capital social da Baw Clothing Indústria e Comércio de Vestuários. A transação passa dos R$ 100 milhões e dependeu da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa do Consumidor, Cade.
          Na manhã do dia 30 de novembro de 2021, o grupo Arezzo&Co anunciou a compra da marca de luxo Carol Bassi, criada por Anna Carolina Bassi, por R$ 180 milhões - valor que pode chegar a R$ 220 milhões se as metas de desempenho forem cumpridas até 2025. O pagamento da operação será  parcelado, a maior parte em dinheiro e também em ações. A aquisição soma-se à primeira coleção da Schultz, uma das principais marcas de calçados do grupo, e aos primeiros itens da Reserva, marca de moda masculina adquirida no último trimestre de 2020.
          A marca Carol Bassi foi criada pela estilista paulista em 2014, dentro da loja da empresa de sua família, Guaraná Brasil. No momento do negócio (novembro de 2021) eram duas lojas, em São Paulo (Shopping Cidade Jardim) e no Rio de Janeiro, e presença em 90 pontos multimarcas em mais de 20 estados.
          A Arezzo &Co divulgou em 17 de janeiro de 2023 que fechou acordo para comprar a fabricante gaúcha de calçados femininos Vicenza. A marca fundada por Rafaela Furlanetto e seu pai, Ariovaldo Furlanetto, foi avaliada em R$ 173 milhões, dos quais 60% serão pagos à vista e 40% em ações – com venda de ações restrita por até quatro anos em diferentes etapas.
          Os Birman têm 45,84% do capital da Arezzo. Em maio de 2023 foi formalizada a doação de ações ordinárias de Anderson Birman, fundador da Arezzo &Co, a seus filhos Alexandre, Patrícia, Allan, André e Augusto. O fundador detinha 28,1% de participação na companhia.
          Atualmente (novembro de 2023) a holding engloba 14 marcas: Arezzo, Anacapri, Schutz, Alexandre Birman, Alme, Brizza, Carol Bassi, Reserva, Oficina, Simples, BAW, Vicenza, Paris Texas e TROC.
          A Arezzo e o Grupo Soma confirmaram em 5 de fevereiro de 2024, a fusão entre as duas companhias. A operação será realizada por meio da incorporação do Grupo Soma pela Arezzo&Co. Os acionistas da Arezzo&Co serão titulares de 54% de participação e os do Grupo Soma de 46%. A nova denominação da companhia resultante ainda será definida. Com a fusão, a companhia terá faturamento próximo de R$ 12 bilhões, com 34 marcas e mais de 2 mil lojas, próprias e franquias.
          A proposta da administração da  Arezzo, a ser votada em assembleia geral extraordinária (AGE), em 18 de junho, informa que o novo nome da empresa, após a fusão com o grupo Soma, será Azzas 2154. O nome já consta no estatuto social anexado à proposta da AGE. O código na B3 será “AZZA3”.
O número é uma referência ao ano de 2.154, uma provocação frequente do acionista da Arezzo, Anderson Birman, da família controladora, ao citar planos para a perpetuidade do grupo. O Soma deve ser incorporado pela companhia dentro do plano de união dos negócios, que será levado para a assembleia de acionistas no mês que vem. Com a fusão, a companhia terá faturamento próximo de R$ 12 bilhões, com 34 marcas e mais de 2 mil lojas, próprias e franquias. Os acionistas da Arezzo&Co serão titulares de 54% de participação e os do Grupo Soma de 46%. Apesar de ser uma fusão de iguais, na proposta de incorporação, os acionistas de Soma ganharão mais 0,12 ação da Arezzo&Co para preservar a relação de troca de 54% da Arezzo por 46% da Soma prevista na data de anúncio da combinação.
          Em 18 de junho de 2024, os acionistas da Arezzo &CO e do Grupo Soam aprovaram, em assembleias gerais extraordinárias (AGE), a incorporação do Grupo Soma pela Arezzo, o que na prática resultará na extinção do Grupo Soma e na continuidade da Arezzo, que passará a ser chamada de “Azzas 2154”. 31/07/2024 o último dia de negociações da SOMA3 e 01/08/2024 o início da negociação das ações da Arezzo&Co sob ticker AZZA3. Em 05/08/2024 haverá o crédito das ações AZZA3 aos acionistas Grupo SOMA.
(Fonte: revista IstoÉDinheiro - 09.02.2011 / Exame - 22.01.2014 / jornal Valor - 20.02.2018 / FFW - 14.08.2019 / Reuters-UOL - 02.10.2019 / Valor - 03.10.2019 / InfoMoney - 23.10.2020 / ElevenFinancial - 23.11.2020 / Valor - 11.06.2021 / 14.07.2021 / 04.11.2021 30.11.2021 / 17.01.2023 / 18.05.2023 / Estadão - 07.11.2023 / Valor - 05.02.2023 / 21.05.2024 / 19.06.2024 / Fundamentei - 22.06.2024 - partes)
ec - Loja da Arezzo que investe em aquisições no mercado de vestuário Foto: Divulgação — Foto: Divulgação/Agência O Globo
Loja da Arezzo Foto: Divulgação — Foto: Divulgação/Agência O Globo

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